Não existe amanhã - Luke Jennings

>>  sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023


JENNINGS, Luke. Não existe amanhã. Rio de Janeiro: Editora Suma das Letras, 2021. 240p. (Killing Eve, v.2). Título original: No Tomorrow.

"Medo, claro, mas também uma empolgação quase sufocante. A mulher que escolheu aquele objeto feminino lindo e escreveu aquela mensagem é uma homicida. Uma assassina profissional fria que só profere mentiras e executa cada ação com o propósito de perturbar e manipular. Contemplar aqueles olhos, como Eve fez há poucas horas, é fitar um abismo de gelar o coração. Nada de medo, pena, calor humano; apenas a ausência disso tudo." p.55

Codinome Villanelle dá início a trilogia que ficou conhecida por causa da série de TV, Killing Eve. Confiram o que achei do 2º volume com Não existe amanhã do Luke Jennings.

Eve Polastri agora trabalha para o MI6, sob as ordens de Richard Edwards, chefe da divisão russa. Eles fazem uma investigação secreta do grupo que ficou conhecido como os Doze e seus assassinos, uma delas a misteriosa V. Ela continua obcecada para pegar a assassina que matou alguém que eles deveriam proteger, e matou também um antigo colega de trabalho. 

Na vida pessoal, seu casamento continua abalado. Eve era apenas uma funcionária administrativa e Niko é professor. Agora, de repente, ela se tornou uma agente de campo. E se joga de cabeça na função. Ela descobre que sua assassina matou novamente em Veneza e viaja para lá com seu colega, Lance, para tentar encontrar alguma pista sobre ela.  Niko não fica nada satisfeito com a viagem. 

Villanelle, está adorando esse jogo de gato e rato. Ela é uma sociopata muito inteligente, ardilosa e que não teme o perigo. Ela não sente nada, então quando descobre que Eve está no seu rastro, ama a emoção da perseguição. E sente uma faísca, pela mulher, mas principalmente pelo desafio.  Ela monitora Eve e se torna cada vez mais ousada. 

Em Veneza, Londres e até na Rússia, as duas começam um jogo perigoso, que pode custar a vida de Eve. Ela sabe que deveria parar, reconhece que está obcecada e até um pouco atraída por Villanelle. Mas a aventura é irresistível. 

"Em termos de sentimento e empatia, a vida dela é um vazio inerte. O que ela mais quer, acima de tudo, é sentir. Matar dá uma onda, mas só temporária. Ela é boa nisso, faz com facilidade, e a cada vez a empolgação diminui. Ela precisa reforçar a emoção. Precisa saber que sua astúcia, sua perícia e o absoluto horror do que está fazendo são reconhecidos. É por isso que ela está me atraindo. É por isso que usou o perfume para me dizer seu nome. Ela gosta de me mandar essas charadinhas perversas. É algo ao mesmo tempo íntimo, sensual e hiperagressivo." p.150

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Repleto de perigo e adrenalina, é impossível não se envolver com as protagonistas e seus desejos sombrios. Um thriller brutal, enérgico e com um toque de sensualidade que transforma duas rivais em algo mais. 

O segundo volume é bem melhor que o primeiro, que liga quatro contos como um livro, deixando o enredo raso e meio sem graça. Aqui temos uma história complexa, com duas personagens muito interessantes. 

De um lado temos Eve, que cai de cabeça no mundo da espionagem e está amando seu trabalho. Ela fica obcecada com a assassina misteriosa, que vem matando pessoas importantes pelo mundo sem deixar pistas. Ao mesmo tempo que se dedica a esta tarefa, lá no fundo ela começa a perceber que sente uma atração cada vez maior pelo perigo que esta investigação trás. E seu casamento está cada vez pior, já que ela ignora o marido a maior parte do tempo. Senti muita dó de Niko o livro todo, ele é um bom homem que ama a esposa, que de repente, se tornou outra pessoa. Eve nega esse sentimento para si mesma, praticamente até o final. 

Do outro lado, Villanelle. Uma sociopata fria, que mata para viver e ganha muito bem por isso. Sem remorso, sem sentimentos, ela vive para o próximo assassinato. E a maioria é fácil demais, o que a deixa entediada. E por isso ela se arrisca, mandando um presente para Eve, depois interceptando Eve na estrada, disfarçada de policial. Ela ama a perseguição, ao mesmo tempo que monitora Eve para descobrir o que ela realmente sabe. 

O ponto alto do livro é, claro, o encontro entre as duas, que acontece só quase no final. E até aqui eu acreditava que essa atração fatal entre as duas, com uma conotação realmente sexual, tinha um pouco de exagero na série de TV, mas que nada. As duas estão obcecadas, e pensam uma na outra de maneira cada vez mais erótica.

Aconteceu muita coisa neste segundo volume e achei o livro muito fininho para tantos acontecimentos, ficou raso e cheio de furos. A parte da Eve na Rússia foi ridícula, tudo acontece muito rápido e depois dizem que era uma "brincadeira" parte do que aconteceu. Oi? Já a fuga da Villanelle em um hotel onde ela cometeria um assassinato não mostra nada. E a explicação posterior não convenceu.  

Killing Eve está disponível na Globo Play e já está finalizada. A série conta com 4 temporadas e 32 episódios. Até então ela segue razoavelmente o livro, mas exagera um pouco nas matanças todas da Villanelle e no envolvimento das duas. Só no final desse segundo livro elas realmente se encontram e tudo já tem um desdobramento importante, ao contrário da série que estende bastante essa parte. [ALERTA DE SPOILER] No final do livro Villanelle recebe a ordem de matar Eve, porque ela já sabe demais sobre ela e talvez sobre os Doze. Eve acaba de chegar da Rússia, descobre que o marido foi embora e sabe que é um alvo. Ela acorda com Villanelle em sua casa. Ao invés de matá-la, Villanelle conta de quem vem a ordem, e Eve descobre que seu chefe trabalha para os Doze. Sem opção ela concorda com o plano de Villanelle, forjar sua morte e fugir juntas, desaparecer. E o livro termina assim. [FIM DOS SPOILERS]. Na série Villanelle é bem mais obcecada por Eve e vice-versa. E até acontece algo com o marido dela que acredito que não vá acontecer aqui, vamos ver.

Eu não acho que o livro é um thriller sensacional não, mas a parte psicológica das personagens é muito interessante. Estou curiosa para ler o último, mesmo não amando nenhum deles hehe. Quem leu ou assistiu, me conte o que achou! 

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Trilogia Killing Eve:
  1. Codinome Villanelle (Codiname Villanelle)
  2. Não existe amanhã (No tomorrow)
  3. Morra por mim (Die for me).

Avaliação (1 a 5):

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