Era uma vez um renegado - Lorraine Heath

HEATH, Lorraine. Era uma vez um renegado. Rio de Janeiro: Editora Harlequin, 2022. 256p. (Once Upon a Dukedom, v.1). Título original: Scoundrel of My Heart.

"Então lorde Griffith Stanwick, segundo filho, que nunca havia negado a si mesmo nada que queria, se afastou, dando as costas à única coisa que realmente desejara." p.88

A série Sins of all seasons é apaixonante, e a família Trewlove entrou para a minha lista de queridinhos dos romances de época. Lorraine Heath sempre surpreende trazendo tramas diferentes e incomuns para a época. A trilogia Once Upon a Dukedom, é introduzida no último volume da outra série, em A tentação do bastardo. E aqui temos finalmente a história de Griff, que tanto apareceu no outro livro. Confiram o que achei do primeiro volume da trilogia com Era uma vez um renegado.

Lorde Griffith Stanwick é o segundo filho do duque, considerado dispensável pelo pai e jogado ao ostracismo. Ele tem fama de mulherengo, vive nas casas de jogos e aparece bêbado com frequência. Aos 27 era solteiro, ainda não tinha conquistado ninguém, afinal, ele não tinha obrigação de dar continuidade ao título. Mas o que ninguém sabe, é que Griff usa os jogos de azar como um investimento, e quer juntar dinheiro o suficiente para abrir seu próprio clube, um lugar voltado aos "renegados", à aqueles que não possuem títulos, às mulheres solteiras, que já são consideradas velhas demais para participar das temporadas e das corridas para conseguir um marido. Ele despreza a nobreza, a forma que a sociedade trata as mulheres e as regras sociais preconceituosas. Ele tem dois irmãos, Marcus, o herdeiro, com quem tem pouca afinidade. E a irmã mais nova, Althea, que está noiva de um conde. 

Lady Kathryn Lambert tem 24 anos e já passou por algumas temporadas. Bela, inteligente e filha de um nobre, ela possui um belo dote e apenas se casando com um nobre, herda um chalé que pertenceu a sua avó, na praia, o lugar em que sonha morar pelo resto de sua vida. Como seu pai não teve filhos homens, um tio e  seu filho herdaram toda a fortuna da família. E eles não se importariam de cuidar dela, sua única solução é se casar, e com um nobre que possua um título! 

O duque de Kingsland é o novo solteiro mais cobiçado da cidade. Detentor de uma grande fortuna, ele trabalha muito para construir o legado da família. E ele não tem tempo para cortejar uma mulher, então decide publicar um anúncio em busca de uma esposa. E informa que selecionará a "felizarda" através de uma carta. E assim, todas as moças solteiras da sociedade, decidem escrever a melhor carta possível para o duque. 

Griffith conhece Kathryn desde sempre, ela é amiga de sua irmã desde criança. E apesar de nutrir um interesse grande por ela, sabe que ela não se casaria com ele, um segundo filho. E então decide ajudá-la a conseguir o que mais deseja, despertar o interesse do Duque. 

Sua vida muda bruscamente, quando seu pai é preso por traição à Coroa, e condenado à morte. Eles perdem o título, todas as propriedades e a fortuna da família. Ele some de Londres junto com o resto da família, e precisa lutar para sobreviver. Deixando para trás todos os seus sonhos. 

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Bom, boa parte desta história eu já conhecia. Como a outra série se passa antes, Althea é a mocinha em A tentação do bastardo. E lá ficamos sabendo tudo que aconteceu com ela e os irmãos após a morte do pai, como eles lutaram para sobreviver, para conseguir algum emprego e dinheiro para ter onde morar e comer. Então, a primeira parte da história aqui se passou de forma lenta para mim. Depois temos um salto temporal de um ano e a história chega no mesmo ponto em que já conhecemos, Griff de volta a Londres e Althea já casada com Fera. 

De toda forma o enredo todo é muito interessante, a família perdendo tudo, Griff e Marcus lutando para descobrir quem mais estava envolvido na conspiração que levou o pai a forca. E ele agora fora da nobreza, um homem que precisa trabalhar para sobreviver. Do outro lado, temos Kathryn, sendo cortejada pelo Duque e questionando todos os seus planos e sonhos. Afinal, isso era tudo o que ela sonhou, certo? Então porque não conseguia esquecer Griff?

O reencontro dos dois, depois de tudo o que aconteceu, foi sensacional. E eu gostei muito da forma como tudo se desenvolveu. Gostei do casal, mas esperava mais do romance em si, mesmo gostando muito dos dois protagonistas, achei a segunda parte do livro bem corrida, poderia ter mais páginas.  

O final me deixou curiosa para ler o segundo livro, que irá contar a história do Duque de Kingsland, e por último, teremos o livro do Marcus. O irmão que fugiu para tentar levar à justiça os outros envolvidos no atentado contra a Coroa. 

Mas confesso que o que mais gostei na história toda, foi ver um pouco da família Trewlove reunida, todos tão felizes e unidos. Amo esta família!

Bom, não foi um favorito da autora, mas gostei da leitura. Leiam!

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Trilogia Once Upon a Dukedom:

1. Era uma vez um renegado (Scoundrel of My Heart)
2. Era uma vez uma impostora (The Duchess Hunt)
3. Era uma vez uma cortesã (The Return of the Duke).

