Mansfield Park - Jane Austen

>>  quarta-feira, 25 de novembro de 2020

AUSTEN, Jane. Mansfield Park. São Paulo: Editora Martin Claret, 2012. 565 p. Título original: Mansfield Park

E eis que concluímos mais uma leitura coletiva deste amado Blog! Foram 24 dias de leitura, 48 capítulos divididos em dois por dia, com início em 06.10 e encerramento em 29.10. Acredito que o melhor das leituras coletivas é acompanhar o interesse, a participação, a interação de todo mundo. São sempre muito enriquecedoras as discussões. Afinal de contas, a interpretação em literatura não é unanimidade, de modo que é muito bacana dividir nossas impressões com alguém e trocar figurinhas sobre o livro escolhido para o mês, ainda que no caso de Mansfield Park a experiência da leitura coletiva tenha sido melhor do que a leitura propriamente dita. 

Se você não participou desta e tem interesse em participar das próximas, é só ficar atento(a) ao Instagram do Blog. Nele, divulgamos qual será o livro e quando iniciará o cronograma de leitura. Agora no mês de novembro, estamos lendo Um conto de duas cidades, de Charles Dickens, e para dezembro, o livro escolhido foi Jane Eyre, da Charlotte Brontë!

Bom, depois de toda essa propaganda, deixo com vocês minhas impressões de Mansfield Park!


Fanny Price, a mais velha dos nove filhos de uma família muito pobre, tinha nove anos de idade quando foi levada para a casa dos tios abastados para ser por eles criada na mansão de Mansfield Park. Ali vivem a tia, Sra. Bertram, as primas Julia e Maria, os primos Edmund e Tom, e o tio, Sir. Thomas. No presbitério localizado na propriedade vive outra tia de Fanny, a Sra. Norris, e seu esposo. 

Fanny vive uma vida relativamente confortável, embora não seja tratada como uma filha, visto que não tem as mesmas regalias das primas, a mesma educação, as mesmas roupas. Ela está mais para dama de companhia de sua tia. Ainda assim, Fanny se sente muito grata pela oportunidade de ter sido criada em Mansfield Park. Está grata, sobretudo, por ter por perto alguém tão especial quanto o primo Edmund, sua companhia favorita na casa. 

Contudo, a tranquilidade com que Fanny vive junto ao primo e à família será seriamente comprometida com a chegada de Henry e Mary, os irmãos Crawford. 


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A primeira coisa que me impressionou no livro foi o tamanho. Por ser o livro mais longo da autora, fiquei me perguntando o que ele nos reservaria. Contudo, fui sem expectativa alguma, justamente por ser uma incógnita para mim. 

A segunda coisa que me impressionou foi a resignação de Fanny, que para mim beirava a "cabeçadurice", por assim dizer. Neste livro, não espere encontrar uma heroína no estilo de Elizabeth Bennet de Orgulho e preconceito, porque você vai se decepcionar. Fanny é insegura, tímida, retraída, resignada, e, talvez por isso, possa ser taxada de teimosa e cabeça-dura, rs. 

Muitos discordarão dessa visão, e eu entendo totalmente, mas por diversas vezes tive vontade de gritar para que ela tomasse alguma atitude, para que demonstrasse sua irritação, sua frustração, e soltasse o verbo. Toda aquela gratidão a qualquer custo quase me deixou doida. 

Alguns personagens eram profundamente irritantes, como as tias de Fanny: a Sra. Norris (para mim, a personagem mais odiosa de todos os livros da Jane Austen) e a Sra. Bertram (que, ao longo do livro, principalmente mais para o final, acabou me irritando menos e passou a ser mais tolerável). 

Um personagem que no início eu não curtia, mas que depois foi conquistando minha simpatia, foi o Sir. Thomas, tio de Fanny. Ele sabia o covil de cobras em que vivia e lidava com muita destreza e firmeza. Se não fosse ele, acho que Fanny estaria ainda mais perdida. 

Edmund foi o mocinho mais insignificante do mundo da literatura. Obviamente, não esperava nenhum Sr. Darcy (que para alguns leitores não tem nada de mocinho, rs), mas esperava um cara mais esperto, com mais atitude, mais sagaz. 

O livro foi morno de uma forma geral para mim. Quase zero de romance, um plot twist bem fraco e um final tão sem riqueza de detalhes, que beirou o absurdo para mim. Depois de tantas páginas esperando para saber o que ia acontecer, eu esperava muito mais. 

Entendo a mensagem que a autora pretendeu passar e, ao contrário de alguns comentários, até mesmo dentro do grupo da leitura coletiva, discordo que neste livro a autora se mostre arraigada aos preceitos e costumes de sua época. É justamente por discordar deles que ela coloca em seu livro, como uma crítica, uma heroína que não admite se submeter a um casamento por interesse e sem amor, uma personagem que toma atitudes que seriam consideradas um escândalo para mulheres daquela época. Talvez seja meu pensamento torto enxergando crítica da autora em tudo o que ela escreve, talvez não, mas é o que penso a respeito da mensagem que a autora pretendeu passar. 

Após a leitura, pesquisei e encontrei disponível gratuitamente no YouTube a adaptação do livro para filme. Encontrei duas adaptações, mas assisti à que pode ser encontrada com o título de "O palácio das ilusões", de 1999. 

Não reconheci muitos rostos do elenco, apenas o de Jonny Lee Miller, que interpreta Edmund, o de Embeth Davitza, que interpreta Mary Crawford, e o de Frances O'Connor, que interpreta Fanny. Apesar de o filme ser, em sua maior parte, fiel ao livro, pude perceber a exclusão de algumas partes inúteis e a modificação para que a história ficasse mais crível que no livro. Ainda assim, é tão insosso quanto a obra literária. Mas, para quem leu, compensa aguentar mais 1h40min para conferir como ficou. 

Se você nunca leu nada de Jane Austen, não indico começar por este, pois pode te dar uma desanimada. E eu juro que ela tem sim livros incríveis e acho que você não vai confiar muito no que eu digo se iniciar por Mansfield Park. De toda forma, mais um da autora para riscar da lista. Que venham os próximos!



E que venham muitas mais leituras coletivas!

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Avaliação (1 a 5): 2.5

 

 

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