Deus não abandona - Vanda Amorim
>> terça-feira, 25 de novembro de 2014
AMORIM, Vanda. Deus não abandona. São Paulo: Globo, 2011. 254p.
“-Meu
Deus, a minha busca deveria ter sido silenciosa, pois eu só tenho dúvidas, não
tenho certeza de absolutamente nada. E se for um engano? Por que duvidei?” p.79
Há alguns anos li um romance da
brasileira Vanda Amorim e adorei, Crocodilo
sonhador. Quando este livro foi lançado, em 2011, recebi um exemplar da
autora, mas a sinopse não me atraiu como o anterior e acabei deixando para
depois. Até que o escolheram como minha leitura desse mês no Clube dos chocólatras e hoje conto para vocês o que achei de Deus não abandona.
Norah era a mais velha
de três irmãs, filhas de pais muito pobres a família passou por muitas dificuldades
no interior da Espanha. Desde cedo aprendeu a ajudar os pais e a cuidar da irmãzinha
mais nova, Marian. A irmã do meio, Vivian, se sentia um pouco esquecida,
não tinha a responsabilidade da mais velha nem demandava cuidados como a mais
nova, que precisava urgente de um transplante de rim. Norah tinha muita fé em Deus, e acreditava que a irmã ficaria melhor. Os cuidados com a irmã
levaram Norah a sonhar com uma carreira na área de saúde. Estudiosa desde
pequena e apaixonada pelos livros, ela estudou muito para ser enfermeira, e
mais tarde para se tornar médica.
Anos depois, conhece Ollavo
no hospital em que trabalha, ambos sentem uma atração imediata, mas havia empecilhos para
que eles ficassem juntos e acabam sufocando esta paixão. Norah sempre foi uma
boa pessoa e merecidamente conquistou uma carreira, boas condições financeiras e
um bom marido. Quando seu filho, Lorenzo,
é sequestrado e a polícia não encontra nenhuma resposta, Norah coloca em
cheque tudo aquilo em que sempre acreditou, inclusive sua fé em Deus.
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A autora tem uma narrativa mais erudita, domina
a gramática muito bem e se diferencia bastante de outros autores nacionais
nesse sentido. A prosa é bem articulada e é clara a preocupação com
as normas da nossa língua. Que a Vanda escrevia bem eu já sabia, este livro
mantém esta qualidade, já o enredo não me conquistou como Crocodilo
sonhador.
Apesar de abordar temas interessantes como
sequestro, violência e abuso sexual e também de explorar sentimentos como amor, fé,
inveja, mentira e amizade, o desenvolvimento da trama não me prendeu. Nem os
personagens. Norah é santinha demais, boa demais e incapaz de enxergar maldade nas pessoas ao seu redor. Citou-se excessivamente o quanto ela era boa, linda
e inteligente e isso e aquilo, foi cansativo. Os homens também não me chamaram a
atenção, Ollavo era um cara bom e ponto. A família de Norah foi muito bem apresentada
no início, mas depois são deixados de lado. Não conta-se o que aconteceu com suas
irmãs já adultas e pelo tanto que ela era dedicada a família, achei uma falha não falar
nada sobre ninguém, só sobre a Norah. O personagem que aparece na
segunda parte do livro, João, passa por poucas e boas e sua história é
comovente, mas para mim não fluiu. Na verdade foi isso, o livro não fluiu. Não
tive aquela sensação gostosa de virar a página, não estava curiosa para saber o
que iria acontecer e o final não trouxe surpresas.
E como sou exigente com suspense/policial esta
parte achei muito furada. Tanto de não acharem pista nenhuma sobre o Lorenzo,
como a parte do Inácio lá passar anos fazendo o que fez com pessoas diferentes e
a polícia não descobrir nada.
Agora, como citei no início, sempre achei
que este livro não era para mim, tanto que recebi em 2011 e ao ler a sinopse
deixei na estante esperando um bom momento. Eu não sou religiosa e por isso toda a
parte relacionada a fé, de que Deus não abandona e etc, que deve comover muitos leitores, não mexeu comigo.
Na verdade, confesso, o que fiquei pensando depois do pobre coitado do menino comer o pão que
o diabo amassou era que “imagina se abandonasse”. :P
Por tudo isso não devo ser a melhor pessoa para falar
do livro, mas para mim não funcionou. Quem leu me conte o que achou. ^^