A enfermeira - Tess Gerritsen

GERRITSEN, Tess. A enfermeira. Rio de Janeiro: Editora Record, 2024. 336p. (Rizzoli & Isles, v.13). Título original: Listen To Me.

"Quando olho pela janela da minha sala escura, vejo a mesma fileira de casas que sempre esteve ali, a mesma rua onde moro há quarenta anos. Mas esta noite tudo parece diferente, como se eu tivesse adentrado um universo paralelo e agora visse o irmão gêmeo mau do meu antigo bairro. Um bairro onde cada casa, cada família esconde um segredo.

Tranco a porta. Apenas por precaução." p. 76

Eu amo a série Rizzoli & Isles, Tess Gerritsen é uma das minhas autoras favoritas de ficção policial. E depois de muitos anos sem nenhum lançamento, finalmente saiu o 13º volume.  Confiram o que achei de A enfermeira!

A série acompanha a vida da Detetive Jane Rizzoli e da legista Maura Isles, duas mulheres que estão sempre enfrentando desafios pessoais e profissionais. Em cada livro elas investigam um mistério diferente e a autora é bem versátil quando se trata de crimes e investigações. Porém desde O cirurgião, o primeiro livro, elas já passaram por muita coisa e evoluíram muito, por isso acho interessante que os livros sejam sempre lidos na ordem.

A enfermeira Sofia Suarez era uma viúva muito querida por todos os que a conheciam. Trabalhava há muitos anos no mesmo hospital, não tinha nenhuma desavença. Quando ela é encontrada assassinada em sua casa, a detetive Jane Rizzoli e seu parceiro, Barry Frost, assumem o caso. A legista Maura Isles é encarregada na necropsia, Sofia foi assassinada brutalmente com um martelo, a arma do crime continua desaparecida. Da casa foi levado seu celular e notebook, mas outras coisas foram deixadas de lado, então Jane não acredita na teoria de um assalto. Eles descobrem que Sofia estava pesquisando algo do passado, mas não têm ideia do quê, nem de quem teria um motivo para matá-la.

Jane descobre que o assassinato pode ter alguma ligação com a filha de um médico que trabalhava com Sofia. Amy foi atropelada ao sair da faculdade, o responsável fugiu sem prestar socorro. A moça se recuperou, mas um homem estranho se aproxima dela no enterro de Sofia e foge ao ver a polícia se aproximando.

Enquanto isso, Angela Rizzoli, mãe de Jane, não para de ligar para a filha para relatar problemas na sua vizinhança. Como o desaparecimento de uma adolescente que mora em sua rua, mas que a polícia não deu muita atenção porque a jovem já fugiu de casa outras vezes. E os estranhos vizinhos que mudam para a casa em frente, mas que estão sempre com as cortinas fechadas e colocaram grade em tudo. Angela tem certeza de que aquilo não pode ser mera coincidência e está convencida de que, desta vez, há um criminoso de verdade nas redondezas. Mas ninguém leva a sério o que uma mulher mais velha fala e Jane acredita que tudo é fruto de sua imaginação.

O que Jane nem imagina, é que deveria dar mais ouvidos às preocupações da mãe...

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Diferente dos livros anteriores, este aqui fica um pouco mais leve e divertido com as confusões de Angela que quer saber tudo o que acontece em seu bairro e vai pessoalmente investigar, deixando Jane doida. Os dois últimos livros têm um enredo menos intrincado, gosto mais dos livros antigos da série.

Angela rouba todas as cenas! Adoro a mãe de Jane, ela é muito engraçada e uma ótima personagem. Uma mulher que foi traída e abandonada pelo marido, mas reconstruiu a vida, arrumou um namorado, tem amigos e ama cozinhar. Fiquei o livro todo morrendo de medo de acontecer algo com ela, que se mete em tudo e não escuta Jane. E Jane, casada, com uma filha, a loucura do trabalho e acaba dando pouca atenção para a mãe. Maura anda bem apagada nos livros, uma pena. Esse romance dela com um padre é bem sem graça e fica à margem da história.

