Antropoceno: Notas sobre a vida na terra - John Green
>> sexta-feira, 8 de outubro de 2021
Sou uma grande fã da escrita de John Green. Assim como todo mundo, conheci o autor lendo A culpa é das estrelas e, desde então, li tudo o que escreveu. Posso não ter concedido minhas amadas cinco estrelinhas para todos os livros do autor, mas ainda assim a forma como ele conta as histórias sempre me encanta e me prende de uma forma que não sei nem explicar. Logo, não foi pouca minha curiosidade ao descobrir que ele havia lançado um livro de não ficção. Não sou assim tãooo chegada em livros de não-ficção, mas se tem uma coisa que percebi é que dei muita sorte com os que li até agora. Faltava tirar a prova dos nove lendo Antropoceno. Será que continuei dando sorte e continuei amando a escrita de John Green? Vem descobrir!
A pandemia do novo coronavírus trouxe consigo muito medo, incertezas, dor. Todos nós, seja no Brasil ou pelo mundo afora, tivemos que no reinventar, tivemos que aprender a lidar com perdas e distâncias. Aprendemos até mesmo a nos conhecer melhor a ponto de procurar coisas para fazer que no distraísse, nos ajudasse a lidar melhor com o caos que nossas vidas viraram.
Para John Green, que desde novo sofre de depressão, além de síndrome do pânico e TOC, a forma de lidar com a pandemia foi falando sobre assuntos que o conforta. Inicialmente, ele fez isso por meio de um podcast, produzido pela WNYC Studios, que foi batizado de Anthropocene reviewed. Em seguida, inspirado no podcast, John escreveu este livro, trazendo temas sobre seu cotidiano, dentro de assuntos que demonstram variadas contradições da raça humana, protagonista do período chamado Antropoceno.
Sim, se existiu o período jurássico, em que os dinossauros foram considerados protagonistas, agora estamos no período em que a raça humana deixou sua condição de observador desinteressado, de espectador, para se tornar exclusivamente participante, utilizando a terra e seus recursos a seu favor (ainda que o resultado desse uso, como bem observamos por ai, não seja exatamente favorável ao restante dos seres existentes, tampouco para a natureza).
"Parte do nosso medo sobre o mundo acabar deve vir do estranho fato de que, para cada um de nós, nosso mundo vai acabar, e em breve. Nesse sentido, talvez as ansiedades apocalípticas sejam uma consequência da impressionante inclinação da humanidade ao narcisismo". p. 27
"Acredito que a desesperança é uma forma de dor. Um dos piores tipos. Para mim, ter esperança não é apenas um exercício filosófico ou uma noção sentimental, é um pré-requisito para sobreviver". p 188
Ele traz um grande aparato que pode ser usado como leitura complementar, caso o leitor tenha se interessado tanto sobre aquele tema especifico que tenha ficado com vontade de pesquisar mais a respeito. Para a atenção com o leitor e a boa vontade em juntar as provas de onde as informações do texto foram relatadas eu dou 4 estrelas.
Ao longo do texto, à medida que John ia contando as histórias, fui ficando cada vez mais curiosa para saber qual nota ele daria para aquele tema ao final. Além disso, me senti influenciada e instigada a também dar uma nota para o capítulo, de modo que cheguei ao absurdo de anotar no cantinho da folha a nota que eu daria, nos casos em que discordei da nota que o autor deu, rs. Assim, para possibilidade de dar a nota que eu quisesse e ainda saber o que o autor achou de determinada vivência ou assunto eu dou 4,5 estrelas.
Um ponto muito interessante é que além de falar sobre os assuntos aleatório ao longo do livro, John nos presenteia com experiências pessoais dele mesmo, então, você pode interpretar que esta seja uma autobiografia do autor que, desde que escreveu Tartarugas até lá embaixo decidiu que não ia mais escrever "em código" ou seja, ia escrever apenas sobre o que é real.
E é assim que ele nos conta sobre a depressão e uma das crises que teve na adolescência e como ele decidiu pedir ajuda. Fiquei muito tocada pela forma como ele abordou o problema, cheguei até a me emocionar. Com certeza vai ser uma inspiração para aqueles que sofrem de depressão, mas não sabem como pedir ajuda. Dá para perceber que muito do que ele sofre na vida adulta vem de traumas de bullyings que sofria na infância. Em determinado trecho ele nos conta que se deixava ser mal tratado pelos colegas de classe porque era a única forma de interação social que ele tinha. Imagina que tristeza! :( Por outro lado, John nos mostra que é possível nos reinventarmos, nos tornarmos fortes, superarmos nossos medos. Impossível terminar o livro sem sentir ainda mais empatia pelo "personagem" John da vida real. E para a superação dos medos eu dou cinco estrelas.
Adorei a maioria dos capítulos e fui envolvida de determinada forma pelas histórias que a leitura passou e nem percebi. Quando me dei conta, o livro já estava terminando. Alguns capítulos contém mais uma piada interna de americanos, já que trata de algum lugar ou celebridade de lá, contudo, não deixou de ter sua graça ou chamar a atenção sobre algum ponto que podemos aplicar também às contradições dos humanos brasileiros. Para a existência da analogia dou 3,5 estrelas.
Ao final do livro acabei por concluir que John Green segue sendo um dos melhores autores da atualidade para mim e consegue demonstrar sua genialidade ainda que seja falando de aleatoriedades da vida dos humanos. O importante, no fim das contas, foi perceber que há muito assunto por ai que, se abordado da forma certa, pode se tornar a coisa mais interessante do mundo! (seja uma marca de supermercado, um jogo de vídeo game como Mario Kart, um trabalho como capelão em um hospital). Foi importante perceber, também, que, como bem dito na orelha do livro, apesar do ser humano ser o protagonista do período Antropoceno e, ser uma espécie poderosa, não temos poder o suficiente para controlar e dominar tudo, a pandemia está ai para nos provar justamente isso. Fiquei com muita vontade de assinar o podcast Anthropocene para ouvir John falando mais sobre a vida na terra, contudo, sou impedida pela limitação do idioma, já que não falo nada em inglês, quanto mais entender, infelizmente. Mas se o autor decidisse lançar outros livros com mais ensaios em continuação a este eu seria a primeira a querer ler.
Acho que não é todo mundo que vai cair de amores pelo livro, principalmente se você não for muito fã de livros de não ficção. Contudo, diante da genialidade de John Green e por eu ter dado sorte com mais uma história de não ficção que me aventurei a ler, para este livro eu dou cinco estrelas!
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