O Conde de Monte Cristo – Alexandre Dumas
>> sexta-feira, 30 de julho de 2021
DUMAS, Alexandre. O Conde de Monte Cristo. São Paulo: Martin Claret, 2019. 1304p. Título original: Le Comte de Monte-Cristo.
O Conde de Monte Cristo é um romance de aventura e foi escrito pelo francês Alexandre Dumas e publicado em formato de folhetim, terminando no ano de 1844. O livro, um clássico solidificado na literatura mundial, foi o escolhido para a 8ª LEITURA COLETIVA VIAGEM LITERÁRIA. O que eu mais gosto da dinâmica da Leitura Coletiva é ter um grupo de pessoas lendo mais ou menos no mesmo ritmo que você (a meta é apenas indicativa, cada um vai no seu ritmo e a regra é não postar spoilers da história para além do que foi marcado). Isso abre um ótimo espaço para conversar sobre as impressões gerais, preferências, ranços, expectativas... Fica o convite para todos participarem da nossa próxima leitura, também um clássico da literatura francesa: O CORCUNDA DE NOTRE DAME!
O Conde de Monte Cristo é definitivamente um livro que vale a pena ser lido alguma vez na vida. É uma obra bem universal e que atrai leitores das mais diversas idades, então não acredito que há um momento certo para ser apresentado à obra. É só ter a vontade de ler uma trama bem bolada, bem planejada e uma história cativante que certamente a diversão estará garantida. Eu pessoalmente me arrependi de não ter lido antes, pois seu estilo aventura – superação – resiliência – vingança vem bem a calhar com as obras que lia e me empolgava na adolescência. Mas mesmo com alguns anos de atraso, me encontrei devidamente cativada pelo livro e verdadeiramente investida na leitura.
O livro nos apresenta ao heóri Edmond Dantès que, aos dezenove anos, parece ter uma vida muito bem encaminhada: ele é um jovem trabalhador com uma promissora carreira como capitão de um navio pela frente, está noivo de Mercédès, uma moça bonita e amável, e é querido por quase todos que o conhecem. Porém sabemos bem que o sucesso é acompanhado de perto da inveja: a vida aparentemente perfeita de Dantès despertou um perigoso ciúme de algumas pessoas por ele considerada amigos. As falsianes são: Danglars, o tesoureiro do navio de Dantès, que inveja a ascensão profissional de Dantès; Fernand Mondego, que está apaixonado por Mercédès e quer o rival longe de seu caminho; e seu vizinho, Caderousse, simplesmente desgostoso de como a sorte parece sorrir para Dantès, o típico fofoqueiro do bairro que deseja mal para as pessoas.
Juntos, eles escrevem uma carta acusando Dantès de traição. O que torna toda essa história factível é o fato de haver alguma verdade nas acusações ali apresentadas: como um favor ao seu capitão recentemente falecido, Dantès está levando uma carta de Napoleão para um grupo de simpatizantes bonapartistas em Paris. Embora o próprio Dantès não tenha inclinações políticas, isso é suficiente para acusá-lo de traição e resultar na prisão do pobre rapaz no dia de seu casamento.
Eu vou escolher não dar muitos outros detalhes da história, pois li sem conhecer o desenvolvimento do enredo e acredito que a minha experiência foi melhor por conta disso. O que podemos dizer é que a história passa a focar em Dantès, sobre como ele consegue viver com a sombra da injustiça e tudo o que ele faz para superar o grande fardo e a dor que é ser preso por um crime que você não cometeu. Algumas pessoas escolhem meditar e perdoar, mas outras escolhem um caminho mais obscuro e que pode ser muito gratificante, pelo menos para uma ávida leitora que adora reviravoltas: a vingança!