O enredo foi interessante com várias coisas acontecendo ao mesmo tempo, mas matei fácil parte da charada. Mas só desconfiei do culpado mesmo quase no final, então me surpreendeu parcialmente. [ALERTA DE SPOILER] Desconfiei que Amy era filha biológica da professora assassinada no passado. Mas não entendi como acabou sendo criada por Julianne. Não desconfiei dela até quase no final. Até porque Amy tinha lembranças dela bem nova e do pai abusivo de quem fugiram. No final, Julianne tinha perdido uma filha quase da mesma idade e o marido mata a professora e rouba Amy pra ela. Ela foge dele, leva a filha e acaba se casando novamente com o médico. Como Amy tinha um tipo raro de sangue e uma cicatriz de uma cirurgia que fez criança, a enfermeira descobre que ela não era filha biológica do médico e Julianne, e começa a investigar o passado e entra em contato com o pai biológico de Amy. [FIM DOS SPOILERS] 

Eu gostei mais do mistério dos vizinhos de Angela do que tudo hahaha, me diverti muito com as partes narradas por ela. Não sei quando teremos mais um livro, mas amo as personagens.

Quem leu me conte se curtiu, leiam! Essa é uma das minhas séries favoritas da vida. 

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Série Rizzoli&Isles  

In: http://www.tessgerritsen.com 

1. O cirurgião (The surgeon) 
2. O dominador (The apprentice) 
3. O pecador (The sinner) 
4. Dublê de corpo (Body Double) 
5. Desaparecidas (Vanish) 
6. O Clube Mefisto (The Mephisto Club) 
7. Relíquias (The keepsake) 
8. Gélido (Ice cold) 
9. A garota silenciosa (The silent girl) 
10. A última vítima (Last to die) 
11. O predador (Die again) 
12. Segredo de sangue (I know a secret)
13. A enfermeira (Listen to me)

Avaliação (1 a 5):

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Coração de tinta - Cornelia Funke

FUNKE, Cornelia. Coração de tinta. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2006. 456p. (Mundo de tinta, v.1). Título original: Tintenherz.

"Por que só lhe ocorriam histórias sobre o medo enquanto Capricórnio a observava? Para ela, sempre fora tão fácil se transportar para outros lugares, entrar na pele de animais e pessoas que existiam apenas no papel! Por que não naquele momento? Porque ela estava com medo. Porque o medo mata tudo, Mo lhe dissera um dia, 'a razão, o coração e até mesmo a fantasia." p. 115

A escritora alemã Cornelia Funke é referência quando falamos sobre literatura fantástica, principalmente voltada ao público jovem. Essa trilogia é bem antiga, mas acabou ficando parado na estane. Confiram o que achei do primeiro volume com Coração de tinta!

Meggie tem 12 anos e perdeu a mãe tão cedo que mal se lembra dela, foi criada pelo pai, Mo, um livreiro e restaurador de livros. Como o pai, ama os livros e devora histórias. Meggie sempre achou estranho o fato do pai nunca querer ler em voz alta para ela, apesar de ambos amarem tanto o mundo das histórias. Até que um dia, a visita de um estranho desconhecido faz com que ela comece a entender tudo. 

Ela descobre que Mo tem uma estranha e incontrolável habilidade; ao ler em voz alta, as palavras tomam vida em sua boca, e coisas e seres da história surgem no mundo real instantaneamente. Só que ao mesmo tempo, pessoas ou animais do mundo real são enviados por dentro do livro. E Mo, ou "Língua Encantada" como ele ficou conhecido, não tem nenhum controle quanto ao que vai sair do livro, ou quem vai entrar.  Numa noite há muitos anos atrás, quando Meggie era ainda bem pequena, Mo trouxe à vida alguns personagens de um livro chamado "Coração De Tinta", ao mesmo tempo que perdeu seu grande amor. 

Um dos personagens que saiu do livro é Capricórnio, vilão cruel e sem misericórdia, que não fez questão de voltar para dentro da história de onde tinha vindo e montou seu próprio bando de ladrões e assassinos em uma vila distante. Neste local ele aterroriza, chantageia, rouba e mata. E aumenta seu domínio. 

Depois disso, Mo fugiu com a filha, e vive escondido sem nunca mais ler em voz alta. Até que é encontrado por outro personagem do livro, Dedo Encantado, alguém capaz de qualquer coisa para voltar para dentro da sua história. Ele está sempre com Gwin, uma marta com chifres, também saída do livro, que o acompanha para todos os lugares. É assim que ele fica sabendo que Capricórnio tem planos para ele, e para se esconder viaja para a casa de Elinor, tia de Meggie, e colecionadora de livros. 

Eles terão que enfrentar grandes perigos para conseguir escapar, contando com a ajuda improvável de um senhor, Fenoglio, o escritor do livro em questão. 