Avaliação (1 a 5): 3.5

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Psicopata americano - Bret Easton Ellis

ELLIS, Bret Easton. Psicopata Americano. Rio de Janeiro: Editora DarkSide Books, 2020. 432p. Título original: American Psycho.

"Não havia uma emoção clara e identificável em mim, exceto a ganância e, possivelmente, o desgosto completo. Eu tinha todas as características de um ser humano - carne, sangue, pelo, cabelo -, mas minha despersonalização era tão intensa, havia se aprofundado tanto, que a habilidade normal de sentir compaixão fora erradicada, vítima de um apagamento lento e cheio de propósito. Eu simplesmente estava imitando a realidade, uma semelhança tosca com um ser humano, com apenas um recanto mal iluminado da minha mente funcionando. Algo horrível estava acontecendo e eu ainda não conseguia entender o quê - ainda não podia tocar com meus dedos." p. 301

Publicado pela primeira vez em 1991, Psicopata Americano causou polêmicas no mercado editorial e quase não foi publicado. A quantidade de ameaças de morte recebidas pelo autor e o conteúdo extremamente pesado do livro, fez com que ele fosse recusado em editoras de vários países no mundo. Ele foi publicado embalado, proibido para menores de 18 anos e acusado de sadismo, violência extrema, pornografia e misoginía. Aos olhos de muitos, Bret Easton Ellis se tornou o verdadeiro psicopata americano. E é sobre esse livro, que vou falar hoje. 

Patrick Bateman é, aparentemente, o sonho de todas as moças solteiras de NY. Com apenas 27 anos ele é bonito, herdeiro de uma grande fortuna e tem um ótimo emprego em um conhecido banco de investimentos em Wall Street. No Upper West Side no final da década de 80, ele tinha uma vida repleta de festas, boates, jantares em bons restaurantes, tudo regado a muita bebida, cocaína e outros entorpecentes. Formado em Harvard, Bateman é muito inteligente e tem uma memória invejável. 

Além dos vícios acima,  ele também é viciado em roupas de grife e suas inúmeras combinações, em tratamentos estéticos, bronzeamento artificial, skincare e equipamentos eletrônicos. Procurado sempre pelos colegas para orientações de moda, está sempre por dentro dos novos e mais caros restaurantes da cidade. Ele mora em um prédio chique, inclusive, é vizinho do Tom Cruise. 

Por trás dessa fachada de normalidade e relacionamentos vazios, Patrick possui a mente e os desejos de um serial killer, ele despreza minorias, é misógino, odeia moradores de rua e possui profundo desprezo, bom, por todo mundo. 

Suas noites seriam apenas de farra, se não fosse os crimes hediondos que ele descreve com detalhes sórdidos. Sem razão aparente, sem um perfil de vítimas, ele mata indiscriminadamente, cada vez de forma mais aterrorizante. Ele tortura suas vítimas de formas grotescas, mata animais, mata até uma criança. Mendigos, mulheres, velhos conhecidos, ninguém está a salvo de sua psicopatia. 

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Essa está longe de ser uma história de serial killer, e foi uma leitura bem diferente do que imaginei, mesmo sabendo o quanto seria pesada e forte a história. Essa é uma crítica ao capitalismo exacerbado, aos valores corrompidos de uma sociedade que só pensa no presente, uma crítica ao consumismo exagerado e a uma vida apenas de aparências. 

A construção do personagem, embora muito maçante, não deixa de ser interessante. Porque no meio a inúmeras e cansativas repetições sobre roupas de marcas, estética de todos os personagens, hobbies e festas e afins, vemos a desumanização do personagem. Patrick é descrito como um homem misógino, preconceituoso, egoísta, materialista, xenófobo e narcisista. Ele é uma pessoa horrível, dos piores personagens que já tive o prazer de ler, e mesmo assim, é viciante acompanhar a narrativa de sua vida vazia. 

E como o livro é todo narrado por ele, só sabemos o que está acontecendo pelos seus pensamentos. Isso, para mim, enfraquece a narrativa porque muita coisa fica pouco crível, além de ser um livro grande e cansativo de se ler. As outras pessoas são todas descritas superficialmente, apenas pelo seu modo de vestir, e pela forma em que ele classifica as mulheres; que são basicamente um misto de peso, idade, tamanho da bunda e dos peitos. Misoginia a parte, é mais uma forma de demonstrar o quanto Patrick só enxerga as aparências. 

A trama se desenvolve com o crescimento da psicopatia do protagonista. Cada vez temos crimes mais cruéis, torturas mais grotescas e pessoas ainda mais inocentes morrendo. Eu achei o livro todo meio bizarro, e ficava sem entender, muitas vezes, se os crimes estavam realmente acontecendo ou era só na imaginação criativa dele. E nas suas alucinações a base de whisky, cocaína e medicamentos controlados. E isso foi deixando a narrativa pouco crível para mim, porque ou era tudo imaginação, ou não fazia o menor sentido ele não ter sido preso ainda, ou ser investigado. 

O livro foi adaptado ao cinema, muitas pessoas inclusive, afirmam que o filme é bem melhor que o livro. O filme foi adaptado em 2000, dirigido por Mary Harron e sendo estrelado por Christian Bale, no papel de Patrick Bateman. 

