Teto para dois - Beth O'Leary
>> segunda-feira, 16 de março de 2020
O’LEARY.
Beth. Teto para dois. Rio de Janeiro.
Editora Intrínseca. 2019. 400p. Título original: The flatshare.
“Ele se mexe
um pouco. Seu braço esbarra no meu; minha pele fica arrepiada. Eu o ouço
respirar fundo quando nos tocamos, apenas um suspiro baixo de surpresa. Então
ele se levanta e vai para o banheiro, e eu fico ali, com a pele arrepiada e o
coração disparado, encarando o teto. ” p.238
Quando
esse livro foi lançado, não me chamou tanto a atenção. Mas aí todo mundo começou
a falar maravilhas sobre ele, e eu fiquei curiosa. Confiram o que achei de Teto para dois da Beth O’Leary.
Tiffy Moore terminou um
relacionamento de dois anos, de muitas idas e voltas com Justin, por quem ela acredita ainda ser apaixonada, apesar do
nenhum dos seus amigos gostarem dele. E mesmo depois dele esfregar a nova namorada na cara sua cara. Mesmo assim, ela ainda divide o
apartamento com ele. Ela trabalha como assistente editorial e ganha uma
miséria, é impossível alugar um apartamento em Londres com o seu salário. Depois de olhar inúmeras espeluncas sem
sucesso, uma oportunidade, no mínimo, incomum, aparece. Dividir um flat de
apenas um quarto, com uma pessoa que trabalha a noite. O apartamento seria dela
a noite e durante os finais de semana, de dia, enquanto ela trabalha, a cama é
de outra pessoa.
Leon Twomey é essa outra pessoa. Ele é
enfermeiro e trabalha em uma clínica para pacientes em estado terminal. Um cara
introspectivo e calado, que compartilha muito pouco da sua vida pessoal. Leon
precisa desesperadamente de mais dinheiro, por isso tem a ideia de alugar sua “cama”.
Afinal, ele está fora durante a noite e passa todos os finais de semana na casa
da namorada. Seu irmão, Richie, está
preso e é inocente, ele precisa continuar pagando o advogado, a única chance do
irmão. Sua namorada, Kay, odeia a ideia, mas acaba aceitando
depois de conhecer Tiffy pessoalmente. E, depois de determinar, que tudo seria
tratado com ela, e eles não iriam se conhecer pessoalmente.
Tiffy
é no mínimo, diferente. Com suas roupas malucas, seus objetos coloridos e pouco
convencionais, ela inunda o pequeno apartamento com todas as suas tralhas. Seu
trama com o ex aparece nos piores momentos, e até então, ela dedica seu tempo
ao trabalho e a conversar com os amigos: Gerty,
Mo e Katherin.
Leon
e Tiffy fecham um contrato de 6 meses e começam a resolver tudo o que precisam, através de pequenos post-its que começam a se espalhar por toda a
casa. O problema é que os pequenos bilhetes começam a aproximar os dois com
frases divertidas e ideias malucas, além de várias guloseimas deixadas de um
para o outro. Dois desconhecidos, que começam a se conhecer bem demais.
~~~~~~
Esse
livro se tornou o queridinho do momento, e minha curiosidade foi só aumentando.
Afinal, o que será que (quase) todo mundo amou? Fui tirar a prova e entendi, ou
não, o motivo de tanto auê rs. Minhas expectativas altas com o livro acho que
podem ter prejudicado um pouco, mas eu esperava mais.
Eu
comecei adorando tudo... Amei a maluquice toda de compartilhar a cama, o jeito
maluco da Tiffy, tão diferente da timidez de Leon. Ela expansiva, toda cores e
exuberância... alta, ruiva, com roupas que era melhor não tentar visualizar rs.
Ele moreno, magro, sério e calado. E com um coração enorme. Ele cuidando dos seus pacientes, ela tentando
superar o ex. Ele com sua namorada pouco compreensiva e chata para cacete
demais, ela com seus amigos malucos. Curti os personagens, o enredo, dei muitas
risadas durante o livro.
E
os bilhetes, ah que fofura!! Eu amei os Post-its todos!! Foi muito legal acompanhar
eles se conhecendo aos poucos, e depois ficando próximos apenas através
daqueles pequenos textos, espalhados para todo lado. Eles se ajudando, mesmo
sem se conhecer.
E
eu fui assim até uns 60... 70% do livro, com um sorriso no rosto. Mas aí, daí
em diante, para mim, a autora errou a mão. Primeiro temos Justin, o tal ex que
ela parece amar, mas temer ao mesmo tempo.
A autora fala sobre Gaslighting para descrever o que a Tilly sofreu por
parte de Justin. O termo inglês significa “uma
forma de abuso psicológico no qual informações são distorcidas, seletivamente
omitidas para favorecer o abusador ou simplesmente inventadas com a intenção de
fazer a vítima duvidar de sua própria memória, percepção e sanidade. ” O
assunto é importante, mas foi apenas superficialmente abordado. Não conta
direito o relacionamento deles, mas do nada Tilly parece ter muitas reações
traumáticas. Justin aparece algumas poucas vezes no livro, o problema é que ele
muda de um ex que é bem idiota, para um completo lunático em poucas páginas.
Não me convenceu! As coisas que ele faz no final não convencem, não são
explicadas, a autora só joga aquilo lá. Em uma página a Tiffy se encolhe toda
em lágrimas quando vai rolar algo mais íntimo com o Leon, na outra página já
está tudo bem.
Outra
coisa que me deixou frustrada, para variar rs, foi o final. Até tem um epílogo
bonitinho (ufa), mas ela só se importa com a história dos dois. Não falou mais
nada sobre o Richie, o grande drama e um dos motes principais do livro. Além
deles, outros coadjuvantes também ficaram largados ao léu, nem foram mais
citados. A mãe dos dois foi esquecida no churrasco. E o Justin? Prenderam?
Sumiu? Acordou? Não sei, não conta nada. Até pesquisei para ver se ela não havia
escrito outro livro, com algum deles protagonizando, mas não tem mais nada,
então posso reclamar com propriedade rs. Ficaram muitas perguntas sem resposta.
Não
foi uma leitura ruim, pelo contrário! É um livro que a gente lê em uma sentada,
achei fofo e bem divertido. Porém a autora tinha um material ótimo e se perdeu
no final, poderia ter sido tão mais! Não
é aquela Coca-Cola toda, mas eu indico para que curte chick-lit e um livro mais
leve. Leiam!
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Avaliação
(1 a 5): 3.5