O navio das noivas - Jojo Moyes
>> quinta-feira, 1 de setembro de 2016
MOYES,
Jojo. O navio das noivas. Rio de Janeiro:
Editora Intrínseca, 2016. 384p. Título original: The ship of brides.
"Em
1946, a Marinha Real entrou na última etapa do repatriamento de esposas do
pós-guerra, aquelas mulheres e meninas que haviam se casado com oficiais
ingleses em serviço no exterior. A maioria seguiu em navios para transporte de
tropas ou em embarcações contratadas para essa missão específica. Em 2 de julho
de 1946, no entanto, cerca de seiscentas e cinquenta e cinco esposas de guerra
australianas embarcaram para uma viagem excepcional: a travessia no
porta-aviões HMS Victorius para encontrar seus maridos ingleses. Elas tiveram a
companhia de mais de mil e cem homens, além de dezenove aviões, em uma viagem
que durou quase seis semanas. A esposa mais jovem tinha quinze anos. Pelo menos
uma delas ficou viúva antes de chegar ao destino. Minha avó, Betty McKee, foi
uma das felizardas que tiveram sua fé recompensada. Este livro de ficção,
inspirado por essa viagem, é dedicado a ela e a todas aquelas esposas que
tiveram coragem suficiente para acreditar em um futuro incerto do outro lado do
mundo.” Jojo Moyes em julho de 2004. p.9
Como
vocês podem ver acima, o livro foi inspirado em uma história real, embora seja
uma obra de ficção. A avó da romancista Jojo Moyes
foi uma das esposas de guerra, que enfrentou inúmeras provações deixando tudo o
que conhecia para trás na Austrália e enfrentando uma longa e dura viagem até a
Inglaterra, onde reencontrariam seus maridos soldados, depois de uma longa
separação. Confiram minha opinião sobre O
navio das noivas.
Austrália,
1946
Maggie vive com o pai e seus
irmãos, enquanto aguarda ansiosamente o reencontro com o marido, Joe. Ela é uma das selecionadas para
embarcar no HMS Victorius, o navio que irá conduzir mais de seiscentas mulheres
da Austrália para a Inglaterra. Maggie está ansiosa pelo reencontro, mas também
sente muito medo. Está deixando para trás todos os que ama, indo rumo a uma vida desconhecida, enquanto carrega um bebê em sua, enorme, barriga.
Avice, 21 anos, é a jovem e
bela filha de um rico empresário, o maior fabricante de rádios de Melbourne.
Ela se preocupa muito com as aparências, egoísta e ambiciosa, faz de tudo para
conseguir o que quer. Se apaixonou e deu um jeito de se casar rapidamente com Ian Stewart Radley, antes que ele
voltasse a servir. Ela acha que o navio horrível, e acredita que a maioria das passageiras está bem abaixo
de sua classe social, mas está disposta a enfrentar todos os desafios para
reencontrar seu marido.
Jean, 16 anos, é uma das
esposas mais jovens. De origem simples e sem instrução, não sabe como se
comportar em uma situação tão inusitada. Acaba se metendo em muita confusão,
mas suas esperanças estão no reencontro com o marido, Stan.
Francis Mackenzie é uma enfermeira
experiente, que ajudou muitos homens extremamente feridos na guerra. Agora, tem
a chance de começar uma nova vida. Calada e muito fechada, ela é uma mistério
para suas três colegas de cabine.
O
capitão Highfield não está contente
ao ver seu enorme porta aviões repleto de mulheres. A combinação de seiscentas
jovens senhoras e mais de mil soldados e tripulantes é bastante assustadora.
Ele tem medo do que pode acontecer a bordo, serão quase seis semanas de muitas
provações.
~~~~~~~~
Juntamente
com Em
busca de abrigo e A
casa das marés, esse é um dos primeiros livros publicados pela autora, saiu
em 2005 nos EUA. E para mim, é visível o quanto sua narrativa foi melhorando com
o passar dos anos. Não falo do enredo, sempre acho as ideias da autora ótimas, mas da escrita e do desenvolvimento em si.
Achei
a narrativa bem truncada, não só é excessivamente lenta, como também tem alguns
diálogos mal escritos; algumas vezes eu tinha que voltar no texto para entender
quem estava falando. São muitos personagens e o enredo não é simples, mas a
ideia é tão boa que poderia ter sido muito melhor explorada.
Falando
da história em si, achei a trama muito interessante. As quatro personagens
principais são bem construídas e você logo se apega a algumas moças. Torci
muito para que tudo desse certo e fiquei morrendo de medo de algo ruim
acontecer. Maggie, Avice, Jean e Frances acabam, claro, dividindo uma cabine.
De origens diferentes e com pouco em comum, elas irão amadurecer muito durante
a viagem, enquanto aprendem a conviver. Vários problemas atingem o navio e as
passageiras. As acomodações são ruins, falta água, o calor é enorme, a
tripulação nem sempre as trata com respeito, o médico é um alcoólatra e as
regras são muito rígidas. Por causa dessas regras acontece algo que ainda não me
conformei. Ainda mais porque depois não sabemos mais nada sobre o personagem
envolvido.
Dentro
os homens também alguns se destacam. Henry Nicol é um fuzileiro naval que está
passando por problemas pessoais, e acaba se solidarizando com a situação das
moças e tentando ajuda-las. Enquanto isso, começa a desenvolver um sentimento
impróprio por uma das protagonistas, considerando que são todas senhoras casadas. O
mecânico Dennis Tims é outro personagem interessante, que quebra um pouco a
rigidez dos soldados, com seu jeito descontraído. O capitão foi outro de quem
gostei, tive pena por tudo o que ele sofreu.
Muitas
situações poderiam ter sido melhor exploradas. A autora focou muito no aspecto
físico do porta-aviões, os cenários são descritos de forma vívida, deixando a
leitura muito lenta em alguns momentos. Apesar disso, o final foi muito bom.
Gostei da revelação final (no prólogo ficamos conhecendo uma avó, que sabemos
que é uma das quatro moças, mas não sabemos quem está narrando).
A
edição está linda, adorei essa capa. Ainda mais se compararmos com a capa
medonha original. Não é nem de longe dos melhores da autora, apesar de eu
adorar romances que se passam no período pós-guerra. Vejam bem, o livro não é
ruim, eu gostei muito da leitura, mas meu nível de exigência com a Jojo é alto
rs. Quem leu me conte o que achou. Leiam!
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