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Esse era um dos "não lidos" mais antigos da minha estante, e finalmente saiu da fila. Ultimamente leio muito pouca fantasia, ainda mais YA, enjoei um pouco do gênero e perdi aquele encantamento. Então eu não amei a leitura, mas a narrativa da Cornelia é sempre excelente e a mitologia é muito diferente e interessante. 

Um mundo saído das páginas dos livros... algo que todo leitor sempre sonharia, certo? Mas e quando isso não pode ser controlado, e do livro só saíram os piores vilões? O atordoamento dos personagens ao serem atirados em outro mundo, tudo o que eles deixaram para trás, tudo é muito interessante e belamente construído. A trama toda é muito legal!

Já os personagens, para mim deixaram a desejar. Embora seja um livro voltado ao público jovem e de boa parte ser narrada por Meggie, uma criança de apenas 12 anos, achei a maioria dos personagens muito inocente e sem maldade. Mo mesmo, o pai de Meggie, não é possível ser tão bobo assim hehehe. Fiquei esperando eles aprenderem, tomarem medidas mais drásticas para combaterem o mal e nada... eles conseguem cair na mesma armadilha mais de uma vez. Elinor só reclama, Mo é incapaz de pensar em um plano, e a pobre da Meggie é bem bobinha também (convenhamos, Harry Potter tinha a mesma idade quando tudo começou hahaha). 

Então eu não me empolguei muito com a trama e os personagens, mas achei o desenvolvimento muito bom e gostei de como terminou. Principalmente porque é uma trilogia, mas achei o livro bem finalizado, a trama desse volume termina aqui. E foi até bom, porque, sinceramente, não sei se animo a comprar os outros dois para terminar rsrs. [ALERTA DE SPOILERS] No final, Meggie aprende a ler como o pai e a tirar personagens dos livros. Sequestrada novamente, juntamente com Fenoglio, Capricórnio exige que ela tire do livro o pior vilão, um aliado seu na história onde vivia. Mas o autor escreve um final diferente, e Meg lê as novas páginas, fazendo com que o Sombra venha, mas mate todos os assassinos. Basta, um dos piores do bando, escapa já que não matava diretamente, o que achei meio sem sentido. Com isso os vilões são destruídos e os que sobram fogem. Eles descobrem que a mãe de Meg já tinha saído do livro e estava lá, mas que tinha perdido sua voz. Eles vão embora juntos pra casa de Elinor, junto com alguns personagens dos livros que preferiram ir com eles. Dedo encantado rouba o último exemplar do livro e foge. Fenoglio fica preso dentro do livro. [FIM DOS SPOILERS.

Quem leu me conta se curtiu! 

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Trilogia Mundo de Tinta:

1. Coração de tinta (Tintenherz)
2. Sangue de tinta ( Inkspell)
3. Morte de tinta ( Inkdeath)

Avaliação (1 a 5): 3.5

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O burnout - Sophie Kinsella

KINSELLA, Sophie. O burnout. Rio de Janeiro: Editora Record, 2024. 364p. Título original: The burnout.

"- É verdade que você fugiu do escritório e deu de cara com uma parede?

- Ah, isso - digo, me sentindo meio envergonhada. - Não foi tão feio assim...

- Você teve que ir para o hospital?

- Bom, sabe como é. Foi por precaução.

- Você preferiu ser freira a trabalhar com a Zoose?" p. 285

Eu estava com tanta saudade dos chick-lits da Sophie Kinsella no melhor estilo "vergonha alheia"! Eu amo a autora, mas seus livros têm mudado um pouco com o passar dos anos e o que eu mais gosto são essas protagonistas engraçadas, estilo Becky Bloom, que a gente ama e nos faz gargalhar alto! Digo isso, confiram o que achei do último livro da autora lançado no Brasil, O burnout.

Sasha Worth trabalha como diretora de promoções especiais na Zoose, um aplicativo de viagens que vem fazendo muito sucesso. Mas para Sasha já deu! Ela vem sofrendo com o excesso de trabalho, com a ausência de funcionários e a rotina esmagadora. A verdade é que ela vem deixando toda a sua vida de lado para trabalhar, e sente que faz isso dia e noite, sem descanso.

Ela tem calafrios e tremores só de pensar em responder mais um e-mail urgente ou em conversar com a diretora de empoderamento e bem-estar. Ela nem lembra a última vez em que conversou com alguém sem ser do trabalho, sair é algo impossível. Sexo? É tanto esforço só para esfregar uma genital na outra... Preparar um jantar? Vai sujar tanta louça, fazer tanta lambança, ela não consegue nem ter tempo para escolher onde jantar. Ela só pede a mesma coisa, no mesmo lugar, e leva para casa todos os dias. 