No geral eu esperava mais do livro, por ser tão comentado. As médias de notas não são tão altas, sendo: 3.8 no Skoob e 3.81 no Goodreads. Superando a narrativa descritiva, eu esperava muito mais do final depois de um livro tão grande e tudo fica muito aberto. Para quem gosta de finais fechados, é uma decepção! [ALERTA DE SPOILERS] O final deixa claro que muitas mortes só aconteceram na cabeça dele. Owen, um colega de trabalho, que ele descreveu vivamente como o assassinou, está vivo e bem, morando em Londres. Um morador de rua, que tinha um cachorro, que ele também descreve o assassinato, aparece novamente, porém o homem está cego dos dois olhos, e pela reação do cachorro assustada ao vê-lo e do medo do homem ao ouvir sua voz, ficou claro para mim que ele cegou o pobre do homem. No final ele é assaltado por um taxista, que afirma que ele matou uma pessoa e que tem um retrato falado dele no centro da cidade. Ele conta que a namorada está com medo porque uma vizinha foi morta e decapitada. Logo depois fala que tinha um cabeça na sua geladeira. E é isso, fica tudo assim não tão dito. E todas as outras mortas? Quais foram reais e quais foram alucinações? Não dá para saber, termina assim. [FIM DOS SPOILERS].

As descrições perturbadores de assassinatos, torturas e relações sexuais torna realmente esse livro não indico para menores de idade. Também não é um livro que eu indicaria para qualquer leitor, precisa ser forte para dar conta de 432 páginas que envolvem até canibalismo. Quem leu me conte o que achou!

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Avaliação (1 a 5):

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A bibliotecária de Auschwitz - Antonio G. Iturbe

ITURBE, Antonio G.. A bibliotecária de Auschwitz. Rio de Janeiro: Editora HarperCollins Brasil, 2017. 368p. Título original: La Bibliotecaria de Auschwitz.

"A primeira lição que qualquer veterano dá a um recém-chegado é a de que sempre se deve ter claro seu objetivo: sobreviver. Sobreviver mais umas horas e assim acumular mais um dia, que somado a outros poderá se transformar em mais uma semana. E assim sucessivamente; nunca fazer grandes planos, nunca ter grandes objetivos, apenas  sobreviver a cada momento. Viver é um verbo que só se conjuga no presente." p.22

Não importa quantos livros eu já tenha lido sobre o holocausto, cada novo livro é uma porrada que a gente leva. Cada nova descrição, cada nova morte, é meu coração ficando partido novamente. Foi uma raça que tentaram dizimar, crianças, idosos, trabalhadores. Uma população inteira sobre o jugo do nazismo. Esse livro tem uma narrativa cruel que chega a machucar, ao lado de Dita e seus livros, passamos mais de um ano "vivendo" em Auschwitz.  E por incrível que possa parecer, essa é uma história mais de esperança, do que de dor. É uma história de luta e de fé. Baseada na história real de Dita Polachova, uma adolescente incrível! Confiram minha opinião sobre A bibliotecária de Auschwitz do espanhol Antônio G. Iturbe. 

Auschwitz-Birkenau, janeiro de 1944

Alfred Hirsch conseguiu o que ninguém nunca imaginaria, ele fundou um galpão familiar no meio do campo de concentração e abriu uma escola! Durante mais de um ano, 521 crianças estudaram ali, e ele conseguiu manter todas elas vivas. A escola era tolerada pelos dirigentes nazistas e servia a um propósito, mostrar que os campos eram lugares funcionais e que as pessoas só estavam ali até o fim da guerra. E, claro, tentar mascarar todo o horror que acontecia do outro lado do campo, com as câmaras de gás em pleno funcionamento. O bloco 31 era um dos 32 barracões que compunham o campo BIIb.

Alguns voluntários trabalhavam como professores e davam o seu melhor para ensinar aquelas crianças a ler, fazer contas, e principalmente, esquecer por algumas horas o horror em que viviam. Todos viviam por mais um dia, por mais um mês, todos lutavam para sobreviver e rezavam pelo fim da guerra, por uma derrota dos alemães. Com material escasso, pouca comida, em um ambiente totalmente insalubre as perdas eram muitas. Mas eles faziam de tudo para cuidar daquelas crianças.

Edita Adlerova, mais conhecida como Dita, tinha 14 anos quando foi escolhida para ser a "bibliotecária" da escola. Eles tinham escondidos sob o piso do quarto de Hirsch, 8 livros, alguns praticamente ilegíveis, mas todos muito bem cuidados e valorizados. Dita trata com carinho e cuidado cada um deles, emprestando para os professores, e recolhendo e escondendo tudo no final das aulas. Entre ficção, um atlas antigo e um livro de matemática desatualizado, estavam oito tesouros.  Com o passar do tempo ela também implanta na sua biblioteca os "livros vivos" que nada mais eram do que voluntários que leram e releram algum livro amado e que podiam contar a história inteira para as crianças. 

