A incendiária - Stephen King

>>  sexta-feira, 8 de junho de 2018

KING, Stephen. A incendiária. Rio de Janeiro: Editora Suma das Letras, 2018. 448p. Título original: Firestarter.

“-Então essa droga foi dada a elas, e talvez tenha mudado um pouco os cromossomos dessas pessoas. Ou muito. Quem sabe. E talvez dois tenham se casado e decidido ter um bebê, e talvez o bebê tenha herdado mais o que os olhos dela e boca dele. Não ficariam interessados nessa criança?
- Aposto que sim – refletiu Andy, agora com tanto medo que sentia dificuldade de falar. Ele já havia decidido que não ia contar para Vicky sobre a ligação para Quincey.
- É como quando a gente tem limão, é gostoso, e a gente tem merengue, e isso também é gostoso. Mas quando juntamos os dois, temos... um gosto totalmente novo. Aposto que iam querer ver o que essa criança seria capaz de fazer. Podem só querer pegar ela e deixar em um quartinho para ver se ela poderia ajudar a deixar o mundo seguro para a democracia. E eu acho que não quero dizer mais nada, amigão, só que... fique na sua.” p.71

Sou fã do Stephen King e é sempre uma alegria acrescentar mais um dos seus inúmeros livros na minha lista de leituras. Tenho meus favoritos, tenho aqueles que não gosto tanto, mas seu estilo único quase sempre me surpreende. O livro de hoje faz parte da coleção Biblioteca Stephen King (coleção de clássicos do mestre do terror em edição especial com capa dura e conteúdo extra). Hoje conto para vocês o que achei de A incendiária.

Andy e Vicky eram apenas dois universitários querendo ganhar uma graninha extra. É assim que eles se conhecem e vão parar em um experimento científico da Universidade. Eles pensavam que era apenas um estudo da psicologia, mas na verdade o estudo era comandado por uma organização governamental secreta, conhecida apenas como “a Oficina”.  Durante o experimento eles tiveram alucinações e não souberam se o que viram ou ouviram aconteceu de verdade. Um jovem que arrancou os próprios olhos? Outro que teve uma parada cardíaca? Talvez fosse apenas fruto da imaginação. Porém, após o experimento, os dois desenvolvem poderes psíquicos. Ele podia manipular a mente das pessoas, dar um impulso e conseguir que as pessoas fizessem o que ele queria. Ela tinha apenas uma pequena telecinese, conseguia mover objetos sem ao menos pensar direito.

Talvez tivesse terminado nisso, os dois sendo observados secretamente, mas seguindo a vida. Mas eles se apaixonaram, e tiveram uma filha. Charlie desde bebê herdou um poder forte e violento. Pirocinese, a capacidade de criar fogo com a mente. Mais velha ela também desenvolveu outros poderes, conseguia, por exemplo, tirar todas as moedas de um telefone público apenas com a mente.

O poder de Charlie era muito forte e precisava ser controlado. Desde cedo os pais a ensinaram que fazer fogo era ruim. Que Charlie deveria evitar isso a qualquer custo para não ser uma menina má.

Eles viveram assim por alguns anos, até que tudo muda. Eles descobrem sobre Charlie, torturam Vicky até a morte, e Andy precisa fugir para salvar a filha de apenas sete anos. O governo está à caça dos dois, tentando captura-la para estudar seu poder e utilizá-la como uma arma militar. Sem dinheiro, sem lugar para ir, eles fogem sem rumo. E usar o fogo, pode ser a única forma deles se defenderem.

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Lançado originalmente em 1981, eu imagino o quanto esse livro não surpreendeu naquela época. Humanos que sofreram “mutações” e ganharam poderes. Tanto que esse livro se encaixa mais como ficção científica, fugindo um pouco do estilo de suspense/terror do autor. Porém, no cenário literário atual, repleto de todo o tipo de sobrenatural/fantasia, não teve nada de novo. O mais tocante foi a pouca idade de Charlie para enfrentar tudo isso, no mais, para mim, era mais uma família X-men rs.  Um pouco por isso, um pouco pelo excesso de descrições e pela narrativa lenta, esse foi o livro que menos gostei do autor até o momento. E não foi só eu, com mais de 150.000 leitores no Goodreads, o livro tem a nota média de 3.86, bem baixa para os livros do Stephen King.

No início eu estava adorando, os protagonistas são excelentes. Senti muita pena de Andy, em sua corrida solitária para salvar a filha. Ele não tem recursos, usar seu poder demais gera dores de cabeça fortíssimas. Ele tem medo de em algum momento, forçar demais e simplesmente morrer. Não tem dinheiro, nem para onde ir. Ele só pega Charlie e segue sem rumo, na esperança de despistar os homens da Oficina que estão perseguindo os dois. Charlie é uma garotinha fofa. Ela odeia usar seus poderes, não quer machucar ninguém, mas acaba tendo que fazer isso para salvar ela e o pai.

Porém, o livro inteiro é isso. Os dois fugindo, a Oficina perseguindo, e só. Cansa a narrativa arrastada, que se repete com os mesmos acontecimentos. Eles fugindo, o desespero dos dois, a Oficina atrás, etc. Charlie não quer usar os poderes, chora, usa os poderes, se arrepende... É um ciclo que fez com que a leitura se arrastasse para mim. De repente temos um final com muita ação, mas que no final mesmo, foi decepcionante. Achei o final corrido, aberto, sem graça. King não é lá muito bom com finais, a maioria dos seus livros termina de forma abrupta e deixa o leitor no ar. Mas achei esse pior que o normal rsrs.

Já a edição está incrível! Essa coleção é muito linda. Capa dura, papel excelente, detalhes entre os capítulos, um sonho na estante. Além disso, essa edição tem um posfácio escrito pelo autor e um artigo sobre o livro escrito por Grady Henderson. O texto é interessante, apesar de eu ter achado bem viagem ele comparar o fogo e os cavalos com o “despertar sexual de uma jovem mulher”. Sério mesmo?!

Uma pena que o livro não me conquistou, acho que no geral, eu prefiro os livros mais novos do autor, como Novembro de 63 e Sob a redoma. Alguns clássicos também têm lugar no meu coração como O iluminado, sensacional, e A zona morta, entre outros. Nos comentários sobre esse livro, vi algumas comparações com Carrie, que fiquei bem curiosa para ler agora.

Para os fãs do autor é mais um livro lindo para se ter na estante, ainda mais com essa edição. Para quem não conhece muito Stephen King, não é uma obra que indico para começar. Quem já leu me conte se gostou!

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Avaliação (1 a 5): 2.5

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