Desesperada, tenta falar com o diretor da empresa, mas é barrada por uma funcionária que insiste para que ela fale do que precisa. Sasha finge que vai ao banheiro, sai correndo dali e um acidente acontece. Depois de hospitalizada, ela é forçada a tirar uma licença para "se recuperar". Ela é diagnosticada com burnout, e com a ajuda da mãe viaja para o litoral, a mesma cidade onde passou várias férias na infância. Na época seu pai ainda era vivo e a vida era muito mais fácil. Rilston Bay é um paraíso com lindas praias, aulas de surf e um hotel famoso. 

Ao chegar, Sasha se depara com o hotel caindo aos pedaços, e com uma pequena equipe desesperada para agradar. Apesar do vento frio e do tempo nada convidativo, ela resolve que vai encarar aquilo positivamente. Ela tem um aplicativo de Bem Estar, uma lista com 20 passos para uma vida mais saudável e pretende cumprir!  

E para piorar ela conhece Finn Birchall, um hóspede mal humorado que parece ter também muitos problemas no trabalho. Por mais que Sasha tente seguir seu programa e ignorar tudo ao seu redor, ela e Finn parecem ter mais em comum do que ela gostaria. 

E suas férias inusitadas, começam a tomar um rumo bem diferente...

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Como eu me diverti com essa leitura! Amei todos os personagens, as situações inusitadas e completamente sem noção, o romance leve, as piadas vergonha alheia. Gargalhei alto com esse livro, estava com muita saudade de chick-lits assim, tão despretensiosos e divertidos. Kinsella não errou a mão, diva da comédia!

Sasha é uma protagonista muito fofa. Uma mulher solteira, batalhadora, mas que acabou em uma situação de trabalho impossível de lidar. A autora aborda o burnout de uma forma leve e bem divertida, mas é um problema sério nas empresas em dias atuais.

"Burnout, em português, significa "esgotamento profissional" ou "síndrome do esgotamento profissional". É um estado de exaustão física, emocional e mental causado por estresse crônico e prolongado no trabalho."

As situações contadas por Sasha no início do livro são perturbadoras. E muitas vezes nem percebemos o quanto o trabalho afeta os outros aspectos da nossa vida. Quando você dorme pensando no trabalho, acorda pensando no trabalho, e passa o dia atolada de coisas pensando em como vai dar conta de tudo. Esse estresse é considerado comum, essa carga de trabalho também e muitas vezes nos sentimos mal ao não conseguir lidar com toda a pressão. A abordagem leve faz refletir e os acontecimentos são todos bem comuns. Nada estranho para mim, por exemplo. 

Além de Sasha temos Finn, bem mala no começo, mas que vamos passar a gostar quando o conhecermos melhor. A mãe de Sasha é uma comédia! Se passando por assistente pessoal da filha e pedindo as coisas mais esquisitas para os funcionários do hotel. E aquele hotel e os funcionários roubam todas as cenas! Um lugar caindo aos pedaços, uma hospedagem que tem tudo para ser terrível, e acaba se revelando um lugar tão especial, com pessoas completamente loucas hahaha, mas com boas intenções. 

A trama é leve e se desenvolve bem, o livro me prendeu do início ao fim. Achei o final meio corrido e queria mais do romance. Mas o final foi fofo, emocionante, e tem um epílogo bem legal. 

Eu adoro a autora e indico sempre, quem leu me conte se curtiu!

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Avaliação (1 a 5):

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Um corpo na biblioteca – Agatha Christie

CHRISTIE, Agatha. Um corpo na biblioteca. Rio de Janeiro: Editora HarperCollins Brasil, 2020. 192p. Título original: The body in the library.

"Como lhes falei, tenho uma mente muito desconfiada. Meu sobrinho Raymond diz (de brincadeira, claro, e de modo muito afetuoso) que minha mente é como uma bacia. Ele diz que a maioria dos vitorianos é assim. Tudo o que posso dizer é que os vitorianos sabem um bocado sobre a natureza humana." p. 182

Chegamos ao 43º livro do Projeto Agatha Christie e as resenhas dos livros anteriores, você encontra AQUI. Este mês temos mais um livro protagonizado pela Miss Marple, confiram o que achei de Um corpo na biblioteca!