"Não era uma biblioteca extensa. Na verdade, era formada por oito livros, e alguns deles em mau estado. Mas eram livros. Naquele lugar tão escuro em que a humanidade chegou a alcançar a própria sombra, a presença dos livros era um vestígio de tempos menos lúgubres, mais benignos, quando as palavras ressoavam mais do que as metralhadoras. Uma época extinta." p.36

Dita era uma daquelas pessoas que amavam o mundo dos livros, que podia se esconder em uma latrina fétida, no meio de um campo de concentração lamacento, e esquecer de tudo nas páginas de um livro. Para ela, os livros nunca perdiam a memória, e podiam transformar um punhado de folhas em um mundo inteiro! 

Quando não estava no bloco 31, ela dormia em um bloco familiar com seus pais. Uma cama e um colchão infestado de insetos, era usado por 2, às vezes 3 pessoas. Seu pai trabalhava em uma oficina, e estava sofrendo com uma tosse recorrente. Sua mãe tinha um trabalho um pouco mais leve, mas também estava pele e osso. Na escola eles às vezes tinham um pouco mais do que uma sopa aguada, onde, com sorte, você podia encontrar um pedaço de batata. E o pouco que ela conseguia, dividia com os pais. Comida ali, valia ouro. E o mercado paralelo corria à solta. 

Três meses depois de chegar em Auschwitz eles enfrentam outra provação, quando veem todas as famílias que tinham completado seis meses no local, sendo enviadas juntas para as câmaras de gás. Foram quase 4.000 pessoas em uma única noite. No outro dia, os sobreviventes viram cair do céu, as cinzas dos companheiros. Enquanto tentavam sobreviver naquele inferno, eles encontravam forças e coragem em um pouco de normalidade e na fé, acreditando no final da guerra e na libertação dos judeus. Os aliados eram um sonho distante, e cada dia parecia durar um mês. A fome era constante, as doenças matavam quase tanto quanto as câmaras de gás. Incapazes de sonhar com um futuro melhor, eles tentavam apenas sobreviver, mais um dia, mais uma semana... 

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Que soco no estômago esse livro! Mesmo para quem, como eu, já leu diversos livros sobre o holocausto e já sofreu e chorou com Anne Frank (que inclusive é rapidamente citada no final do livro, quando está em uma cama junto com a irmã em Bergen Belsen), este é um livro devastador. Ao mesmo tempo que parte o coração, a esperança daquelas pessoas no meio daquele inferno, é um sopro de fé no meio de tudo aquilo.  

Como disse no início, a história é baseada na história real de Dita e sua pequena biblioteca. Algumas das pessoas que viveram ali e que sobreviveram, são citadas no final do livro, contando sobre a vida delas depois do final da guerra. Alguns nomes são trocados durante a narrativa e são informados também no final.  Eu achei o início lento e um pouco cansativo, algumas partes eram apenas descrições e descrições, e eu não senti a emoção daquelas páginas, de tanta tristeza compartilhada. Mas a parte final do livro é completamente envolvente, e me vi parando de ler em alguns momentos, para me recuperar. Como chorei no final desse livro, e até agora, quando escrevo este texto, algumas partes me emocionam. 

Para uma bibliotecária, como eu, ler sobre a importância dos livros e sua capacidade de mudar a vida das pessoas, é sempre um prazer. Ler sobre o poder dos livros, em meio a tanta tristeza, foi inimaginável.  E isso é o que difere essa história de tantas outras que abordam o mesmo tema. Às vezes parecia surreal! De um lado uma escola funcional, com as crianças cantando e desenhando, e do outro pessoas chegando todos os dias e sendo divididas em dois grupos: Os saudáveis que podiam trabalhar iam para os galpões, os considerados velhos, doentes ou inaptos, iam direto para as câmaras de gás. 

E depois da noite em que 3.792 pessoas, que moravam lá com eles, são informadas que serão transferidas e, são todas enviadas para a morte, Dita já imagina que o mesmo acontecerá com ela e os outros sobreviventes, quando completarem 6 meses no campo. Você torce para que aquelas pessoas sobrevivam, pensa que falta "só" um ano para a guerra acabar, mas cada dia parece durar um mês. E quando os nazistas sabem que vão perder, sabem que os aliados estão chegando, o que eles fazem é começar a matar pessoas mais rápido para terminar o plano de extermínio de Hitler. Outro fato que causa muita revolta é que o tal médico, Dr. Josef Mengele, o mais fdp entre tantos fdp, consegue fugir no final da guerra e acaba vindo morar no BRASIL! Que ódiooo que fiquei ao ler sobre isso.  

Bom, essa é uma história inestimável e inesquecível, que indico para todos. Mas não é um livro para todos os leitores, exige força e maturidade, mas espero que vocês leiam em algum momento da vida...

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Avaliação (1 a 5): 4.5

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Morte no Nilo - Agatha Christie

CHRISTIE, Agatha. Morte no Nilo. Rio de Janeiro: Editora HarperCollins Brasil, 2020. 320p. Título original: Death on the Nile.

Morte no Nilo é o 34º livro do Projeto Agatha Christie. Estamos lendo 1 livro por mês da Rainha do Crime e eu estou adorando essa ideia, os livros anteriores você encontra AQUI. Esse é um dos livros mais famosos da autora, que inclusive foi adaptado ao cinema. Confiram o que achei!