A vingança é um tema frequente na literatura mundial. Há algo fascinante em receber o doce sabor da justiça, sobre ver alguém pagar por seus crimes. A literatura realmente adora colocar o protagonista como um injustiçado em busca de uma retaliação que considera devida. É empolgante acompanhar essa saga e jornada, e é humano desenvolver sentimentos negativos em relação ao antagonista. Diversos autores tentaram, mas talvez a obra de Dumas seja o grande exemplo de como planejar uma vingança é um trabalho árduo, uma trama complexa que precisa ser bem explicada e muito bem resolvida. A prova de que o livro foi bem sucedido em sua empreitada é o status de clássico que ele hoje possui. O tempo é o principal juiz da qualidade de uma história, especialmente quando estamos em constante debate sobre a destruição resultante das ações do protagonista, desde a perda de sua moralidade até o preço que ele e outros podem ter que pagar. Até quando a vingança é justa? Qual é o preço a se pagar? Em algum momento o herói vira um vilão? O mais interessante é que o julgamento cabe a nós, leitores, e nós simplesmente adoramos ficar nessa posição de poderio moral!
O livro definitivamente tem muitos acertos, sendo o maior deles o desenvolvimento de seus personagens. Eu tenho a sensação de conhecer muito bem cada um deles, cada aspecto de suas personalidades, motivações e o lado sombrio de suas almas, ou até mesmo a bondade a que algumas vezes somos apresentados. A trama do estabelecimento de Dantés até os planos de vingança do Conde foi muito bem desenhada e não deixa qualquer ponto solto ou sem explicação. Não é todo autor que consegue fazer isso, e acredito que é o resultado de uma preparação exemplar e dedicação absoluta. Por ter sido lançado em partes, acredito que elas foram bem pensadas para entreter o leitor ao mesmo tempo que deixava espaço para o desenvolvimento da história. Com o relançamento unificado no formato de livro, acabamos tendo uma obra grande e que por muitas vezes é um pouco arrastada e lenta. Isso é completamente compreensível ao lembrarmos de seu formato original, como uma novela: as vezes são necessárias cenas e diálogos para diminuir um pouco o ritmo da narrativa, no famoso “encher linguiça”. Isso me incomodou um pouco, e confesso que nem sempre tive paciência para acompanhar alguns diálogos, especialmente na primeira parte do livro.
No mais, é um livro que indico, especialmente para quem quer ter mais clássicos no currículo! Quem gosta de aventura, romance, enredos históricos e, especialmente, uma boa e velha vingança, tem um exemplar incrível a sua disposição!
E aí, gostou do tema VINGANÇA? Fica aqui algumas indicações para você!
1. O Morro dos Ventos Uivantes – Emily Brontë (Resenha Disponível)
A melancólica Emily Brontë nos traz uma obra que nos mostra como a sede de vingança pode, na maioria das vezes, nos destruir, tomando a forma do problemático protagonista Heathcliff, que parte corações na mesma medida que desperta a raiva dos leitores.
2. Grandes Esperanças – Charles Dickens
Ainda não resenhado no Blog, Grandes Esperanças nos apresenta à amarga Miss Havisham, uma solteirona rica que foi abandonada por seu então noivo no altar, vestida de noiva. Sempre usando a fatídica roupa, ela cria sua filha adotiva Estella como uma agente de sua vingança.
3. Reparação – Ian McEwan
Também ainda não resenhado, talvez o melhor livro do autor apelidado como Ian Macabro explora as devastadoras consequências de uma ação impensada desencadeada por uma inveja incontrolável. O título já diz tudo, não é mesmo?
4. Assassinato no Expresso Oriente – Agatha Christie (Resenha do Filme)
Se ser esfaqueado 12 vezes não é um ato passional de vingança, eu não sei mais o que pode ser! Cabe a Poirot entender que ação levou a essa reação bastante peculiar.
5. Hamlet – William Shakespeare (Resenha Disponível)
Após a morte do pai, Hamlet volta para casa apenas para descobrir que sua mãe se casou com seu tio. Após receber uma mórbida visita do fantasma do pai, Hamlet descobre que o tio o matou, e começa a caminhar na linha limítrofe entre a sanidade e a loucura para planejar sua vingança.
6. Carrie, a Estranha – Stephen King
Olho por olho, dente por... sangue de porco? As vezes as vinganças mais estremas são as mais marcantes, especialmente nas mãos de um dos gênios do suspense e do terror!
Conhece algum outro livro Nessa temática e acha que a leitura vale a pena? Deixe seu comentário abaixo!
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