Hilda Furacão - Roberto Drummond

>>  quarta-feira, 5 de maio de 2021

DRUMMOND, Roberto. Hilda Furacão. São Paulo: Editora ARX, 2003. 298p.

A primeira vez que tive contato com a história de Hilda Furação foi quando eu tinha aproximadamente 13 anos. Na época, a minissérie foi exibida na Rede Globo, estrelando Ana Paula Arósio no papel de Hilda e Rodrigo Santoro como frei Malthus. Não me lembro de nada do que assisti. Afinal, já faz um tempinho, mas depois que descobri que se tratava de adaptação de um livro, fiquei muito interessada em lê-lo. Agora, no mês de abril, ele foi escolhido para mim no Clube das Chocólatras, e divido com vocês agora todas as minhas impressões sobre essa história.

Roberto é um jornalista que trabalha na Folha de Minas, um jornal estatal. Nascido em Santana dos Ferros, ele foi para Belo Horizonte estudar e acabou ficando na cidade para trabalhar. Tem dois grandes amigos de infância, e juntos eles são conhecidos como "Os três mosqueteiros": Aramel, o belo, é um garanhão, um tanto gigolô, que vive às custas de "favores" em um hotel em BH. Ele sonha em ser ator em Hollywood. Malthus é um frei dominicano que sonha ser santo em vida. É viciado na geleia de jabuticaba que a mãe faz, e a come principalmente quando está passando por uma situação difícil, como se fosse seu calmante.

Um belo dia, um grupo de beatas se reúne com o intuito de retirar do centro de Belo Horizonte a zona boêmia e concentrar os bordéis que ali funcionam na periferia da cidade, em um lugar que denominaram como "Cidade das Camélias". O projeto de lei para que isso aconteça está prestes a ser votado, e as beatas decidem fazer uma manifestação pró Cidade das Camélias. De outro lado, estão, nessa manifestação, aqueles que não concordam com a mudança, isto é, as prostitutas e os frequentadores desses bordéis.

Frei Malthus é convidado, então, para fazer um "exorcismo" dos demônios na zona boêmia de Belo Horizonte. Para tanto, ele teria que exorcizar aquela que é conhecida como a maior e mais famosa das prostitutas do lugar: Hilda Furação.

Contudo, Frei Malthus não esperava que seu encontro com Hilda fosse colocar em xeque tudo aquilo em que acredita, assim como sua vocação a frei.

Paralelamente a esse amor platônico e proibido, Roberto, o narrador, nos leva a conhecer Belo Horizonte também em outros de seus aspectos, e a acompanhar outros personagens em algumas crônicas do cotidiano, numa mistura de ficção e realidade que vai te deixar não só entretido como encantado.

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Às vezes eu me surpreendo com a quantidade de vezes que sou "enganada" pelo que acho que se trata uma história. Geralmente, eu não leio a sinopse, apesar de ultimamente estar lendo para não ser pega de surpresa negativamente. Contudo, no caso de Hilda Furacão, como, em tese, eu conhecia a história, achei que fosse recordar tudo que tinha assistido e revisitar a história de amor entre Malthus e Hilda que vimos na minissérie. Ledo engano.

A primeira coisa que eu não esperava foi que Roberto Drummond, o próprio autor da obra, fosse ser não só o narrador onipresente/onisciente como também um dos personagens.

A segunda coisa que me surpreendeu é que a história não é focada apenas no romance entre Hilda e Malthus, o que eu jurava que seria. Roberto narra acontecimentos da própria vida, da de Malthus e da de Aramel em um contexto cotidiano que nos insere em BH de uma forma que não tem como sair da leitura sem vontade de conhecer a cidade, ou, se você, assim como eu, já vive nela, sair passeando e revendo os lugares mencionados na história. Tudo tem como pano de fundo uma Belo Horizonte dos anos 60, permeada pela perseguição aos comunistas e pela ameaça e, posteriormente confirmação, do golpe militar de 1964.

Além disso, Roberto Drummond traz ao longo do texto vários personagens reais da política e da literatura muito conhecidos, como Leonel Brizola, Jânio Quadros, João Goulart, Magalhães Pinto, Jorge Amado, Fernando Sabino.

Como disse, alguns personagens, como as tias de Roberto, a própria Hilda Furação, os políticos, os colegas de trabalho dos jornais, são reais. Os demais foram inseridos para complementar o cenário e adicionar ainda mais beleza à história.

Quanto ao final do livro, é tão frustrante e ao mesmo tempo tão real, que ao invés de me deixar com raiva da história, me fez gostar ainda mais dela, o que resultou em cinco estrelas na minha avaliação e um coraçãozinho de brinde.

Agora estou morta de vontade de assistir novamente à série. Ouvi boatos de que vai entrar para os catálogos do Globoplay em 2021 ainda, mas a ansiedade tá me matando de ter que esperar, rs.

Indico para todo mundo que curte literatura brasileira, que não tem o hábito de ler, mas pretende; que curte Roberto Drummond; que tem vontade de conhecer os livros do autor. Enfim, indico para todos!

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Avaliação (1 a 5):




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