O famoso detetive Hercule Poirot está em mais uma de suas viagens depois da aposentadoria. Ele está no Egito e conhece um grupo interessante de pessoas. Ele imediatamente fica por dentro de tudo o que está acontecendo no local, e teme que algo muito perigoso possa acontecer. 

Jacqueline Bellefort é uma mulher linda, inteligente e está apaixonada. Ela e o noivo também precisam de algum dinheiro para conseguir se casar. E é assim que ela procura sua amiga riquíssima, Linnet Ridgeway. Linnet é lindíssima, muito rica e tem tudo o que alguém pode sonhar. Ela e Jackie estudaram juntas e ela pede à amiga que dê um emprego a seu noivo, Simon Doyle. O que Jackie não imaginaria, era que Linnet fosse se apaixonar por Simon, e logo ele termina com ela e os dois se casam! Agora, Linnet Doyle, em lua de mel, viaja com o marido para o Egito. E Jackie quer se vingar, então simplesmente aparece em todos os lugares em que ele está. Viaja para lá também, faz os mesmos passeios e deixa Linnet uma pilha de nervos.  Ela pede ajuda de Poirot para tentar dar um jeito em Jackie, convencendo a moça a ir embora, ou chamando a polícia. 

Acontece que Jackie tem o direito de ir e vir para onde bem quiser, e não tem nada que Poirot possa fazer. Mesmo pressentindo uma situação perigosa, sabe que não pode evitá-la. 

O casamento de Linnet com um homem pobre e desconhecido deixou muita gente em polvorosa. No barco também está Mr. Pennington, advogado americano de Linnet, que sempre tem algum documento importante para que ela assine. E parece ficar muito preocupado quando ela diz que vai ler todos eles. O Coronel Race encontra Poirot por acaso na cidade, e também irá fazer a travessia. Ele procura um bandido disfarçado, um homem que pode ser qualquer passageiro disfarçado. 

Quando o grupo viaja para outra cidade, uma travessia pelo Nilo, um assassinato deixa todos do barco em polvorosa. 

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Agatha é sempre muito versátil, mas acho que este é um dos seus "formatos" preferidos. Temos Poirot investigando um crime que aconteceu em um local de acesso limitado, e a maioria dos passageiros do barco, acabam sendo suspeitos em algum momento. Eu amo as tramas da autora, e este foi um dos livros que mais gostei até agora. 

A trama é bem interessante, o crime mesmo só acontece na página 162, então eu já estava fazendo várias teorias de quem iria morrer, provavelmente Jackie ou Linnet. Ela por ser milionária e Jackie pelo ódio contra ela, o marido não parecia nada feliz com a situação. E quando o crime finalmente acontece, vários são suspeitos. E uma pessoa que não era nem um pouco suspeita, deu o que falar no meio da confusão. 

São muitos personagens e eu fiquei um pouco confusa com os sobrenomes em alguns momentos, era muita gente para guardar na memória. Mas os principais personagens se destacam. Gostei muito também das tramas paralelas, e da forma como Poirot sempre consegue influenciar algum romance no meio de tudo isso hehe. 

Outro fato interessante é o aparecimento do Coronel Race no barco. É um personagem recorrente que gosto muito, e ele e Poirot investigando juntos foi ótimo. Adoro ver as teorias sendo trocadas e Poirot escondendo o jogo, como sempre. 

Eu acertei tudo rs, quem matou, o motivo, e até sobre o roubo do colar de pérolas de Linnet, que acontece também no meio da confusão. E mesmo tendo matado as charadas, adorei as escolhas, trama muito bem elaborada. Só não gostei de um acontecimento do final, achei meio exagerado e novelesco demais. [ALERTA DE SPOILER] O colar de Linnet some e é substituído por uma falsificação exata, quando ela é assassinada. Como o colar falso, teria que ter sido feito bem antes, eu desconfiei de uma amiga dela que aparece no início do livro, Joanna, e que pede para pegar no colar. E ela era mesmo, em parceria com o Tim (eles eram primos) que tinham feito vários roubos de jóias em pessoas muito ricas. Ele confessa tudo, entrega o colar, e parece que nem vai ser acusado. E o assassinato foi o marido, Simon, que simula ter sido baleado na perna por Jackie (algo que os dois combinaram desde que Linnet se interessa por ele), corre até a cabine e mata a esposa. Enquanto isso Jackie (depois de supostamente ter atirado nele) é levada para sua cabine e sedada, estando com uma enfermeira e tendo um álibi irrefutável. Simon volta correndo pro vagão onde teria levado um tiro, atira na própria perna e joga a  arma no mar. Depois disso Jackie ainda mata a camareira, que teria visto Simon entrar lá correndo, e uma escritora, que teria visto ela entrar na cabine da camareira. O que não gostei do final, é que Jackie já sendo presa na saída do barco, consegue pegar uma arma e atirar em Simon e logo depois se matar. [FIM DOS SPOILERS]

Fiquei curiosa e fui assistir ao filme, espero que seja fiel ao enredo que foi ótimo. Adorei a leitura e indico sempre Agatha, mas este entrou nos meus favoritos da autora. Leiam!

