Sob o céu do nunca - Veronica Rossi
>> quinta-feira, 19 de novembro de 2015
ROSSI,
Veronica. Sob o céu do nunca. Rio de
Janeiro: Editora Rocco, 2015. 336p. (Never Sky, v.1).
Título original: Under the never sky.
“- As nuvens
se dissipam? – perguntou ela.
-
Completamente? Não. Nunca.
- E quanto ao
éter? Ele some em algum momento?
- Nunca, Tatu.
O Éter nunca some.
Ela olhou para
cima.
- Um mundo de
nuncas sob o céu do nunca.” p. 116
Distopia é
um gênero que eu ainda curto muito, mesmo achando complicado achar algo
diferente e que surpreenda, a fórmula ainda não me desagrada. Esse livro foi
muito elogiado (foi lançado pela Editora Prumo em 2013) e me deixou curiosa, a autora
é brasileira, mas vive na Califórnia, onde seu primeiro livro foi
originalmente publicado. Confira o que achei do primeiro volume da trilogia com
Sob o céu do nunca da Veronica
Rossi.
Ária nasceu e cresceu na
cidade subterrânea de Quimera. Ela nunca viu o lado de fora, conhecido como “loja
da morte”, o que é tudo que precisa saber sobre o exterior. Vive em segurança
com a mãe, Lumina, uma cientista que
passa muito tempo em outros núcleos. A única coisa que ela conhece do exterior é através da realidade virtual. Presos, mas com um mundo à disposição.
Eles navegam o tempo todo pelos Reinos, um tipo de realidade virtual que já
está acoplado na rotina de todos. Só lá eles se encontram, se tocam, se
divertem.
Quando
Lumina fica sem dar notícias, depois de ter ido para o núcleo de Nirvana, Ária
se aproxima de Soren para obter
informações. Ele é filho de alguém influente e pode ajuda-la. Quando tudo dá
errado, Ária é enviada para morrer no exterior. Suas chances de sobrevivência
são quase nulas, se não morrer de doença ou de fome, será morta pelas
tempestades de éter.
Peregrine “Perry” é um olfativo, um
caçador em um mundo árido e impiedoso. Ele também é um vidente, um dom que o
permite enxergar a noite. Ele entra em território proibido procurando uma forma
de ajudar seu sobrinho, mas acaba encontrando uma Ocupante. Ela
é frágil, mimada, não sabe de nada. Ele é implacável, um lutador. Eles não têm
nada em comum, mas precisam fazer uma aliança. E isso, muda tudo.
“Eles se
aproximaram como se alguma força invisível os impulsionasse na direção um do
outro. Ária olhou para as mãos que se entrelaçaram, sentindo a sensação do
toque dele. Um toque morno e calejado. Macio e áspero ao mesmo tempo. Ela absorveu
o terror e a beleza dele e de seu mundo. De todos os momentos vividos nos
últimos dias. Tudo isso a preenchendo, como se fosse o primeiro sopro de ar a
encher seus pulmões.” p.227
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A
leitura é empolgante, desses enredos emocionantes que prendem o leitor numa
corrida alucinante. Eu devorei o livro, curiosa para saber o
final. Torci pelos dois personagens, gostei da ambientação e da escrita da
autora.
Mas
isso não quer dizer que eu tenha amado, acredito que o público mais jovem ou
que leu poucos livros desse gênero vai amar... Eu já estou escolada em
distopia, já leio e vejo muitas semelhanças com outras histórias. Tem as
semelhanças clichês de sempre: mundo pós-apocalíptico, casal de opostos, um
deles cego para os problemas no mundo em que vive etc. E outras coisas que me
lembraram muito de Silo,
por exemplo, porém Silo é um livro
adulto e com um enredo bem mais plausível. A realidade virtual é explorada de
forma muito ampla e avançada, o que foi um dos fatores a me incomodar; isso e o
fato de nada sobre o governo ou sobre a sociedade tenha sido bem explicado. O
que me incomodou nos Reinos por onde eles navegavam é a tecnologia envolvida.
Se eles conseguiram desenvolver algo tão surreal, tão avançado, um sistema
implantado em cima de um dos olhos, que permite navegar em quaisquer
realidades, eles com certeza conseguiriam desenvolver algo que permitisse
voltar a viver no exterior. Talvez se a parte distópica fosse melhor explorada,
eu teria entendido melhor esse ponto.
Depois
é tudo um pouco previsível, os dois se odiando, os dois deixando de se odiar,
etc e tal. O início me surpreendeu, mas os desdobramentos foram o esperado.
Os protagonistas são bons, Ária se adaptando rápido a todas as mudanças, e ela é
uma menina legal, não é cheia de frescura e mimimi. Perry com seu jeito
solitário, mas tão fofo. Gostei dos personagens secundários e da forma como
eles se relacionavam e viviam.
No
geral eu curti a leitura, acredito que o segundo possa ser melhor. A
autora soube se destacar e construir um enredo interessante. Quem leu me conte
o que achou, leiam!
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Trilogia Never Sky da Veronica Rossi
- Sob o céu do nunca (Under the never sky)
- Pela noite eterna (Through the Ever Night)
- A caminho do azul sereno (Into the Still Blue).
Avaliação (1 a 5): 3,5