Carrie Soto está de volta - Taylor Jenkins Reid
>> quarta-feira, 5 de outubro de 2022
REID, Taylor Jenkins. Carrie Soto está de volta. São Paulo: Editora Paralela, 2022. 352 p. Título original: Carrie Soto is back.
Minha expectativa em relação a Carrie Soto está de volta estava nas alturas desde que soube da pré venda do livro. Até meu filho de um ano sabe que sou fã de Taylor Jenkins Reid e leria até a lista de compras de farmácia que ela escrevesse. Então, não foi sem medo que comecei a leitura. Mas, como diz minha mãe, eu sou dada a fazer o que tenho medo com medo mesmo, rs. Se minha expectativa se cumpriu ou não, você descobre lendo esta resenha.
Carrie Soto é a maior tenista de todos os tempos, tendo conquistado 20 títulos Grand Slams. Ou era. Agora ela está aposentada e Nicki Chan está prestes a ultrapassar o recorde de Carrie e se tornar a maior campeã de Grand Slams do mundo.
Mas, Carrie não quer deixar que isso aconteça e, aos 37 anos, cinco anos após anunciar sua aposentadoria, ela quer voltar a competir. Não pode deixar que Nicki a ultrapasse. Então, vai participar dos 4 Grand Slams do ano de 1995.
Para isso, vai contar com a ajuda de seu antigo técnico, seu pai, Javier Soto. Será que Carrie está preparada para voltar? E, a pergunta mais importante, será que está preparada para, talvez, não vencer?
Finalizei há pouco a leitura, meus batimentos cardíacos ainda não estabilizaram e a minha mão ainda não parou de tremer. E não porque, assim como Carrie, a mão tremeu durante sua aposentadoria porque queria pegar na raquete e voltar a jogar; mas sim porque há um bom tempo um livro não me provocava tantas emoções e me deixava tão desolada, ao mesmo tempo tão feliz, tão irritada e mais uma porrada de sentimentos como esse deixou.
Carrie não é uma mulher fácil. Às vezes nem o pai dela, seu Javier consegue dar conta dela. No início da história cheguei a pensar que ela me irritaria tanto ou mais que Daisy Jones.
Me enganei.
Apesar da revirada de olhos que às vezes ela me provocou com sua aparente arrogância e sinceridade extrema, me peguei pensando que é totalmente possível entender porque ela é assim e passei a não odiá-la.
Primeiro, porque ela foi treinada para vencer, para não abaixar a cabeça, para ser a melhor, independente do que aconteça. Foi instruída a não fazer amizade com as adversárias, sendo que só o que ela fazia era jogar e jogar e jogar e jogar. Logo, como ela teria amigas? Como uma pessoa considerada coração de pedra teria um romance com alguém?
E segundo, porque Carrie Soto, por trás de tantos prêmios, tanta arrogância e autoconfiança é um ser humano, cheia de defeitos, que erra, que falha, mas que acima de tudo, busca melhorar.
Logo, esse é um livro sobre superação. Das dificuldades, dos obstáculos e, até mesmo, de si mesmo.
E foi percebendo justamente a evolução da personagem quanto a isso ao longo da leitura que Carrie Soto está de volta se tornou não só o livro favorito do ano, como o favorito de Taylor Jenkins Reid, descansando todos os queridinhos da autora no meu coração.
Assim como o leitor, todo mundo no livro sabe dos defeitos e qualidades de Carrie e dizem isso para ela, mas o mais legal foi ver ela dando a cara a tapa para perceber isso. Não fica aquela personagem pedante, eu sou f***na até o fim do livro e você, leitor, que lide com isso.
Para quem já leu o livro vai ser fácil entender porque Javier Soto se tornou o meu personagem favorito de 2022. Se eu fizer um Top Camaradagem Literária este ano, sem dúvida, o troféu vai para esse cara. Que pai, que técnico, que homem incrível! Claro que, como pai, teve seus defeitos e erros, sobretudo na infância (praticamente inexistente) de Carrie, mas não consigo encontrar motivos para ressentimentos em relação a esse personagem. Meus olhos se enchem de lágrimas de pensar. Acho que me senti um pouquinho próxima do meu falecido pai ao ver a relação de Javier e Carrie e talvez isso tenha sido um ponto que ajudou a amar ainda mais o personagem.
Bowe também me conquistou, mas aos pouquinhos ao longo da leitura. No final, ele já tinha ganhado um lugar no meu coração, talvez um pouco maior do que o do Sam de Amor(es) Verdadeiro(s).
Além do que eu já disse acima, tem ainda os sentimentos que os jogos ao longo do livro me provocaram. A autora fez uma pesquisa tão perfeita, tão aprofundada e tão minuciosa sobre tênis que fixa impossível você terminar o livro sem ter pelo menos: 1) uma noção superficial do esporte; 2) vontade de assistir a uma partida de tênis; 3) ficado se retorcendo de nervoso durante o jogo e ao final, se pegar dando um soquinho no ar em comemoração ou com vontade de jogar algo no chão de raiva com o resultado do jogo e 4) mas não menos importante, assim como Evelyn Hugo e Daisy Jones & The Six, torcer para jogar Carrie Soto no Google e encontrar uma foto ou trechos de jogos dessa tenista incrível.
Além de trazer a temática da superação que eu disse mais acima, acho também que o livro traz um questionamento sobre amadurecimento. Será que precisamos ser sempre do mesmo jeito? Engolir nossos defeitos, destacar nossas qualidades e não aceitar que precisamos evoluir? Que às vezes podemos errar, perder, falhar, sem que esse seja o fim do mundo?
Pela primeira vez em algum tempo não tenho um ponto negativo a dizer sobre a história. Muita gente vai dizer algo sobre o romance, mas para mim isso não foi defeito porque o foco não era esse.
Fiquei muito feliz também por ter, finalmente, entendido uma referência feita ao livro Ilíada, de Homero, que estou lendo no momento. Estava cansada de ler livros que sempre faziam referência a essa história e nunca entender a piada, por assim dizer. Em Carrie Soto experimentei o gostinho de conseguir finalmente saber do que a personagem estava falando ao mencionar o livro. Adorei!
Agora sigo por aqui ouvindo The bitch is back do Elton John (deixei o link para quem quiser ouvir), música mencionada no livro, em looping infinito, com o coração arrasado porque terminei o livro e porque não tem mais nenhum da Taylor para eu ler até ela lançar o próximo. Snif.
Então só me resta panfletar muito os já lidos e dizer várias e várias vezes: Leiam Carrie Soto está de volta! E venham sofrer comigo!
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Avaliação (1 a 5):