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Série Hercule Poirot

1. O Misterioso Caso de Styles (The Mysterious Affair at Styles), 1920
2. Assassinato no campo de Golfe (The Murder onthe Links), 1923
3. Poirot Investiga (Poirot Investigates), 1924
4. O Assassinato de Roger Ackroyd (The Murder of Roger Ackroyd), 1926
5. Os Quatro Grandes (The Big Four), 1927
6. O Mistério do Trem Azul (The Mystery of the Blue Train), 1928
7. Café Preto (Black Coffee), 1930
8. A Casa do Penhasco (Peril at End House), 1932
9. Treze à Mesa (Lord Edgware Dies), 1933
10. Assassinato no Expresso do Oriente (Murder on the Orient Express), 1934
11. Tragédia em Três Atos (Three Act Tragedy), 1935
12. Morte nas Nuvens (Death in the Clouds), 1935
13. Os Crimes ABC (The A.B.C. Murders), 1936
14. Morte na Mesopotâmia (Murder in Mesopotamia), 1936
15. Cartas na Mesa (Cards on the Table), 1936
16. Assassinato no Beco (Murder in the Mews), 1937
17. Poirot Perde uma Cliente (Dumb Witness/Poirot Loses a Client), 1937
18. Morte no Nilo (Death on the Nile), 1937
19. Encontro com a Morte (Appointment with Death), 1938
20. O Natal de Poirot (Hercule Poirot’s Christmas), 1938
21. The Regatta Mystery and Other Stories, 1939 (Não lançado no Brasil)
22. Cipreste Triste (Sad Cypress), 1940
23. Uma Dose Mortal (One, Two, Buckle My Shoe), 1940
24. Morte na Praia (Evil Under the Sun), 1941
25. Os Cinco Porquinhos (Five Little Pigs), 1942
26. A Mansão Hollow (The Hollow), 1946
27. Os Trabalhos de Hércules (The Labours of Hercules), 1947
28. Testemunha de Acusação e Outras Histórias (The Witness for the Prosecution and Other
29. Stories), 1948
30. Seguindo a Correnteza (Taken at the Flood), 1948
31. Os Três Ratos Cegos e Outras Histórias (Three Blind Mice and Other Stories), 1950
32. Poirot Sempre Espera e Outras Histórias (The Under Dog and Other Stories), 1951
33. A Morte da Sra. McGinty (Mrs McGuinty’s Dead), 1952
34. Depois do Funeral (After the Funeral), 1953
35. Morte na Rua Hickory (Hickory Dickory Dock), 1955
36. A Extravagância do Morto (Dead Man’s Folly), 1956
37. Um Gato entre os Pombos (Cat Among the Pigeons), 1959
38. A Aventura do Pudim de Natal (The Adventure of the Christmas Pudding), 1960
39. Double Sin and Other Stories, 1961 (Não lançado no Brasil)
40. Os Relógios (The Clocks), 1963
41. A Terceira Moça (Third Girl), 1966
42. A Noite das Bruxas (Hallowe’en Party), 1969
43. Os elefantes não esquecem (Elephants Can Remember), 1972
44. Os Primeiros Casos de Poirot (Poirot’s Early Cases), 1974
45. Cai o Pano (Curtain), 1975

Avaliação (1 a 5): 4.5

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O leopardo - Jo Nesbø

NESBØ, Jo. O leopardo. 5ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 2018. 602p. (Harry Hole, v.8). Título original: (The leopard).

"O que é, onde está, aquilo que transforma alguém num assassino? É nato, está em algum gene, uma herança que algumas pessoas têm e outras não? Ou se desenvolve por necessidade, como forma de enfrentar o mundo, uma estratégia de sobrevivência, uma doença salvadora, loucura racional? Pois, assim como a doença é um bombardeio febril do corpo, a loucura é um retiro necessário a um lugar onde se pode retomar as forças." p.11

Saiu da fila mais um livro do Harry Hole, uma das minhas séries policiais favoritas. Com uma construção impecável, um pé no drama e uma trama policial complexa, confiram o que achei do 8º volume com O leopardo do Jo Nesbo.

A resenha pode conter spoilers dos livros anteriores. Fala sobre a vida pessoal do protagonista e muitos livros estão interligados. Sugiro que os livros sejam lidos NA ORDEM.

Harry Hole ficou de coração partido e se sentindo culpado, depois de tudo o que aconteceu com Rakel, o grande amor de sua vida, e seu filho Oleg, que considera Harry um pai para ele (ver Boneco de Neve). Depois que eles partem, sem contar para onde, Harry pede demissão da polícia, de novo, e se muda para Hong Kong. Lá ele se entrega à bebida, ao ópio e aos jogos de azar. Ele quer deixar tudo para trás, e não se importa nem um pouco com sua própria vida. 

Em Oslo, um novo serial killer parece estar a solta. Duas mulheres são torturadas e assassinadas de forma brutal. Elas se afogaram no próprio sangue, mortas por algo que os legistas não foram capazes de nomear. Uma terceira mulher é enformada, mas de uma maneira brutal. A Kripos, Polícia de Combate ao Crime, agora chefiada pelo implacável Mikael Bellman, está liderando a investigação. Mas depois de dois meses, eles não têm nenhuma pista.

A detetive Kaja Solness é enviada a Hong Kong atrás de Harry. O chefe da homicídios, Gunnar Hagen, acredita que só seu detetive mais experiente, e mais indisciplinado, consegue desvendar este caso. Ela encontra Harry em uma situação deplorável, e informa que ele está de licença, e ainda é um detetive. Harry se recusa a voltar, até que ela conta que seu pai está internado com câncer, e não está bem. Ele aceita e volta com ela para casa. 

