Pequenas grandes mentiras - Liane Moriarty
>> segunda-feira, 19 de outubro de 2015
MORIARTY, Liane. Pequenas grandes mentiras. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2015.
400p. Título original: Big little lies.
“Detetive Adrian Quintan: Ainda não
prendemos ninguém. Mas posso afirmar que estamos convencidos de que já falamos
com a pessoa ou as pessoas envolvidas.
Stu: Acho que
ninguém, incluindo a polícia, tem a menor ideia de quem fez o quê.” p.90
Um assassinato. Ou um acidente. Alguém está
morto. Mas quem morreu? Depois do sucesso de O
segredo do meu marido, a australiana Liane Moriarty nos presenteia com mais
um romance sombrio, misterioso, inteligente e bem humorado. Confira minha
opinião sobre Pequenas grandes mentiras.
Nada poderia ser mais agradável do que uma escola com vista para uma bela praia, é lá onde todas as crianças da
cidade estudam, na Escola Pública de Pirriwee. As mães do jardim de infância estão ansiosas, seus
filhinhos de 5 anos irão começar a estudar esse ano. Em
uma cidade onde todos se conhecem, tudo é notícia.
Madeline Martha Mackenzie, uma mulher
forte e decidida, está estressada e ansiosa, o que é compreensível. Acaba de completar 40 anos e vive preocupada com sua aparência. Ter
uma filha adolescente, Abigail, 14 anos, e duas crianças pequenas, Fred
de 7 e Choe com 5 anos, não
ajuda. Seu marido, Ed, não costuma se
preocupar muito com as loucuras da esposa, é impossível controlá-la, ainda mais
se o assunto for seu ex-marido... No passado Nathan foi capaz de abandonar a esposa
e a criança recém-nascida, sumir da vida das duas, mas agora, tantos anos
depois, achou normal voltar e virar o pai do ano, se casar e esfregar a esposa jovem na
cara dela. E ainda matriculou a “nova” filha na mesma escolinha. Sua esposa Bonnie agir como uma santa não ajuda,
nem o fato dele fazer de tudo
para se redimir com Madeline, enquanto cuidam de sua filhinha, Skye. Ela e Choe vão ser da mesma sala,
Madeline já ensaia o que fazer se a filha resolver adotar aquele ratinho como
amiga.
“Bonnie
fizera planos para a família toda trabalhar em um abrigo na manhã de Natal. ‘Eu
simplesmente odeio esse consumismo do Natal, você não?’, dissera ela a Madeline
semana passada, quando haviam se esbarrado nas lojas. Madaline estava fazendo
compras de Natal, e tinha dezenas de sacolas enroladas nos punhos. Fred e Choe
estavam chupando pirulitos, os lábios com um tom gritante de vermelho. Enquanto
isso, Bonnie carregava um bonsai em um pote, e Skye andava ao lado dela comendo
uma pera (uma pera, porra, contara Madaline a Celeste depois). Por alguma
razão, ela não conseguia superar aquela pera.” p.54
“E, tudo
bem, porque nenhuma adolescente queria se parecer com a mãe, Madeline sabia
disso, mas por que Abigail não podia admirar alguma celebridade qualquer
viciada em drogas? Por que tinha que ser a maldita mulher do pai?”p.342
Celeste White, mãe dos gêmeos Josh e Max de 5 anos, é
uma mulher invejável. Linda, magra, rica, com uma casa fantástica e um
marido, Perry, que além de milionário, é lindo, rico e perfeito, os dois ainda parecem estar apaixonados. Celeste e
Madeline ficam amigas da nova mãe da cidade, uma moça jovem e solteira.
Jane Chapman, 24, acaba de se mudar com o
filho de 5 anos, Ziggy. Ela ainda
não entende toda a dinâmica do jardim de infância, dos grupos de mães, das
muitas atividades e das fofocas. Ela só quer recomeçar, esquecer o passado e
seguir em frente. Sempre foram só os dois, ela e seu lindo e carinhoso menino.
Os pais e os irmãos ajudam muito, mas ela precisa ser a melhor mãe do mundo
para o filho. Quando Ziggy é acusado de bullying em seu primeiro dia na escola, as
opiniões se dividem.
