Madame Bovary - Gustave Flaubert
>> segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
FLAUBERT, Gustave. Madame Bovary. São Paulo: Abril, 1981.262p.
Muitas vezes, dum belo dia o calor
Faz que as moças sonhem com o amor.
Madame Bovary de Gustave Flaubert foi o livro que eu escolhi para o Desafio Literário 2010 – mês de janeiro. Fugi um pouco do tema do mês de janeiro “romance de banca”; apesar de ter lido vários alguns anos atrás, os livrinhos água com açúcar não fazem muito meu estilo, então com autorização da Vivi troquei para uma das edições de bolso encontradas nas bancas.
Sinopse: Publicado pela primeira vez em 1857, 'Madame Bovary' apresentou uma nova perspectiva do romance literário e da estética, e trouxe à sociedade francesa do século XIX uma nova visão sobre a figura feminina. Trouxe à mulher a possibilidade de se destacar numa sociedade que assistia ao nascimento dos princípios democráticos. Além disso, Flaubert estimulou inúmeros estudiosos a refletirem sobre as questões expostas no livro, como o suicídio, a histeria, o adultério, o desenvolvimento do capitalismo e a emancipação feminina. (Fonte: Livraria da Travessa)
O livro conta a vida da jovem Emma, bela e instruída, que após a morte de sua mãe, sai do colégio interno onde vivia e volta para o campo com o pai. Emma é jovem, inteligente e cheia de sonhos para o futuro. Ela sonha com o amor, com viagens, festas e dinheiro, sonha em se destacar na sociedade burguesa da época. Emma conhece Carlos, um jovem médico que vai a fazenda cuidar de seu pai e quando Carlos fica viúvo, eles se casam.
Carlos é um médico provinciano que leva uma vida simples e correta. É completamente apaixonado pela esposa e faz tudo que estiver ao seu alcance para vê-la feliz. Emma com a convivência do casamento perde todo o encanto pelo marido, começa a vê-lo como um médico medíocre e sem futuro, com conversas enfadonhas e carícias sem graça. Apaixonada pelos romances açucarados ela deseja um amor avassalador e poético e quando não o encontra torna-se infeliz e depressiva com a vida que leva.
O marido Carlos de nada desconfia, e vive para cuidar da bela e gentil esposa e para a filha do casal. Buscando fugir do marasmo em que vive, Emma busca em outros homens o amor e a paixão perdida. Em romances tórridos e avassaladores, ela se entrega e se apaixona, desejando mudar de vida e abandonar o marido. Nas loucuras de suas paixões e de seus caprichos contraí dívidas monstruosas que põe em risco o bem estar da família e caminha para um final trágico.
A obra não é das mais fáceis de ler, o vocabulário é difícil e a descrição das cenas são muito minuciosas. A construção da história é magnífica, levando-se em consideração a sociedade da época. Numa época em que as mulheres ainda estavam proibidas de expressar sentimentos e desejos e eram criadas e educadas para serem apenas esposas, mães e donas-de-casa; a protagonista buscou na música e nos romances uma forma de realizar os seus sonhos.
Emma Bovary é uma personagem que desperta amor e ódio. Me vi torcendo pelo sucesso da protagonista, pela realização de seus sonhos de amor e felicidade. Por outro lado, Emma é egoísta e imatura, a maneira como ela engana o marido e ainda pior se endivida sem pensar em sua filha e no futuro da família é angustiante.
Um romance magnífico e muito bem construído, apesar de dificuldades durante a leitura, eu adorei o livro. Não tive aqui pretensões de analisar Flaubert e sua obra e estilo literário, não tenho conhecimento para tanto; mais sim de passar um pouquinho do que achei deste livro, espero que tenham gostado.
"Ela não podia acreditar que as coisas pudessem surgir sempre iguais em lugares diferentes; e, uma vez que a parte já vivida fora má, tinha esperanças de que a que lhe restava viver havia de ser melhor."
"Ela, porém, fremia de desejos, de raiva, de ódio. Aquele vestido de pregas simples escondia um coração revoltado, e aqueles lábios tão pudicos nada revelavam do seu íntimo tormento."
Curiosidades:
- Na edição que li o personagem se chama Carlos, mais vi em várias sinopses ele sendo chamado de Charles, alguém sabe dizer qual é o certo?