Um dia de cada vez - Courtney C. Stevens
>> terça-feira, 3 de fevereiro de 2015
STEVENS, Courtney C. Um
dia de cada vez. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2014. 230p. (Faking
Normal Series, v.1). Título original: Faking normal.
“As frases diárias adicionadas à minha carteira são os
únicos pontos fortes durante o resto da semana.
Segunda-feira:
Queria abraçar você nas montanhas
Queria beijar você no mar
Terça-feira:
Levar você para bem longe daqui
Para um lugar onde você possa sorrir
Quarta-feira:
Porque estamos longe da maldade
Nós somos a verdade
Quinta-feira:
Vamos fazer isso dar certo
Cruzar os mundos, ver as estrelas de perto
Sexta-feira:
Deixando para trás tudo o que somos
Eu quero a eternidade com você” p.64
Há muito tempo um YA não mexe tanto comigo. Os sentimentos tão bem expressados, a dor e a falta de reação da protagonista, me deixaram tão
agoniada que praticamente devorei o livro para acabar logo com o meu
sofrimento rs. Uma autora iniciante, mas se este é o nível de seu primeiro livro, ela
promete. Confiram Um dia de cada vez da
Courtney C. Stevens.
Alexi Littrell,
16 anos, era uma adolescente normal até o último verão, quando ainda tinha 15
anos, e tudo mudou. Ela divide sua vida em antes e depois do acontecimento que devastou sua vida. Filha mais nova de uma família feliz, tenta seguir em frente como se nada tivesse acontecido. Não conta nada, não fala para ninguém.
Mas os eventos daquela noite causaram uma dor tão grande que
ela começa a se cortar, para que a dor física torne o resto suportável. Não consegue dormir, quando dorme tem pesadelos recorrentes. Todas as noites deita e encara fixamente o teto, conta até 23, de novo e de novo. Ao iniciar o terceiro ano do
colégio só consegue aguentar a rotina por causa das letras de música que um
desconhecido escreve em sua carteira. Ele escreve uma música, ela continua a
letra. As canções parecem se adequar a tudo o que está sentindo.
Bodee Lennox nunca
se encaixou, ele não era um adolescente popular antes, muito menos agora. Antes
ele era conhecido como garoto Ki-suco, por causa dos cabelos coloridos, cada
dia de um tom diferente. Agora ele era conhecido como o garoto cujo pai matou a
mãe. E Alexi descobre que o garoto estranho e calado, pode se tornar um bom
amigo. Eles estão devastados, inconscientemente passam a se apoiar, vivendo um
dia de cada vez.
“Isso me apavora, mas principalmente porque não é mais
um segredo só meu. Não está mais sobre o meu controle. Minhas mãos vão para o
pescoço, arranhando, rasgando e cortando, antes mesmo de eu perceber que elas
não estão mais nos meus bolsos.
- Lex, para. Para.
Mas eu não paro.
A pele se rasga sobre as minhas unhas no primeiro
arranhão – partículas microscópicas e sangue -, e é tão fácil quanto passar as
unhas pela areia. Vou para o segundo round e arranho mais pele, freneticamente.
Estou rasgando e sangrando.” p.181
~~~~~~
Adorei! Não é o primeiro YA que eu leio que trata de abuso sexual, em alguns o ato não chega a se consumar, ou é algo mais
psicológico, em outros o estupro realmente acontece. De qualquer forma é sempre chocante como isso parece tão banal e, infelizmente, "comum". Em todos as meninas
parecem se sentir culpadas de alguma maneira:
- Não te gritado
- No início não dizer não, o que poderia demonstrar que ela queria aquilo,
- Por não contar para ninguém, por vergonha ou medo.
- O medo de ser tachada como mais uma menina da escola que é rejeitada e acusa o carinha de estupro.
- Por achar que de alguma forma tem culpa.
- A humilhação, a insegurança e vários outros motivos.
Recentemente li Just Listen que aborda um pouco o tema, mas aqui o enredo é mais complexo e bem desenvolvido. A autora faz questão de enfatizar "não foi sua culpa". Não importa as roupas que você usava, se bebeu um pouco, não importa se no começo você correspondeu... NÃO É SUA CULPA!
- Não te gritado
- No início não dizer não, o que poderia demonstrar que ela queria aquilo,
- Por não contar para ninguém, por vergonha ou medo.
- O medo de ser tachada como mais uma menina da escola que é rejeitada e acusa o carinha de estupro.
- Por achar que de alguma forma tem culpa.
- A humilhação, a insegurança e vários outros motivos.
Recentemente li Just Listen que aborda um pouco o tema, mas aqui o enredo é mais complexo e bem desenvolvido. A autora faz questão de enfatizar "não foi sua culpa". Não importa as roupas que você usava, se bebeu um pouco, não importa se no começo você correspondeu... NÃO É SUA CULPA!
A escrita da autora é deliciosa, ela promete. Durante o
livro todo eu me senti agoniada, com pena da Alexi, sem entender porque ela não
disse nada para ninguém, não confiou nem em suas amigas – para variar ela tem
boas amigas, fugindo do clichê. E no decorrer da leitura, tudo fez sentido. Até a força dos
meus sentimentos e o quanto o livro mexeu comigo. No final a autora dá um
depoimento, deixa dicas para outras meninas que passaram por essa situação, e
conta que ela, também foi uma delas. “Sou
apenas mais um ser humano que passou por isso. Estou tentando ser corajosa
neste momento também, porque estou preocupada com seu sofrimento. E eu odeio
isso.”
Alexi não só passou por isso, como continuou convivendo com
a “pessoa”, como se nada tivesse acontecido. O leitor passa boa parte do livro
tentando entender “até que ponto aconteceu” e principalmente, “quem é o culpado”.
Eu desconfiei de uma pessoa e errei.
Do outro lado temos Bodee,
ahhh o fofo do Bodee, que personagem mais amado. Ele também está desolado,
passando por algo inimaginável. Perder a mãe pelas mãos do próprio pai.
Ficar sozinho no mundo. Estudar em uma escola onde antes era ignorado, e onde agora é
apontado e olhado com pena. E ele com seu jeito de poucas palavras, apoia Alexi
incondicionalmente. Ele não faz perguntas, não pressiona, ele estende a mão e
tenta fazê-la parar de se cortar, dormir, se abrir quando estiver pronta.
Não é um casal clichê dos YAs, nem é bem um “casal”. Ele é
da turma dos rejeitados, estranho. Ela é das populares, mas das tímidas e
certinhas. Sua irmã mais velha Kayla é bem egocêntrica e só enxerga o próprio
umbigo. A incapacidade de Alexi agir me irritou muito no início, não conseguia
dizer não para nada, concordava com tudo; até com um encontro que não
queria, com um rapaz de quem não gostava. Depois, eu entendi, entendi e me
solidarizei.
Eu tenho uma reclamação, adivinhem? Acertou quem falou “o
final”. Gente, estes autores tem problemas em terminar bem o livro. Eles fazem
tudo certinho, depois parece uma corrida de cavalo desembestado. É corrido,
algumas atitudes não fazem muito sentido, a forma como resolvem “o problema”
foi bem aquém do restante do livro. Enfim, pelo jeito tem continuação, mas além
do conto narrado pelo Bodee que se passa antes desse livro, não sei o que vem
pela frente.
Mesmo assim eu indico. Para as adolescentes, para as mulheres, para todo
mundo. Leiam! É lindo, é triste, tem suspense e romance, é fofo!!
Faking
normal da Courtney C. Stevens
- Um dia de cada vez (Faking normal)
Interligado
0.5 The blue-haired boy
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