Mrs. Bantry dormia tranquilamente quando foi acordada pela criada com uma informação inquietante, para dizer o mínimo. Um corpo tinha sido encontrado na biblioteca da casa! O Coronel Bantry mal pode acreditar, mas ao chegarem ao local se deparam com o corpo de uma moça jovem, desconhecida para eles, assassinada em sua biblioteca. A moça jovem foi estrangulada e a polícia logo é chamada.  

Sem confiar na polícia e preocupada com o que os vizinhos certamente irão falar... Mrs. Bantry chama sua amiga e vizinha, Miss Marple, já que Jane tem uma certa "curiosidade" por assassinatos, e já teve mais sucesso do que a polícia no passado.

O corpo da moça é identificado como sendo de Ruby Keene, uma dançarina do Hotel Majestic. Sua prima, Josephine Turner, identificou a jovem, que havia desaparecido do hotel na noite anterior, antes do seu último número de dança. Ninguém sabe o que aconteceu com ela, ela não conhecia os Bantry e, aparentemente, não existia motivo para a sua morte.  

Quando um segundo corpo é encontrado e a polícia não consegue fazer nenhuma conexão entre os crimes, cabe a  Miss Marple descobrir o culpado, antes que algum inocente pague pelo crime. 

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Eu adoro tanto a Miss Marple! É a minha personagem queridinha da Agatha, e esta é ainda sua terceira aparição no projeto. Ela aparece rapidamente em um livro que não é narrado por ela, e depois em um livro de contos. Ainda acho que aqui ela teve pouco destaque, não sei se isso muda nos próximos, espero que sim. 

Miss Marple rouba todas as cenas e as parte em que ela participa são muito divertidas. Ela sempre consegue encaixar qualquer acontecimento, por mais bizarro que seja, em um caso de algum vizinho ou conhecido. Ela sempre consegue achar uma ligação ou imaginar algo que vai acontecer porque assim são os seres humanos. Amo os exemplos todos que ela cita e em como ela deixa a polícia no chinelo sempre hehe. 

Os personagens secundários são interessantes e fiquei bem curiosa em descobrir quem assassinou Ruby e porquê. O motivo fica bem claro logo no início, só que os suspeitos todos possuem álibi e a história só se complica quando uma adolescente é encontrada morta, sem nenhuma ligação com Ruby.  

Eu achei o final corrido, mas adorei os desdobramentos. Eu matei parte da charada, mas errei o assassino. [ALERTA DE SPOILERS] Eu desconfiei que o tal Basil havia movido o corpo para a biblioteca do Coronel, só para sacanear, e por isso desconfiei dele. Por outro lado, estava claro que o motivo era dinheiro, e os únicos beneficiados com a morte de Ruby eram os dois herdeiros do Mrs. Jefferson. Mas os dois tinham álibi. Cheguei a achar também que era por causa da nora dele, aí seriam ou seu pretendente e amigo, ou o dançarino/treinador de tênis. Desconfiei de Josie no começo, mas deixei de lado por ela não ter motivo. No final era realmente Josie, juntamente com o ex-genro dele, porque eles tinham se casado e  perderiam a herança. O tal do Basil tinha realmente movido o corpo (que os assassinos colocaram na casa dele para acusá-lo), mas não tinha matado ninguém. [FIM DOS SPOILERS] Achei genial a forma como Miss Marple descobriu tudo, principalmente, sobre a ligação entre as duas moças. 

Eu amo a autora e estou adorando o projeto. Indico Agatha sempre, tanto para novos leitores do gênero, quanto para quem ama ficção policial, leiam!

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Série Miss Marple

0.5 Os treze problemas

1) Assassinato na Casa do Pastor (Murderat the Vicarage), 1930

1.5 The Regatta Mystery and Other Stories, 1939

2) Um Corpo na Biblioteca (The Body in the Library), 1942

3) A Mão Misteriosa (The Moving Finger), 1942

4) Convite para um Homicídio (A Murder Is Announced), 1950

4.5 Os Três Ratos Cegos e Outras Histórias (Three Blind Mice and Other Stories), 1950

5) Um Passe de Mágica (They Do It with Mirrors), 1952

6) Uma Porção de Centeio (A Pocket Full of Rye), 1953

7) A Testemunha Ocular do Crime (4.50 from Paddington), 1957

8) A Maldição do Espelho (The Mirror Crack'd from Side to Side), 1962

9) Mistério no Caribe (A Caribbean Mystery), 1964

10) O caso do Hotel Bertram (At Bertram's Hotel), 1965

11) Nêmesis (Nemesis), 1971

12) Um Crime Adormecido (Sleeping Murder), 1976

Avaliação (1 a 5): 

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Era uma vez uma impostora - Lorraine Heath

HEATH, Lorraine. Era uma vez uma impostora. Rio de Janeiro: Editora Harlequin, 2023. 304p. (Era uma vez um ducado, v.2). Título original: The Duchess Hunt.

