O histórico infame de Frankie Landau-Banks - E. Lockhart
>> sexta-feira, 27 de outubro de 2017
LOCKHART. E. O histórico infame de Frankie Landau-Banks. São Paulo: Editora Seguinte,
2013. 344 p. Título original: The Disreputable history of Frankie
Landau-Banks.
Sinopse: Aos catorze anos, Frankie Landau-Banks era
uma menina comum. Gostava de ler, participava do Clube de Debates e era a
princesinha da família. Mas nas férias de verão ela se transforma: de repente
surge uma garota cheia de curvas, com uma beleza inusitada. E essa
transformação física vem acompanhada de uma mudança de atitude: Frankie já não
aceita um “não” como resposta. Principalmente quando esse “não” significa que
ela não pode participar da sociedade secreta da qual seu namorado faz parte, só
porque é menina. Usando todas as suas habilidades (e alguns conhecimentos
adquiridos nas aulas), Frankie criará artimanhas para provar que pode ser ainda
mais genial que os membros da Leal Ordem dos Bassês (se escreve assim mesmo). E
a escola logo se tornará palco de pegadinhas até então inimagináveis.
Quando
bato o olho em um livro com título diferente ou bem grande, é certeza que vou
querer ler. Em 99% das vezes eu adoro a estória e fico muito contente pela
criatividade do autor não ter morrido no título. Mas não desta vez.
Nunca
tinha lido nada da autora. Os temas levantados por ela – o feminismo, o
machismo, a segregação – me interessam demais e fiquei muito curiosa para saber
como seriam discutidos no livro, quais seriam as atitudes da protagonista e dos
demais personagens.
Fiquei na expectativa em relação aos personagens no início, já que Frankie parecia ser uma garota forte, determinada, inteligente, disposta a
lutar pelo que acredita, apesar de sua pouca idade. Matthew, já estava pronto pra se tornar o crush literário
da vez, apesar de meu coração ter ficado inicialmente dividido entre ele e Alfa,
amigo de Matthew, por se mostrar de cara o rapaz bacana, espirituoso. Sem contar que fiquei
doida pra saber mais sobre a Leal Ordem
dos Bassês, que aparentemente se mostrava A sociedade secreta.
Entretanto,
à medida que os capítulos se seguiram percebi que nada do que tinha achado no
começo iria se confirmar. Frankie passa o livro todo
contradizendo os próprios princípios. De cara, é contado que o pai de Frankie
queria ter um filho. Contudo, como não foi possível, quando ela nasceu, foi
registrada com o nome de Frances, para que pudesse dar a ela um apelido próximo
ao nome do filho que o pai dela não teve. Daí, Frankie. Em um ato rebelde por
esse fato, penso que ela poderia muito bem ter exigido ser chamada pelo nome de
batismo e não pelo apelido.
Depois,
quando ela passa a namorar Matthew, se submete às regras do relacionamento
(implícitas, diga-se de passagem) impostas por ele. Ela,
que era do grupo dos “nerds” da escola, de repente passa o tempo todo ao lado
de Matthew e dos amigos dele e fica meio que reclamando, mas aceitando o fato
de que namorar com ele significa namorar também os amigos, já que muito
raramente eles ficam sozinhos.
Além
disso, Frankie sabe que a sociedade secreta existe (já que o próprio pai fez
parte dela), sabe que possivelmente Matthew é um membro, contudo, fica se
perguntando – Para onde será que ele está indo? O que vai fazer? – sempre que
ele desmarca um encontro ou sai no meio de um para se encontrar com o amigo sem
maiores explicações.E ainda se revolta quando confirma suas suspeitas sobre a
participação dele na Leal Ordem dos Bassês.
É
quando ela resolve “sabotar” a sociedade secreta. Nesse momento, o que me veio
à mente foi que a motivação dela estava relacionada mais ao ciúme que tinha da
amizade entre Matthew e Alfa do que à necessidade de provar que ela, sendo uma
menina e não podendo participar da sociedade, era melhor “mandante” das
pegadinhas feitas pela sociedade secreta do que o próprio “Rei bassê”.
