Viagem Literária: Harry Potter e a Câmara Secreta

ROWLING, J.K. Harry Potter e a Câmara Secreta. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2000. 252p. (Harry Potter, v.2). Título original: Harry Potter and the Chamber of Secrets.

Após quebrar o gelo e finalmente resenhar o primeiro livro da famosa série de fantasia criada pela autora britânica J.K Rowling, cá estou de volta para mais. Modéstia a parte, a minha ideia de acompanhar os livros durante a minha temporada em Edimburgo, na Escócia (e vocês podem conferir as origens dessa aventura AQUI) tem se mostrado uma ótima maneira de reviver uma época feliz da minha vida enquanto enfrento um novo capítulo. Para mim, Harry Potter é sinônimo de conforto, de alegria, da certeza de diversão. E não tem sido diferente com essa releitura.

O segundo livro da série, “Harry Potter e a Câmara Secreta” marca o segundo ano do bruxo na escola de magia Hogwarts. Agora com 12 anos, Harry está assimilando o novo mundo que descobriu fazer parte. De um órfão morando de favor na casa dos tios abusivos, descobriu na verdade ser uma das pessoas mais famosas do mundo mágico, e se encontrou na escola, com amigos e motivos para sorrir. Quer dizer, quando não está preocupado pensando em Voldemort e todas as perguntas que vão aparecendo, ainda sem resposta.

O livro segue a mesma estrutura do primeiro, mas agora sem o grande evento do descobrimento do mundo mágico. Na verdade, essa parte dos livros nunca realmente está ausente, e o fato de Harry descobrir os detalhes e regras do mundo ao mesmo tempo que o leitor é um dos maiores acertos dos livros. O fato é que grande parte da história do primeiro livro estava focada em nos mostrar o mundo mágico, mas em A Câmara Secreta esse gelo já foi quebrado. Agora, já sabemos o que nos espera: Harry é um bruxo. Os tios não são pessoas legais e esse não é um bom lar. Hogwarts é um lugar imenso e com muitos segredos, mas é a verdadeira casa e a melhor parte da experiência, tanto para Harry quanto para o leitor. Harry tem bons amigos. Hermione definitivamente é especial.

O livro definitivamente é uma boa sequência e segue o mesmo espírito aventureiro que marca o início da série. Harry tem apenas 12 anos e, de certa forma, encara o mundo de modo condizente à sua idade. O ritmo dado pela autora ao contar a história faz dessa obra divertida, de fácil leitura e bem contada, com um bom enredo. O estilo narrativo também espelha a primeira obra, com a autora demonstrando um espírito de síntese muito bom e necessário para o público-alvo pretendido. A história se desenvolve bem em poucas páginas, e os capítulos são calculados de forma a conter elementos claros e importantes. Os primeiros, mostrando a vida de Harry, ainda morando com os tios, mas agora com um pouco mais de conforto em um quarto, diante da “ameaça” da magia. Um capítulo para a (dramática) chegada à Hogwarts, e a sequência narrando os acontecimentos ao longo do ano letivo.

Como vocês sabem, essa é apenas a terceira vez que leio esse livro. Lembro que na primeira leitura, após terminar a série declarei esse ser o livro que menos gostei (e foi agraciado com uma nota 3). Ao mesmo tempo, o filme sempre foi o que mais gostei, e hoje consigo entender o porquê: é uma aventura bem conduzida, talvez a mais fiel à história, e em um livro que jamais tive muito apego. Bom, esse apego agora existe, pois a releitura de “A Câmara Secreta” me fez observar características e qualidades que antes não consegui ver. Talvez o livro traga mais dúvidas do que respostas, mas a releitura nos proporciona a possibilidade de o posicionar diante de toda a série, e vemos que ele contém sim elementos importantes. Além do mais, ele nos traz personagens inesquecíveis.

Começo por Dobby, o elfo doméstico mais famoso do mundo. Eu vejo muitas pessoas completamente encantadas por ele, e acho que a minha opinião é um pouco polêmica. Dobby é extremamente irritante! Lembro vividamente a raiva e frustração que senti na primeira leitura, quando ele simplesmente não escutava e criava sérios problemas para o Harry. Agora, ele ainda me irrita, mas saber suas motivações certamente o faz ser um personagem por quem eu tenho um pouco mais de simpatia. Não importa a opinião, o fato é que Dobby é marcante e inesquecível. Agradecemos A Câmara Secreta por o introduzir à história.

O segundo personagem que quero destacar é Gilderoy Lockhart, o falastrão novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Uma pessoa detestável, um personagem delicioso. Me peguei por diversas vezes gargalhando de seu jeito e trejeito, e como ele casa bem com os detalhes secundários da história. Achei uma ideia sensacional, mesmo que fique apenas nesse livro, uma das únicas partes sem conexão com elementos anteriores ou posteriores da história. Talvez ele não seja tão marcante quanto Dobby (algumas pessoas completamente esquecem da sua existência), mas ele foi a principal razão por eu achar esse livro leve e um pouco engraçado.

Termino a análise com Lucius Malfoy, um ótimo vilão literário. Todos temos um Lucius em nossa vida (ou pelo menos conhecemos alguém com personalidade semelhante). É palpável como ele é detestável, mas ao mesmo tempo é assustador como ele tem poder. Ao contrário de Voldemort, o poder de Malfoy é o político, de influência, de conseguir resultados que ele deseja. Detestei conhecer Malfoy, mas o fiz com a certeza de que ele me incomodaria muitas vezes mais.

No mais, os personagens que já nos foram apresentados continuam a ter suas características e personalidades mais definidas. Draco vai ficando cada vez mais insuportável como um bully padrão, Rony aparece como um alívio cômico em momentos sérios, Hermione salva o dia, Hagrid é um grande ursão bobo e adorável. E Neville... eu simplesmente adoro o Neville!

Bom, sobrevivemos ao plot twist da Murta e a abertura da Câmara Secreta, na certeza de que tem muito mais por vir. E eu continuarei na minha aventura, agora amando também esse livro tanto quanto os outros.

Até a próxima!

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