"Então os dois ficaram olhando pela janela, como se de repente estivessem percorrendo um caminho que nunca haviam trilhado antes, sem terem certeza para onde ele levaria, ou mesmo se deveriam estar seguindo por ali." p.27

O segundo volume da Trilogia Era uma vez um ducado vai contar a história de Kingsland, o duque que foi abandonado no livro anterior, Era uma vez um renegado. Os livros se passam no mesmo universo da minha série queridinha da autora,  Sins of all seasons, e eu fico ansiosa querendo encontrar alguém da família Trewlove nas histórias hehe. Enfim, confiram o que achei do 2º livro da trilogia, Era uma vez uma impostora da Lorraine Heath. 

O Duque Kingsland herdou um "reino" falido de seu pai, e ao assumir o ducado trabalhou duro para recuperar as propriedades da família e ganhar muito dinheiro com investimentos. Ele trabalha duro e não tem tempo para certas frivolidades... como arranjar ele mesmo uma esposa. Mas ciente de suas "obrigações" e da necessidade de um herdeiro, ele precisa de uma esposa. 

Se não bastasse seu fracasso na temporada anterior (ver Era uma vez um renegado), ele publica um novo anúncio no jornal em busca da duquesa perfeita e incube sua assistente de escolher a mulher com quem vai se casar... isso mesmo!

"Se já existiu uma tarefa mais desagradável no mundo do que escolher uma mulher para se casar com o homem que você ama, Penelope Pettypeace com certeza desconhecia." p.7

Penelope Pettypeace, 28, trabalha para o Duque há mais de 8 anos, e é seu braço direito, tanto na administração da propriedade, quanto nos negócios. Mas, apaixonada secretamente por ele, está odiando sua nova missão, ler cartas, organizar um quadro com todas as características das moças e escolher uma noiva para o duque, no baile que será realizado em seis semanas. 

Penelope tem um passado desconhecido e um grande segredo, nada se sabe sobre seu passado antes daquele emprego. Ela tem seus motivos para esconder o que aconteceu, e o Duque se preocupa apenas com sua inteligência e competência. Ela sabe apenas, que depois que o Duque se casar ela precisa partir, e começar tudo novamente. 

Dedicada a cumprir sua tarefa, Penelope e o Duque se aproximam mais quando alguns problemas começam a acontecer. E ele que acreditava não ter coração, começa a perceber que a única mulher que quer ao seu lado, não poderá nunca ser sua duquesa. 

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Eu amo a narrativa da Lorraine Heath! Mesmo estando já meio enjoada do gênero romance de época, seus livros sempre me surpreendem. Ela foge do comum, cria enredos diferentes e personagens mais maduros e interessantes. Adorei a leitura, até agora este foi meu favorito da trilogia. 

O primeiro livro da foi mais introdutório, porque tinha toda a situação do passado de Griff e seus irmãos. Neste o romance foi muito bem desenvolvido e eu amei os protagonistas. Penelope é uma mulher inteligente, madura, calejada, dona de si mesma. Ela ama Kingsland, mas tenta deixar o sentimento de lado porque sabe que não tem futuro. Como sua assistente ela ganha bem, fez investimentos, tem seu futuro garantido mesmo que deixe o trabalho. Penelope teme o passado, mas é muito segura de quem é e do que deseja. 

Já Kingsland demora a enxergar o que está bem na sua cara, como a maioria dos mocinhos, mas me diverti com seu jeito implacável e objetivo, sem o menor interesse em cortejar uma dama para sua duquesa. Sem noção toda vida, mas ele vê em Penelope seu braço direito e a valoriza por isso, e acha que uma esposa é apenas mais uma obrigação a cumprir. 

O livro tem dois segredos que são mantidos quase até o final. Algo que o Duque fez no passado, e é um dos motivos dele achar que é incapaz de amar e que não tem coração. Algo que ele sempre temeu, mais até do que os abusos sofridos pelo pai, que descontava em seu irmão mais novo tudo o que ele fizesse de errado. E a identidade de Penelope e o porquê dela ter mudado de nome e apagado o passado. Os dois dramas não foram bobos como acontece muitas vezes nesses livros mais leves, adorei como tudo se desenvolveu.

