Garoto 21 – Matthew Quick
>> sexta-feira, 19 de maio de 2017
QUICK,
Matthew. Garoto 21. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2016. 272p. Título
original: Boy21.
Sinopse: Repetir um
movimento várias e várias vezes ajuda a clarear a mente uma lição que Finley
aprendeu muito cedo, nas quadras de basquete. Numa cidade comandada pela
violência do tráfico e da máfia irlandesa, vestir a camisa 21 e dar o sangue em
quadra é sua válvula de escape. Vinte e um também é o número da camisa de
Russ, um gênio do basquete. Ou pelo menos era. Recém-chegado à cidade de
Bellmont depois de ter a vida virada de cabeça para baixo por uma tragédia, a
última coisa que ele quer é pegar de novo numa bola. Russ está confuso,
parece negar o que lhe aconteceu e agora se autointitula um alienígena de
passagem pela Terra. Finley recebe a missão de ajudá-lo a se recuperar e, para
isso, precisará convencê-lo a voltar a jogar, mesmo sob o risco de perder seu
lugar como estrela do time. Contra todas as probabilidades, Russ e Finley
se tornam amigos e, por mais estranho que pareça, a presença de Russ poderá
transformar a vida de Finley completamente.
Matthew
Quick foi uma das descobertas que tenho orgulho de ter feito. Começou com um
post no meu site de cinema favorito mencionando
que ele era autor de O Lado Bom da Vida (Filme que rendeu o Oscar à
queridinha da América Jennifer Lawrence) e que uma outra obra de sua autoria, Perdão,
Leonard Peacock, foi vendida para dramatização. Isso aguçou meu interesse
e me fez procurar mais sobre o autor, simplesmente pelo fato de realmente ter
gostado da narrativa do filme blockbuster.
Após isso,
todas suas obras foram para a lista de desejados do Skoob, e comecei com O
Lado bom da Vida (que entra na seleta categoria de Filmes Melhores que o Livro – tema de um futuro Viagens da
Alice). Após isso, descobri o amor, a dor e a compaixão com um favorito 5
estrelas ( o que vocês já devem ter visto que é MUITO raro para mim), chamado Quase uma rockstar. Depois disso seria muito difícil amar outro livro do
autor não é mesmo? É, é sim! (Leitores do livro entenderão a magia de falar
igual a Amber, não é mesmo? É, é sim!).
Para o
próximo livro, Sorte do Agora só JC e as DCPC com um abraço de urso
bem apertado no BBB ou Triplo B (de novo, entendedores entenderão!) salvariam
de uma nota baixa, pois as minhas expectativas estavam nas alturas. E se tem
uma coisa que eu detesto é ficar desapontada com um livro. Infelizmente foi
isso que aconteceu, e fui de um 5 estrelas para um 2 estrelas.
Para este
livro, deixei um tempo passar e todo o fuzuê que Quase uma rockstar causou sossegar, para ter uma leitura mais imparcial e sem grandes
expectativas. Até então, meu ranking Matthew Quick estava assim:
- Quase uma Rock Star
- O Lado Bom da Vida
- A Sorte do Agora
Aí entra
Garoto 21. A história de um menino de família imigrante irlandesa, habitante de
um bairro predominantemente negro e nada, mas nada tranquilo dos Estados Unidos
e sua namorada. O menino é quase um mudo funcional, e sua linguagem é o
basquete. Ele é bom, esforçado, mas nada mais do que isso (ele devia mudar para
o Brasil, seria o melhor jogador do país). Sua namorada é excepcional, e o
namoro dos dois consiste em beijinhos, abraços e muito, mas muito treino. Aí
entra o Garoto 21. Um ser extraterrestre, com poderes extraordinários que não
são da Terra. Ele é um jogador fantástico, vítima da violência brutal, que
encontra no espaço sideral um escape para seus problemas terráqueos. Quem quer
ser da Terra quando neste planeta pais são assassinados? Marte é o lugar certo,
e o melhor amigo de um ET deslocado é um garoto também deslocado, quase mudo. As
vezes, realmente, o silêncio é a melhor conversa.
Bom, eu sei
que o parágrafo acima ficou um pouco confuso, mas é a melhor maneira que
encontrei para descrever o livro. A história tem o toque de Quick, que trata
com leveza e simplicidade temas cruéis e sofridos. Temos personagens
carismáticos e cenas até simpatizantes. O livro não é grande e a leitura não
demora nem um dia. Esses são pontos positivos, mas mesmo assim não foi capaz de
me empolgar como seus antecessores.
A história
me pareceu corrida demais, os “mistérios” foram arrastados e revelados sem
muito tempo para assimilarmos. Mas o pior, o que realmente me incomodou, foram
2 personagens: o técnico do time e o professor orientador da escola. Bulling é
pouco para o que um fez, e o outro foi tudo menos compreensivo. Ele pediu muito
de um menino que só tinha uma alegria na vida, não pensou nas outras pessoas e
nem em como aquilo poderia o afetar. E nem ao menos ofereceu uma palavra de
consolo, conforto. Diante da perspectiva de perder o que mais lhe importava – a
vaga de titular – para alguém claramente melhor, o técnico não entendia o drama
do menino, e simplesmente falava “ele é extraordinário, você não entende”? Como
ele vai entender? Cabe ao técnico ter tato, saber lidar com a situação e
entender que há mais de uma via em jogo ali. E isso me deixou com muita raiva.
Talvez essa
situação tenha mexido em uma ferida aberta de minha vida e por isso me
incomodou tanto, mas não acho que a situação foi tratada pelo autor de um jeito
salutar. Tudo bem que os heróis da vida real não são perfeitos, mas achei muito
errado o jeito que os personagens adultos lidaram com os adolescentes.
O lado bom é
que esse livro mexeu comigo. Me fez sentir, e isso é importante. No final,
decidi dar a nota 2 (uma média, para mim), por causa do desenvolvimento dos
personagens adultos e da maneira com que o final ficou corrido.
Se eu
indico? Eu sempre indico Matthew Quick! Leitura de um dia, algo diferente, algo
profundo e sério com uma leveza que só o autor sabe dá.
E dito isso,
aí vai meu ranking:
- Quase uma Rock Star
- O Lado Bom da Vida
- Garoto 21
- A Sorte do Agora
Notem que o
livro que me fez procurar o autor, Perdão, Leonard Peacock ainda não foi
lido. Os últimos serão os primeiros e vice-versa. Quem sabe esse consegue
seguir esse ditado e subir para o número 1?
Tomara!
Quero outro 5 favorito em minha vida!
Adicione ao seu Skoob!
Avaliação (1 a 5):