Harry começa a investigar em segredo, apenas com a ajuda de Kaja e de Bjorn Holm. Ele conta também com a ajuda secreta de outra detetive, que agora está vivendo em um manicômio, Katrina Bratt. Ela é inteligente e sabe fazer pesquisas secretas na Internet. A Kripos não quer nenhuma interferência, e estão de olho no que Harry está fazendo contra as ordens deles. 

Harry começa uma caçada implacável contra um assassino inteligente, sádico, e que tem uma lista bem definida de vítimas.  Um caso complexo que coloca a vida de Harry em perigo, mais uma vez. 

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O livro mais pesado e mais impactante da série até o momento! E como eu amei essa leitura! A série só melhora, a construção do protagonista é excelente, muito realista e até cruel. Sem dúvida uma das melhores séries policiais para os fãs do gênero.

Neste volume temos um Harry sem nada a perder, de coração partido e fingindo não ligar para nada. Ele se demitiu, se entregou de vez ao vício e está escondido na periferia de Hong Kong. Mas ao voltar para Oslo e encarar o que deixou para trás, sofre pela perda de Rakel e Oleg e têm várias conversas com o pai no hospital, sofrendo antecipadamente pela perda que virá em breve. Sua irmã aparece muito pouco, queria que a personagem tivesse mais destaque. 

Harry como sempre é o personagem mais sofrido da literatura! O coitado não tem um minuto de sossego, quando não está se matando para desvendar um caso, tenta se demitir sem nunca conseguir rs. Quando a coisa aperta, é a ele que o chefe da homicídios pede ajuda. Eu fico triste por ele ter tão poucos amigos, e não conseguir ter uma vida melhor para reconquistar Rakel. Queria vê-lo longe da bebida e sendo promovido na polícia, mas o coitado só leva pedrada da vida e sempre consegue se boicotar. 

Os personagens secundários são todos ótimos. Incrivelmente gostei de rever Katrina, mesmo depois de tudo o que ela fez no livro anterior. Gosto muito de Bjorn e fiquei com um pé atrás com Kaja e sua paixão repentina por Harry (incrível como ele é alcoólatra, falido, todo marcado por cicatrizes da carreira... e um monte de mulher fica caidinha por ele hehe). E aqui sabemos que existe um vazamento, alguém está passando informações da investigação deles para o Bellman, da Kripos. E é irritante vê-los tendo destaque, com as coisas que só Harry consegue descobrir. 

Esse livro está muito ligado ao final do livro anterior, Boneco de neve! Inclusive Harry faz uma visita muito interessante em um hospital. Então, não leiam fora da ordem, perde-se muito porque o conjunto dos livros tem uma construção incrível. 

O serial killer é um dos mais interessantes que já li, muito bem construído e muito difícil de ser identificado. Durante a investigação o culpado muda umas 3 vezes, no final, não posso dizer que tenha acertado o culpado, minha opinião mudou diversas vezes. Uma mistura de ambição com sadismo e nenhum respeito pela vida humana. É muito interessante a forma como tudo termina em relação a isso. [ALERTA DE SPOILERS] No final Leike que havia sido inocentado depois de ser preso, tendo álibi para alguns assassinatos, acaba voltando de novo a mira de Harry, quando descobre que quem ele achava culpado, estava apenas tentando chantagear o verdadeiro assassino (essa pessoa escapa livre, mas já fica claro que Harry irá atrás dele em algum momento no próximo livro). No final era realmente Leike, ele consegue fugir para o Congo depois de matar seu pai, e pede que sua noiva o encontre lá. Harry e Kaja partem tentando encontrá-lo e ele acaba morrendo, sem que Harry consiga salvar sua noiva, eles caem juntos no despenhadeiro de um vulcão. Harry volta, seu pai morre, e depois de tudo encerrado ele resolve se demitir de vez e mudar para Hong Kong. [ FIM DOS SPOILERS]

O final é angustiante, e já estou ansiosa pela leitura do próximo! Todos os fãs de ficção policial precisam ler esta série!

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Série Harry Hole do Jo Nesbø:

1. O Morcego (The bat)
2. Baratas (Cockroaches)
3. Garganta vermelha  (The redbreast)
4. A casa da dor (Nemesis)
5. A estrela do diabo (The devil’s star)
6. O redentor (Frelseren)
7. Boneco de neve (The snowman)
8. O leopardo (The leopard)
9. Fantasma (Plantom)
10. Policia (Police)
11. A sede (The thirst)
12. Faca (Knife)
13. Killing Moon (ainda não lançado no Brasil)

Avaliação (1 a 5):

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Billy Summers - Stephen King

KING, Stephen. Billy Summers. Rio de Janeiro: Editora Suma das Letras, 2021. 472p. Título original: Billy Summers.

"- Eu vou, disse Jonny Capps, e Taco disse 'Você vai,então', e é por isso que eu ainda ocnsigo andar hoje e Jonny não. Simples assim. Deus não tem nenhum plano. Ele joga pega-varetas." p. 331

Eu amo os livros do Stephen King, e fazia um bom tempo que não lia nada do autor. Billy Summers é bem diferente do estilo mais comum do autor (suspense, terror, thrillers com um pouquinho de fantasias). É mais um romance, já que narra a vida de um anti-herói muito interessante. Confiram o que achei. 