E o final desse livro é muito amorzinho! Fazia tempo que um romance de época não me tocava assim. Depois de tantos enredos parecidos, essa história foi um verdadeiro respiro — com aquele toque de conto de fadas que aquece o coração. Foi lindo acompanhar a jornada desse casal e, especialmente, conhecer Penélope, uma protagonista encantadora e forte. Este é um daqueles livros que emociona, e que a gente termina com um sorriso no rosto e vontade de reler.

Agora já estou ansiosa para ler o último da trilogia. E tem uma outra trilogia no mesmo universo (The Chessmen: Masters of Seduction) que conta a história dos Enxadristas, um grupo do qual o Duque faz parte junto com seus três melhores amigos. Estou ansiosa para que lancem por aqui. 

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Trilogia Era uma vez um ducado (Once Upon a Dukedom):

1. Era uma vez um renegado (Scoundrel of My Heart)
2. Era uma vez uma impostora (The Duchess Hunt)
3. Era uma vez uma cortesã (The Return of the Duke).

Avaliação (1 a 5): 

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A lista de Schindler - Thomas Keneally

KENEALLY, Thomas. A lista de Schindler. 15 ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 2021. 424p. Título original: Schindler's List.

"Aquele que salva a vida de um homem salva a vida do mundo inteiro." p.52

A Lista de Schindler foi um filme que me marcou e emocionou muito quando assisti e sempre tive curiosidade de conhecer o livro. Considerado um clássico, o livro de Thomas Keneally narra o mais fielmente possível a vida do alemão Oskar Schindler que durante a Segunda Guerra Mundial salvou mais de 1.000 judeus da morte por extermínio em campos de concentração. A narrativa biográfica ganha ares de ficção em uma história fluída, emocionante e, claro, de partir o coração. 

Oskar Schindler (1908-1974) foi um industrial alemão, membro do Partido Nazista, que inicialmente visava apenas o lucro quando comprou uma fábrica em Cracóvia, na Polônia, e começou a produzir esmaltados para venda. A mão de obra judia era mais barata e muito lucrativa, mas com o avanço da Segunda Guerra Mundial e a criação, primeiro dos Guetos, depois dos Campos de Concentração, Oskar utilizou seus recursos e influência para proteger seus funcionários judeus, criando um ambiente seguro e fornecendo uma alimentação melhor para os seus funcionários "altamente especializados". 

"- Trabalhando aqui, vocês estarão a salvo. Se trabalharem aqui, irão até o final da guerra com vida." p.94

Quando começou a presenciar o nível de sadismo dos oficiais da SS, e assistiu do alto de um morro, a execução de judeus no gueto, inclusive mulheres e crianças, ele decidiu fazer o possível e impossível para salvar o máximo de judeus que conseguisse. Ele contratou funcionários independente de sua utilidade, construiu dormitórios em suas fábricas, subornou inúmeros soldados e políticos alemães para conseguir algumas regalias para seus empregados impedir execuções, conseguir transferências, o que pudesse conseguir no meio daquele caos. Oskar foi preso por duas vezes, sendo solto utilizando de suas influências e quanta propina pudesse pagar. 

Posteriormente, com o avanço da guerra e o fechamento dos Guetos, praticamente todos os judeus foram transferidos para Auschwitz e Bergen-Belsen. Eram colocados em trens com a roupa do corpo, sem água ou comida, e com a informação de que suas malas deveriam ser etiquetadas, pois seriam entregues depois... muitos deles, ao chegar, eram enviados diretamente para as câmaras de gás. O que no início parecia inacreditável, fazendo com que os próprios judeus acreditassem naquela "transferência", depois ficou claramente conhecido como uma sentença de morte.