Cabe,
ainda, alertar sobre um tal de “positivo negligenciado”, uma invenção de
Frankie, em toda sua sabedoria e inteligência. Para que você, caro leitor,
entenda porque essa invenção se mostrou tão desnecessária e inútil, explico que
“positivo negligenciado” são palavras utilizadas comumente como negativas, mas
não em sua versão positiva, ficando esta versão da palavra, portanto,
negligenciada. Para evitar que isso aconteça com as pobres palavrinhas, Frankie
as utiliza no dia a dia, o que irrita os demais personagens e os faz
pensar que ela é louca, e eu concordei com eles (que chaaataaaaaa).
Deixo aqui alguns exemplos de positivo negligenciado, mas, por favor, não
tentem isso em casa: epto (positivo de inepto); petuoso (positivo de
impetuoso); criminar (positivo de incriminar), e por aí vai.
E,
assim, vemos uma protagonista que defende a causa do feminismo, mas ao mesmo
tempo age totalmente em sentido contrário. E, convenhamos, defende para quem
(?), se ela tenta provar que é mais esperta e inteligente que os meninos, mas
não conta para ninguém, faz tudo escondido, e quando alguma menina do colégio
age como uma menina “normal”, ela não fala nada no sentido de mudar o
pensamento da coleguinha? A pergunta que fiquei me fazendo foi: se ela queria
tanto provar sua esperteza e sagacidade e tudo o mais, por que ela mesma não criou
uma sociedade secreta, uma de verdade, ativa, para depois sambar na cara de
todo mundo? Isso porque a sociedade dos meninos não fazia nada de útil, e ela
se rebaixou a questionar algo desse tipo.
Passando
aos demais personagens, não gostei de quase ninguém, rs. Alfa, realmente, só
pareceu um cara legal no primeiro momento. Nos seguintes enxerguei nele aquele
menino da escola que se acha engraçado e o maioral, quando na verdade não é
nada disso.
Matthew,
machista, egoísta, infantil... um personagem que te engana direitinho no
início, mas depois decepciona tanto quanto os demais. Além de tudo, é burro. Em
determinado momento, ficou mais do que evidente que Frankie estava por trás das
pegadinhas e, mesmo que ela esfregue a verdade na cara dele, o assunto morre no
parágrafo seguinte, sem que ele perceba qualquer coisa. Não deu pra engolir
tanta ingenuidade.
Vamos
falar sobre a Leal Ordem dos Bassês? Assim como todo o resto, inútil.
Frustrante. Quando Frankie descobre o esconderijo deles e o que eles fazem
quando se reúnem – tanto ela quanto eu ficamos na expectativa –, fiquei com
vontade de abandonar o livro. E com mais raiva ainda da Frankie, porque depois
de descobrir o quanto a sociedade é ridícula, patética, ela ainda ficou
querendo, a todo custo, fazer parte. Uma idiota, querendo fazer parte de uma
sociedade secreta idiota, com membros idiotas. Resumindo,
havia muitos outros meios de Frankie provar o que ela queria, e ela foi pelo
único caminho que não devia.
E
o título? No contexto, foi desnecessário um título tão diferentão e atraente.
A
única personagem de que gostei de verdade e que apareceu muito pouco ao longo
do livro foi a Zada, irmã mais velha da Frankie. Todas as vezes que foi
intimada pela irmã a dar opinião, foi muito sensata, contudo, consigo
imaginar tudo entrando por um ouvido da Frankie e saindo imediatamente pelo
outro.
O
final deixou a sensação de inutilidade de todo o resto da estória. Pra que
aquilo tudo para o desfecho ser aquele? Foi mais do mesmo, Frankie sendo
Frankie.
O
que me restou, no fim, foi uma grande decepção. O enredo que tinha tudo pra
arrasar, não colou. Com certeza entrou pra lista de “não indico jamais”. Ótimo só
para ensinar como não defender uma causa em que você acredita.
Enfim,
caso alguém tenha lido e discorda de minha opinião, me conte! Vou adorar saber
sua visão sobre tudo! Esta foi a minha. Vi no skoob que a nota é boa e as resenhas,
em sua maioria, enaltecem a estória. Para mim não funcionou, uma pena.
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Avaliação (1 a 5):