Renata Klein é a mãe de Amabelle, a linda garotinha que acusou Ziggy de agredi-la no dia
da orientação. Seu marido Jackson não
se mete, a nova babá francesa Juliette parece
distraída demais, mas a mãe está furiosa. Ela exige penalidades, grita e
esbraveja. E é aí que tudo começa, as pessoas se dividem, as tenções vão
aumentando e tudo vira um caos. Patrícia
Lipmann, diretora da escola, tenta controlar os pais, a jovem professora
Sra Rebecca Barnes, está a cada dia
mais perdida. Seis meses depois, na noite de encontro dos pais, uma pessoa
morre.
“Ela olhou
para o assento ao lado de Choe, onde estava Ziggy, com um enorme bicho de pelúcia
no colo, Ziggy era o motivo de eles estarem lá, ela se lembrou. O pobre Ziggy
não iria para a festa. O contadinho do Ziggy, órfão de pai. Que talvez fosse um
psicopata praticante de bullying... mas mesmo assim!” p.125
~~~~~
Depois da resenha ficar gigante..., o mínimo que
vocês podem fazer por mim é ler tudinho. :-D
E me darem um desconto, porque eu
amei tanto esse livro, tanto!! A premissa básica é que no início já sabemos que
alguém morreu, mas não sabemos quem, nem se foi acidente ou assassinato. Entremeando
nos capítulos, temos pequenos depoimentos de quase todos os personagens,
contando o que aconteceu na fatídica noite. O “quase todos” é o x da questão,
vários estão ausentes, e passei o livro todo tentando adivinhar quem morreu.
Você conhece os personagens e vai gostando deles, e fica desesperado para saber
o que aconteceu. A narrativa é perfeita, a autora solta piadinhas o tempo todo,
e mistura frases como “eu seria capaz de mata-la”, “coitada de tal pessoa, ela não
merecia o que aconteceu”, ou “merecia morrer lentamente”, você fica sem saber se é uma pista ou se estão falando de boca para fora.
A narrativa volta seis meses antes da tal
morte, e se alterna entre as três personagens principais: Madeline, Celeste e
Jane. São mulheres comuns, mulheres incríveis. Você vai
conhecendo aos poucos cada uma delas, torce por elas e quer que - "Por favor,
Liane Moriarty, nunca te pedi nada!" -, não seja uma delas a vítima. Madeline é a
mais engraçada, muito desbocada, e maluquinha. Suas brigas com o ex, com a filha, com o
mundo, são impagáveis. Celeste tem muito mais problemas do que as pessoas
imaginam, sofri por ela. Jane também, tentando começar de novo, se livrar de
algo terrível que aconteceu no passado. E quando faz duas amigas e acha que as
coisas vão melhorar, seu filhinho é acusado de bullying e vira a escória da
cidade.
E o leitor se questiona de tudo! Quem matou,
quem morreu, ou ninguém matou e foi acidente? O menininho fez mesmo bullying ou
não. Se não, quem fez então? Aquelas crianças fofas de 5 anos, como uma delas
pode estar machucando outras? As mães coadjuvantes, que só servem para aumentar
as fofocas. Pequenas pistas ao longo do livro, com os depoimentos e com a
narrativa em si. Eu fiz listas, anotei quem faltava nos depoimentos, mudei de
vítima várias vezes, mas no fim acertei quem morreu. Mas troquei tanto de
opinião que meu palpite nem foi tão válido assim hehe.
O livro trata de temas muito sérios. Aborda principalmente
o bullying, mas fala também de violência domestica, estupro, traição. E quando
digo bullying, não estou falando apenas da escola e das crianças, estou falando
principalmente dos pais. As fofocas maldosas, os atos de exclusão das pessoas
dos círculos sociais, a crueldade. Os cenários da autora me lembram muito a
série de TV, já finalizada, Desperate
Housewives, onde famílias, aparentemente, normais e perfeitas, guardam segredos perturbadores.
E por falar em série de TV, os direitos do livro foram comprados pela HBO e a história irá virar série de TV. E de peso, a
atração será produzida por David E.
Kelley e terá Nicole Kidman e Reese Witherspoon como protagonistas.
Cruzando os dedinhos para serem fieis a história, vai arrasar.
Com certeza um dos favoritos do ano, livro simplesmente
perfeito. De um lado o suspense, de outro gargalhadas com o jeito bem humorado da
narrativa. É um livro que todos precisam ler (vou ficar arrasada se vocês não
amarem), então leiam! Parem tudo e vão ler agora! *.*
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