Sangue na primavera - Mons Kallentoft
>> quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
KALLENTOFT, Mons. Sangue na primavera. São Paulo: Editora Saraiva, 2013. 512p.
(Malin Fors, v.4). Título original: Vårlik.
“Está me vendo, Malin Fors, ou é minha irmã gêmea?
Não sei, não me atrevo sequer a olhar, a ver os restos
daquilo que eu fui, que nós fomos, eu e a minha irmã.
Fizemos 6 anos de idade, Malin.
Seis anos.
Que vida tão curta, não é?
Queríamos viver mais.” p.44
Os autores suecos são conhecidos por seu estilo de
narrativa diferenciado e mais complexo. Esta série policial mostra que eles
realmente têm estilo, coragem e, quiçá, uma mente mais atormentada... O quarto
volume da série protagonizada pela Detetive de Homicídios Malin Fors
mexe com o leitor em Sangue na primavera
do Mons Kallentoft.
Não contém spoilers
sobre os livros anteriores da série,
apenas informações sobre a vida pessoal da protagonista. Se quiser conhecer mais, confira as resenhas de Sangue no inverno, Sangue no verão e Sangue
no outono.
Linköping, pequena cidade Sueca, recebe
o sol da primavera, bancas repletas de flores, passarinhos voando e pessoas
passeando na pracinha. A Detetive Malin
Fors não está aproveitando o dia, está no cemitério enterrando um familiar.
Ela tenta ficar triste, mas não consegue sentir nada. Ao seu lado, a filha Tove consegue se mostrar mais simpática
e triste com a situação. Malin tenta não pensar nas doses de tequila, enfia as
unhas no braço para conter o impulso de voltar a beber. Seus pensamentos
tumultuados são interrompidos por um estranho barulho.
Em seguida já está recebendo uma ligação do chefe, Sven
Sjoman. Ele diz que detesta interrompê-la em
um momento de tristeza, mas que precisa dela e de seu parceiro, Zeke,
imediatamente, na praça da cidade. Uma tragédia aconteceu. Ao chegar eles se
deparam com o caos. Sangue, barracas despedaçadas, pedaços aparentes de corpos,
uma grande explosão no meio da praça. Muitos feridos, duas mortes terríveis.
Diante da crise econômica no país, a
bomba é imediatamente ligada a grupos extremistas manifestando contra os bancos
e financistas. Mas enquanto todos procuram por terroristas, Malin tem suas
próprias teorias. Resta saber se ela irá conseguir ficar sem beber e lidar com
todos os seus problemas familiares enquanto trabalha arduamente no caso.
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É perturbadora a forma como o autor
consegue se entranhar na mente de vários personagens, vivos e mortos. A
narrativa em terceira pessoa continua se alternando entre todos eles, claro que
com destaque para Malin, criando um enredo abrangente e bem desenvolvido. Este
e o primeiro, Sangue
no inverno, são meus favoritos até agora.
Muito bom! O crime sórdido e cruel, o
cenário, todas as linhas de investigação, tornam a leitura rica e interessante.
Eu matei algumas charadas, desconfiei de cara do porquê do crime e mesmo assim
adorei. Ele trás de volta vários personagens, a família de Malin e os detetives
conhecidos, todos com seus dramas pessoais e sua relação com Malin. As vítimas tem voz,
elas reclamam, clamam por justiça, tentam soprar no ouvido de Malin para conduzi-la
ao caminho certo. A detetive tem uma sensibilidade grande e consegue se abrir
para as “vozes da investigação”.
O autor é corajoso, não tem dó de suas
vítimas e cria assassinos sórdidos de forma muito fria. Ele trata de
assassinato de criancinhas da mesma forma como conduziu os crimes anteriores.
Este não é um gênero que irá agradar a
todos, muitos podem achar a leitura lenta ou estranhar a voz que ele dá aos
mortos. Para os fãs árduos de literatura policial, que estão acostumados a ler
algo mais pesado, é uma ótima opção. Leiam!
Série Malin Fors de Mons Kallentoft
- Sangue no inverno (Midvinterblod)
- Sangue no verão (Sommardöden)
- Sangue no outono (Höstoffer)
- Sangue na primavera (Vårlik)
- Den femte årstiden (Os demais ainda não lançados no Brasil).
- Vattenänglar
- Vindsjälar
- Jordstorm.
Avaliação (1 a 5):