A linguagem das flores - Vanessa Diffenbaugh
>> terça-feira, 16 de junho de 2015
DIFFENBAUGH,
Vanessa. A linguagem das flores. 2
ed. São Paulo: Editora Arqueiro,
2015. 304p. Título original: The language of flowers.
“Relaxei os
braços e os vasos de flores deslizaram do meu colo em câmera lenta, parando ao
lado das minhas coxas na calçada íngreme. As mãos de Grant pousaram sobre meus
joelhos. Eu as peguei, levei-as ao rosto e as apertei contra meus lábios,
minhas bochechas e minhas pálpebras. Enlacei as mãos dele em volta da minha
nuca e o puxei mais para perto. Encostei minha testa na dele. Fechei os olhos e
nossos lábios se tocaram.”p.150-151
Quando
esse livro foi lançado não me interessei muito por ele, talvez por não ser
muito ligada a flores, não sei. Mas todos que leem amam, falam maravilhas,
choram... Pronto, fiquei curiosa. Hoje conto para vocês o que achei sobre A linguagem das flores da Vanessa
Diffenbaugh.
Victoria Jones nunca soube o que era
amar, o que era ser protegia ou ter segurança. Filha de pais desconhecidos,
cresceu em diferentes lares adotivos, uma criança arredia, revoltada, que as famílias
viviam devolvendo quando fazia algo errado. Depois vieram os
abrigos, quando foi considerada inapta para a adoção. Aos 18 anos é
emancipada, e sem ter onde ficar, passa a dormir nas ruas. E entre
as árvores de um parque, planta seu pequeno jardim particular.
Victoria se
apaixonou pelas flores ainda criança, aprendeu o que chama de “linguagem
das flores” e suas mensagens secretas.
Madressilvas para devoção, azaleias para paixão, rosa vermelha para
amor. Ela sempre as usou para enviar mensagens de dor, solidão, ódio e
desconfiança. Peônia para raiva, Cravo amarelo para desprezo, Girassol falsa
riqueza etc. Tudo o que ela sabia, aprendeu com Elizabeth, a única mãe adotiva de quem gostou. A única que a amou,
a única que Victoria amou, antes de por tudo a perder.
Renata, uma florista local,
percebe o talento da moça para os arranjos e lhe oferece emprego. Ela começa a
organizar sua vida, alugar um cantinho para dormir, fazer planos. Até que
reencontra um vendedor na feira de flores locais, alguém de seu passado, Grant. Ele irá fazer com que ela pense no passado e nas decisões que mudaram sua vida. Victoria precisa decidir se é capaz
de ter sentimentos, se é capaz de ser mais, de ser alguém que sente, que ama, que não foge.
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Que
livro lindo! É emocionante a forma como a autora consegue transmitir tantos
sentimentos através das flores, pelos olhos de uma menina que achava
não ter nenhum sentimento. O enredo é excelente, a história é bem desenvolvida
e o leitor se apega muito à protagonista. E olha que ela vai fazer muita
besteira, fugir, se esquivar, cometer muitos erros. Porém, ao contrário de
muita protagonista cheia de frescura por aí, Victoria tem motivos para ser como
é, para ser tão arredia, desconfiada e solitária.
As
coisas pelas quais passou quando criança, acabaria com a alma de qualquer
pessoa. Tem uma cena no livro, onde uma das suas “mães adotivas” pergunta o que
ela mais gosta e o que menos gosta de comer.
A criança responde que o que mais odeia é ervilha. A maldita coloca um prato de ervilha congelada na
frente da menina, e diz que se ela estiver mesmo com fome, é isso que irá comer.
Três dias depois, morrendo de fome, ela come o prato todo, passa mal, a maldita
ordena que coma novamente. Essa e outras cenas quase me partiram o coração.
Adulta, Victoria odeia que a toquem, nunca teve um relacionamento de verdade. E
foi separada da única mãe que chegou a amar, Elizabeth.
A
narrativa alterna passado e presente, a Victoria criança sendo enviada pela
assistente social para vários lugares, a Victoria adulta começando uma nova
vida. Roí as unhas de curiosidade, querendo saber o que tinha dado errado com
Elizabeth, já que foi a única que fez tudo para cuidar e realmente
amar a menina. No presente ela cada vez se embola mais, tentando evitar
relações, evitar se aproximar das pessoas.
Mas
mesmo enquanto tenta ficar à margem, Victoria muda a vida de várias
pessoas. Monta seus arranjos tentando atender aos desejos das pessoas, que
procuram amor, paixão, alegria. E recebem flores que transmitem isso com tal
força, que muitas vezes transforma suas vidas. Até eu que não sou
de flores, adorei a tal linguagem e agora vou ficar de olho nos significados.
Ele
foi um favorito quase até o final. Chata para notas que sou, não dei 5 por dois
motivos. Primeiro porque a autora não desenvolveu melhor outros personagens;
Renata, por exemplo, uma personagem tão importante na vida da Victoria, fica
sem final e é pouco citada. Senti falta disso. Achei o final muito corrido
também, assim como estranhei uma atitude que Grant tomou, não condizia com as
outras atitudes do personagem.
Tirando
esses detalhes, eu amei. Uma história emocionante, que através das flores, fala de amor, de família e de sentimentos. Fala também de superação e da
luta pela sobrevivência. Leiam!!
Avaliação
(1 a 5):
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