Billy Summers é um assassino de aluguel muito bem conceituado. Ele nunca falhou. E ele só aceita um serviço, se o alvo for realmente uma pessoa muito ruim. Billy planeja se aposentar e aceita um último grande trabalho. Mesmo sabendo que é muito diferente do que ele já fez antes, e tem muitas chances de dar errado. Mas os 2 milhões de dólares prometidos, sela o acordo. 

No passado Billy foi um atirador de elite do exercíto, depois de dar baixa, acabou por acaso sendo contratado para matar um homem horrível, e isso foi o início de sua carreira. Enquanto espera e planeja seu último trabalho, ele começa a escrever as suas memórias e conta como sua triste história começou. 

No presente, Billy se muda para uma pequena cidade do interior dos EUA, disfarçado como um escritor com bloqueio, que precisa de tranquilidade e de um escritório para conseguir escrever. Só que acontece algo que nunca ocorreu antes, Billy faz amigos, Billy se apega aos vizinhos da rua onde está morando, aos colegas de escritório. A chance de algo dar errado, aumenta cada vez mais.

Ele espera que o alvo seja transferido de uma prisão em outro Estado e chegue ao tribunal. E de lá, do quinto andar de um prédio comercial, ele irá dar seu último tiro.

Billy só não imaginava a trama de traições, mentiras, perseguição e vingança em que iria se envolver. 

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Eu amo a versatilidade do Stephen King! Ele tem dezenas de livros publicados, e consegue sempre novas histórias, novos gêneros, está sempre se reinventando. E eu amei os personagens! Esse livro para mim é a história de vida de um anti-herói, muito mais um romance do que um thriller, apesar de todo o suspense em torno do tal assassinado e de como Billy vai conseguir escapar da cidade. 

Billy é um protagonista apaixonante. Para mim o melhor anti-herói que já conheci na literatura, talvez ali junto do Dexter, que é um dos meus personagens favoritos. A construção da história foi muito inteligente, com um Billy no presente se preparando para seu último assassinato, ao mesmo tempo em que acompanhamos sua triste história de vida desde a infância.  Billy é uma pessoa boa no fundo. Ele é um homem correto, que trata todos bem, que adora crianças, que tenta cuidar de quem precisa. E ao mesmo tempo, ele também é um assassino que recebe para matar, e que mata se acha que a pessoa realmente merece. 

E lá no fundo, Billy sabe que ele também se encaixa nesta mesma categoria: um homem ruim. Ele não tem falsas ilusões sobre si mesmo, sabe que é um assassino e acha difícil imaginar um "final feliz" para si mesmo. 

Eu amei Billy e torci muito por ele! O livro é grande e tem algumas partes bem lentas e mais monótonas, mas no geral eu fiquei presa do início ao fim. Gostei também muito de Alice, uma moça que acaba ligada ao Billy por acaso, quando ele a salva, depois dela ter sido drogada e abusada por três homens. A história de superação da Alice também foi incrível, todos os personagens muito bem construídos. Adorei também Bucky, uma espécie de "agente" de Billy, já que ele que fechava seus contratos e intermediava as transações. 

Outro fato interessante, Billy sempre tinha um "eu burro" como ele falava, que mostrava para seus clientes e demais contatos de trabalho.  Nenhum deles sabia que na verdade Billy é super inteligente, ama ler, é um especialista em fugas e disfarces. Ele é visto apenas como um cara que sabe atirar, e é assim que ele gosta.  

Eu adorei a leitura, embora tenha tido problemas com o final, eu queria algo diferente e acabou não acontecendo. Esse livro ficaria fantástico como filme ou série se for bem adaptado, e parece que vai realmente virar filme! Espero que sim, embora já tenha visto que pelo jeito que vai estrelar será o Leonardo DiCaprio, que sinceramente, tem tanto haver com o papel quanto teve o Tom Cruise como Jack Reacher hahaha. 

[ALERTA DE SPOILERS] Eu fiquei arrasada com o final, porque torci muito por Billy conseguir se vingar do contratante que o enganou 2 vezes (primeiro ao não pagar o valor restante do contrato depois que Billy foge após o assassinato, ao invés de embarcar no plano de "fuga" do contratante, que queria assassiná-lo. Segundo porque ele não sabia o verdadeiro motivo do assassinato, e na verdade o cara morto, iria denunciar um cara bilionário por pedofilia e por ter mandado matar o próprio filho; e mesmo contra todas as possibilidades, queria que Billy escapasse vivo e conseguisse recomeçar uma vida diferente. No final ele acaba morrendo numa besteira, por ter deixado viva a mãe de um cara que ele atirou (os 2 trabalhavam para o traficante, então tive zero dó). O final de Alice foi bem legal, mas eu queria muito mais para o Billy, ele merecia mais do que morrer baleado tentando voltar para casa. [FIM DOS SPOILERS]

Bom eu amei e indico para todos, principalmente, para quem não costuma ler King porque não gosta da vibe terror, esta é uma ótima dica para começar, leiam! 

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Avaliação (1 a 5):

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