"Todo oficial da SS tinha amigos que haviam se suicidado. Os compêndios de treinamento da SS, escritos para combater essas baixas absurdas, assinalavam a tolice de se acreditar que, pelo fato de o judeu não estar visivlmente armado, deixasse de possuir armas sociais, econômicas ou políticas. Na realidade, estava armado até os dentes. Fortaleçam-se, alertavam os compêndios, pois a criança judia é uma bomba-relógio cultural, a mulher judia uma biologia de traições, o homem jude um inimigo mais incontrolável do que nenhum russo poderia jamais ser." p. 179

Oskar, lutando contra o tempo, acabou criando o seu próprio campo de concentração em sua fábrica e continuou subornando oficiais nazistas para libertar judeus.  Quando tudo parecia perdido, ele consegue construir uma fábrica em Brněnec, na atual República Checa, e começa a tentar transferir todos os seus empregados e mais o máximo de judeus possível para lá. Para isso ele escreveu o que ficou conhecido como "A lista de Schindler". Fazer parte daquela lista, parecia ser a única forma de sobreviver. Muitos judeus ainda com alguma influência, conseguiram pagar alguém para ter seu nome na lista. Outros tiveram os nomes retirados e substituídos sem que Oskar chegasse a saber. Mais de 1.200 judeus fizeram parte daquela lista.  

Eles foram enviados por trens, passando por um ou outro campo de concentração e quase perdendo a vida no processo. Ao chegar, eles encontraram uma fábrica inativa; a nova fábrica de Schindler criada para fabricar armamentos indispensáveis para o esforço de guerra, na verdade, tinha dormitórios, enfermaria, e uma cozinha com um mingau nutritivo, feito pela esposa de Oskar, para recuperar os judeus que chegavam lá quase mortos depois da longa travessia.  Para muitos aquilo era inacreditável! 

Oskar foi um homem pouco ortodoxo. Por um lado, um marido infiel, um homem que durante a vida teve várias amantes e deu pouca atenção a Emilie Schindler. Sua esposa passou quase toda a guerra na Alemanha, mas reúne-se ao marido em Brněnec e foi pelos seus cuidados que muitos judeus conseguiram se recuperar e sobreviver. Oskar bebia demais, gastava demais, e terminou a guerra falido.

Após a Segunda Guerra Mundial, Oskar Schindler enfrentou dificuldades financeiras e pessoais. Ele foi obrigado a fugir da Alemanha com a esposa com a ajuda de um pequeno grupo de judeus. Eles viajam para evitar a prisão por sua associação com o Partido Nazista. Tentou reiniciar seus negócios, mas teve pouco sucesso, sendo sustentado, em parte, por judeus que ele havia salvo e por seus parentes. Mais tarde, imigrou para a Argentina, onde também teve problemas financeiros, voltando posteriormente à Alemanha. Schindler morreu em 1974 e foi sepultado em Jerusalém, no Cemitério Católico, homenageado por sua ação de salvar judeus durante o Holocausto.  

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O início da narrativa é lento, com inúmeras descrições e tantas pessoas que fica impossível decorar nomes e referências. São inúmeras reuniões, muitos contatos e negociações para Oskar enfim abrir sua primeira fábrica. Porém a narrativa fica cada vez mais triste e emocionante e prende o leitor até o final. Eu tive que parar de ler várias vezes porque é pesado, é triste, é de partir o coração. O livro me fez chorar de soluçar, mas terminei a leitura apaixonada pela obra, que livro incrível, que narrativa importante! 

Ler sobre o Holocausto, seja em narrativas biográficas ou ficcionais, é um exercício de memória e consciência. É recordar, constantemente, o quão devastador pode ser o preconceito levado ao extremo. É recusar o esquecimento do passado e se comprometer com um presente mais justo. Em tempos em que ideias intolerantes ganham espaço e julgamentos apressados são disfarçados de "opinião", torna-se ainda mais essencial sonhar com a igualdade e lutar ativamente por um mundo melhor.

Que livro triste e pesado. Já li muitos livros sobre o Holocausto, a maioria ficcional, mas nenhum havia me mostrado um retrato tão amplo e detalhado do que aconteceu com os judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Foram mais de seis milhões de judeus assassinados pelos nazistas — um número tão absurdo que chega a ser impossível de compreender por completo. Diante disso, o que Oskar fez pode até parecer um grão de areia no deserto, mas não há como ignorar o impacto de suas ações.

Oskar é uma figura complexa e contraditória — cheio de vícios, impulsos e fragilidades, mas também profundamente humano em sua coragem. Ele arriscou tudo para salvar o maior número possível de vidas, e isso por si só já o torna inesquecível. O fim da guerra, acompanhado dos depoimentos, dá um peso ainda maior à narrativa. Apesar do começo mais lento, o livro me tocou profundamente. Amei a forma como a história foi contada.

Um livro que dói, mas precisa ser lido. Que nos lembra do pior para que possamos escolher o melhor. Leiam. Por empatia, por memória, por humanidade.

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Avaliação (1 a 5):

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