Piano Vermelho - Josh Malerman
>> segunda-feira, 30 de outubro de 2017
MALERMAN, Josh. Piano vermelho.
Rio de Janeiro. Editora Intrínseca, 2017. 320 p. Título original: Black Mad
Wheel.
Sinopse: Ex-ícones da cena musical de Detroit, os Danes
estão mergulhados no ostracismo. Sem emplacar nenhum novo hit, eles
trabalham trancados em estúdio produzindo outras bandas, enchendo a cara e se
dedicando com reverência à criação — ou, no caso, à ausência dela. Uma rotina
interrompida pela visita de um funcionário misterioso do governo dos Estados
Unidos, com um convite mais misterioso ainda: uma viagem a um deserto na África
para investigar a origem de um som desconhecido que carrega em suas ondas um
enorme poder de destruição. Liderados pelo pianista Philip Tonka, os Danes se
juntam a um pelotão insólito em uma jornada pelas entranhas mortais do deserto.
A viagem, assustadora e cheia de enigmas, leva Tonka para o centro de uma
intrincada conspiração. Seis meses depois, em um hospital, a enfermeira Ellen
cuida de um paciente que se recupera de um acidente quase fatal. Sobreviver
depois de tantas lesões parecia impossível, mas o homem resistiu. As
circunstâncias do ocorrido ainda não foram esclarecidas e organismo dele está
se curando em uma velocidade inexplicável. O paciente é Philip Tonka, e os
meses que o separam do deserto e tudo o que lá aconteceu de nada serviram para
dissipar seu medo e sua agonia. Onde foram parar seus companheiros? O que é
verdade e o que é mentira? Ele precisa escapar para descobrir. Com uma
narrativa tensa e surpreendente, Josh Malerman combina em Piano Vermelho o
comum e o inusitado numa escalada de acontecimentos que se desdobra nas mais
improváveis direções sem jamais deixar de proporcionar aquilo pelo qual o
leitor mais espera: o medo.
Minha primeira experiência com o autor
foi lendo Caixa de pássaros e foi, no mínimo, traumática. Quando peguei Piano
vermelho para ler, fiquei receosa e, ao mesmo tempo, torcendo para que dessa
vez tudo desse certo. Então, vamos ver o que achei?
Não sei o que me chamou a atenção
primeiro nesse livro: se foi a capa, que tem uma seringa com um líquido
vermelho que esperei muito que tivesse relação com o texto (por que não um
piano vermelho?); se foi o design do livro em si, com todas aquelas folhas
pretas nas primeiras páginas de cada capítulo; se foi a divisão da estória em
parte um e parte dois, o que sempre me deixa mais curiosa ainda; ou se foi o
tamanho de cada capítulo (alguns tinham apenas uma página). Pode ter sido tudo
isso junto e a maioria se mostrou no mínimo instigante ao final das contas.
Numa escala de um a cinco, nota cinco
para o design, para a cor e para o tamanho dos capítulos. Nota cinco também para a narrativa,
alternando entre presente e passado. O presente se passa em 1957, seis meses depois
da expedição da banda ao deserto. Gosto quando é contado assim, pois passado e
presente vão se entrecruzando e isso ajuda a compreender melhor o conflito e as
repercussões do passado que levaram ao resultado no presente. É verdade que nem
sempre isso funciona em todos os livros, porque a narrativa do passado pode se
mostrar gratuita, sem repercussão no presente, ou o passado é tão mal contado
que você precisa “adivinhar” qual a relação dele com o presente. Mas no Piano
vermelho deu tudo certo quanto a essa parte. O passado, isto é, a expedição ao
deserto para desvendar o som misterioso, termina quase na parte dois do livro e
se encaixa perfeitamente com o presente.
Adorei os personagens, mesmo após ter
lido que muita gente não os achou carismáticos. Ora, eles já haviam estado em
evidência no cenário musical e agora se encontravam no ostracismo! Talvez isso
explique esse comportamento deles. Shippei muito o casal que denominei “Philen”
e fiquei me perguntando se eu estava muito louca de querer que eles ficassem
juntos, já que o livro não tinha muito clima para isso. Fiquei com dó do que
acontece com Ellen no passado, achei ela até bem forte depois de tudo o que
passou e torci muito para que tivesse um final feliz. Torci também por todos os Danes e
fiquei muito curiosa pra descobrir o que aconteceu com eles na fatídica
expedição ao deserto, até porque o próprio enigma que precisavam desvendar já
causa curiosidade.
Uma outra crítica que li sobre o livro
foi que o acharam bem moroso. Não concordo, mas tenho certeza de que muita gente vai
achar. É denso, mas muito bem contado e explicado em sua maior parte. Parece
que estou nadando contra a maré das críticas né!? Mas, não. Concordo com todos
aqueles que disserem que, de repente, o livro vira uma correria sem fim. O
ritmo da narrativa muda. Parece que o autor decidiu, de uma hora para outra, que
precisava dar uma agitada nos acontecimentos, e isso não foi bom a meu ver.
E, assim, o final, infelizmente, foi
difícil de engolir. Estava adorando a leitura e morrendo de medo porque sabia
que ia “ter treta” no final (aquela que
estraga tudo). Estava realmente cética de que o autor iria apresentar um livro
100% bom depois do que aconteceu com Caixa de pássaros. E
não deu outra. Foi tudo muito corrido, os detalhes que permeiam a estória foram
sendo deixados de lado, ficando muito raso e falho, o que foi bem frustrante
para mim, mas não mais do que foi com Caixa de pássaros.
Quanto ao tal som misterioso do deserto,
bem… não cabe a mim dizer a origem dele, nem se Philip ou alguém a encontrou ou
do que se tratava. Pode ser que tenha sido esclarecido, pode ser que o
autor tenha deixado em aberto para que cada um desse a interpretação que
quisesse. Mas posso adiantar que essa parte o livro é basicamente conotativo,
simbólico. Para quem curte uma pegada mais literal, acho que não vai rolar uma
vibe boa.
Você ainda pode me perguntar: “por que piano
vermelho?” E a minha resposta vai ser: Não posso dizer! Só posso afirmar que
descobri a relação da seringa da capa do livro com o texto, e ela faz todo
sentido na estória!
Não dou certeza de que nunca mais vou
ler nada que o autor escreva, vai depender do que vai ser lançado aqui. Por
ora, para mim está empatado. O que tenho certeza é que eu indico este livro. Vi
que muita gente amou Caixa de pássaros e não amou Piano vermelho. Não foi meu
caso, pode ser que não seja o seu também. Então, leiam e me digam!
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Avaliação (1 a 5): 3,5