Cujo - Stephen King
>> segunda-feira, 5 de agosto de 2019
KING, Stephen. Cujo. Rio de Janeiro: Editora Suma das Letras, 2016. 376p.
Título original: Cujo.
“Gary
gritou de novo e se virou bem na hora de segurar Cujo os braços, depois que o
cão saltou de novo. O homem levou o animal de volta para a sala, envergando
para um lado e para o outro, tentando se manter em pé. Por um instante, os dois
quase pareciam valsar. Então Gary, que era vinte quilos mais leve, caiu. Ele
mal percebeu o focinho de Cujo enterrado embaixo de seu queixo, mal percebeu
que a doença deixara o focinho quente e seco. Tentou erguer as mãos e pensou que
precisava apertar os olhos de Cujo com os polegares quando o cão agarrou e
rasgou sua garganta.” p. 132
Essa coleção Biblioteca Stephen King é linda demais!! Estou apaixonada com os
livros de capa dura na estante, cada um de uma cor. Espero que continue saindo
mais livros nesse formato. O legal também é que com isso estou lendo os livros
mais antigos do autor, Cujo foi
lançado originalmente em 1981 e também se passa na cidade fictícia de Castle
Rock. Confiram o que achei!
Tad Trenton é uma criança de 4 anos, um menino alegre e
filho de pais amorosos. Até que em uma noite, ele começa a perceber que algo o observa do escuro, de dentro de
seu armário. Os pais, Donna e Vic, fazem o esperado, explicam que
monstros não existem, que foi só um sonho. Enquanto isso se preocupam com tudo
o mais que acontece na vida do casal. Os negócios de Vic vão mal, ele está prestes a perder o maior cliente
da empresa pequena que abriu com o sócio, Roger.
Já Donna, que odiou mudar para esse lugar perdido no Maine, no meio do nada,
acaba se envolvendo com um homem pouco confiável e traindo o marido.
Frank Dood está morto! O assassino que aterrorizou a cidade
no passado, agora é apenas uma lenda urbana, usada para assustar criancinhas.
Mas Tad sabe que não é só isso, ele sente o mal, ele sente algo o observando da
porta entreaberta do closet. Todas as noites, o mau está lá. Mas está ficando
cada vez mais perto, algo ruim está por vir.
A família Camber
vive afastada, nos limites da cidade. Joe é mecânico, sua esposa Charity vive para cuidar da família. Eles têm um filho de 10 anos, Brett. E é lá também que vive um São Bernardo enorme, de quase
noventa quilos, Cujo. Um cão dócil e
fofo, até que é mordido por um morcego raivoso.
Cujo se transforma no pior pesadelo, no monstro
dos sonhos de Tad. E ninguém nota. Quando percebem, já é tarde demais para todos
eles.
~~~~~~
Esse
é um dos livros do King onde eu amo o enredo, mas acabo me decepcionando em
algumas partes, principalmente no final. Já sabemos que o King é péssimo com
finais, isso não é novidade, mas em alguns ele se supera rs. Esse e Celular
entram para a lista dos piores finais kk, também preciso citar A
incendiária , outro com final muito corrido. Mas vamos ao livro!
Cujo
se passa na cidade fictícia de Castle Rock, onde o autor já ambientou vários
livros. O interessante é que Cujo está bem ligado com um personagem de A
zona morta, dei sorte e li o outro primeiro. Um dos assassinos sinistros de
lá é citado aqui, afinal, ele seria a alma assombrando a cidade, mais
precisamente o armário do garotinho, Tad. Era como se uma energia maligna
estivesse concentrada ali, querendo escapar. E encontra esse escape em um
enorme cachorro São Bernado, tão fofo, o Cujo.
Eu
sei que todos os leitores irão focar no terror, o cachorro assassino raivoso matando
qualquer um que aparecesse em seu caminho, em especial, um garotinho e sua mãe.
Foi sinistro, foi agoniante. Mas eu, que sou apaixonada por bichos, passei o
livro quase todo morrendo de dó do cachorro, que era tão bonzinho até contrair
raiva e virar um monstro assassino. Todo mundo tentando matar o cachorro, ele
matando todo mundo e eu nem aí, pensando: tadinhooo do Cujo. Acho que corta
toda a onda de terror gostar do monstro, não é? Hehe.
Apesar
disso, é inegável a tensão que permeia o livro todo. Da uma agonia e um desespero
esse livro! Lá pela página 200 já começa o ápice do livro que dura até o final.
Donna e o menininho vão levar o carro pra consertar na oficina dos Camber. O carro
estraga, não tem ninguém lá, só o cachorro que quer matar os dois de todo jeito.
Quase como se ele compreendesse tudo (tem uma ligação indireta aí do cachorro
com raiva e o mau do closet, o fantasma do Frank Dood). E aí temos aquele cachorro
gigante do lado de fora, uma temperatura de 39 graus e os dois presos no sol, dentro do
carro! Que agonia, que livro forte. Obviamente com o avançar de tudo isso, até eu,
tava torcendo para alguém aparecer, matar o monstro (não dava pra dar uma
vacina tadinho?) e salvar os dois.
E
aí, vem o final, um capítulo pequeno e fim! E eu fiquei tipo: Nãoooo, cadê? Não
faz isso comigo de novo!!! Para piorar, a editora ainda publicou uma entrevista
enorme no final do livro e eu achei que aquilo tudo ainda era história aff. Uma
entrevista excelente por sinal, para o The
Paris Review em 2006. Nela Stephen King fala sobre seu processo de escrita, o período em
que escreveu a base de bebidas e drogas e sua vida atual. O repórter pergunta
para o King, inclusive, sobre seus muitos finais “brochantes”. E sabem o que
ele disse? Que para ele não está aberto, que é óbvio o que acontece depois
(humft).
Tô é morta kk! |
Sobre Cujo, outro fato importante. Vocês sabiam que esse livro inteiro se passa em um capítulo? É isso mesmo leitor, é um texto único e não tem pausa, você vira as páginas e vira e mal respira. O repórter pergunta sobre isso para o autor, e sabem o que ele respondeu?! Ele disse: “Queria que o livro atingisse o leitor como se fosse um tijolo jogado pela janela.”. Obrigada King, a gente agradece!
Obviamente
o final desse livro foi abrupto, no ar, mas acima de tudo, infinitamente trágico!
Que livro triste gente, me deixou sem ar em alguns momentos. Esse é para quem
curte os livros mais fortes do autor. Não ficou entre meus favoritos,
mas não deixa de ser uma leitura excelente, leiam!
Avaliação
(1 a 5): 3.5