Antes da Tempestade – Dinah Jefferies
>> sexta-feira, 23 de março de 2018
JEFFERIES, Dinah. Antes da Tempestade. São Paulo: Editora Paralela, 2017. 343p. (Título
Original: Before the Rains)
Sinopse: "Para conhecer o amor verdadeiro é preciso ser arrasado por ele.”
Rajputana, Índia, 1930. Desde a morte de seu marido, a jovem inglesa Eliza tem
como única companhia sua câmera. Determinada a se firmar como fotógrafa
profissional, ela acaba de aceitar um convite do governo britânico para se
hospedar durante um ano no castelo da família real local. Sua missão:
fotografar, para o acervo da Coroa inglesa, a vida no Estado principesco de
Juraipore. Ao conhecer Jayant, irmão mais novo do marajá, Eliza embarca na
aventura mais transformadora de sua vida. Acompanhada pelo príncipe rebelde e
misterioso, ela conhecerá uma terra marcada por contrastes — com paisagens de
beleza incomparável, cultura rica e vibrante e, ao mesmo tempo, a mais
devastadora das misérias. Enquanto Eliza desperta Jayant para a pobreza que
circunda o castelo, ele mostra a ela as injustiças do domínio britânico na
Índia. Juntos, descobrem uma afinidade de alma e uma paixão arrebatadora. Mas a
família real fará de tudo — até o impensável — para impedir a aproximação entre
o nobre indiano e a viúva inglesa.
Não tenho boas experiências com a autora deste
livro. A obra anterior publicada no Brasil, O
Perfume da Folha de Chá (resenhado aqui no Viagem, clique aqui para ver), me incitou verdadeiro
ódio e fez jus a primeira nota zero do ano, muito devido a seus anacronismos,
preconceitos e história com mais buracos que uma peneira.
Então o que me fez ler outra obra da autora, e
comentar com vocês? Não é uma necessidade patológica de falar mal de algo, pelo
contrário. A primeira obra me marcou tanto (negativamente, mas marcou), que eu
resolvi ler outra para saber se as falhas foram da primeira, ou se simplesmente
o problema é da autora. Enfim, #segundachance.
Novamente, o departamento de artes e design
gráfico da Editora Paralela está de parabéns: a capa é maravilhosa, exótica,
encantadora, chama atenção e destaca o livro entre diversos outros na loja.
Certamente é esse o motivo que alavancará as vendas do livro – sua capa
sedutora, que promete uma história envolvente, sexy, nostálgica e bonita.
E a história? Bem, Antes da Tempestade nos conta
a história de Eliza, uma jovem viúva inglesa nascida na Índia mas criada na
Inglaterra após o assassinato do pai, que retorna ao país para fotografar a
vida da província e da família real. Lá, encontra diversos homens que
rapidamente são enfeitiçados por sua pele branca, modos europeus e charme da
mulher diferente, mas é Jayant, o príncipe segundo na linha sucessória que
chama sua atenção. Juntos, eles se ajudam: ele a mostrar as paisagens e sair da
mesmice automática da vida palaciana, e ela a mostrar a pobreza miserável da
região, que clama por ajuda.
As minhas expectativas para este livro, dado a
péssima experiência anterior com a autora, eram as menores possíveis, e devo
ceder e assumir que neste sentido fui positivamente surpreendida. O livro está
longe de constar na minha lista de favoritos, mas não entrará na lista dos mais
odiados. Sem dúvida, está a anos luz do anterior.
A protagonista, Eliza, está anos luz a frente de
seu tempo, e é muito melhor do que aquela de O Perfume da Folha de Chá. Ela
conseguiu não me irritar, e isto é um ponto importantíssimo quando estamos no
processo de nos envolver com a história. Os demais personagens são uma mescla
de ruindade absoluta, totalmente desnecessários, intrigantes e excelentes.
Temos alguns excelentes na obra, e Jayant é um deles. Ele chega até a ser um
concorrente ao Top Piriguetagem do final do ano, com sua descrição sensual, sua
educação perfeita, seu ar exótico e sua postura política progressiva. Laxmi também
me agradava sempre que aparecia, e até mesmo a Dottie, outra inglesa e amiga de
Eliza, que acredito poder ser melhor explorada. Clifford, o representante
inglês, é tão estereotípico que dói, mas não me incomoda tanto quanto o grande
malvado da história, o Chatur, que quer tudo e todos em seu poder. Neste caso,
foi uma caracterização preguiçosa e infantil, que chega a dar raiva.
No mais, a história é bem conduzida, simples e um
prazer culposo, mas agrada. O que a autora peca, e sem chances de perdão, é nas
descrições simplórias e por vezes ridículas das paisagens e cultura local. Os
personagens secundários se apresentavam para a protagonista descrevendo o nome
dos seus cargos (que em algumas situações só foram cunhados anos luz depois da
época que o livro se passa), e uma descrição história e política com ares de
cópia do Wikipedia. Essas descrições só são boas nos momentos de falar das
cores e do vestuário vivo e gritante, no mais são dolorosas e impedem que o
livro seja bom.
Ainda acho que muitas pessoas vão comprar este
livro, e muitos mais vão gostar da história. Porém, existem obras melhores para
se envolver. De todo, me diverti... com culpa no coração, pois sabia que não
era um bom livro, mas me diverti. E isso fez valer as 2 estrelas que atribuo.
Até a próxima semana, e não esqueça de nos seguir no Instagram!
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