Silo - Hugh Howey

>>  quarta-feira, 2 de julho de 2014

HOWEY, Hugh. Silo. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2014. 512p. (Silo, v.1). Título original: Wool.

“- Walk, me diga, o que é assim? O que é assim? O que está tentando nos dizer?
- É assim que começa – murmurou.
A sala estava outra vez em silêncio. Ele ergueu os olhos para todos os rostos, examinou-os e viu em sua fúria, em todos os tabus detonados, que ele tinha razão em se preocupar.
- É assim que um levante começa...” p.247

“O que você faria se o mundo lá fora fosse fatal, se o ar que respira pudesse matá-lo?” A frase que abre a sinopse já deixa qualquer fã do estilo curioso. E as frases de efeito da edição não foram em vão. Uma distopia adulta, um mundo subterrâneo misterioso e claustrofóbico em Silo do americano Hugh Howey.

Eles não conheceram uma definição de “mundo” ou do exterior, tudo que eles conhecem é o Silo. Um gigantesco lar subterrâneo, dividido em camadas, onde uma pequena comunidade consegue sobreviver ao longo de 144 andares. Do lado de fora ventos venenosos, uma poeira escura e nuvens carregadas escondem a sombra de uma cidade decrépita e uma colina, cuja base está cheia de corpos de antigos membros dos Silo, os limpadores.

Os condenados por alguma infração no Silo, são enviados para fora, sua missão é limpar as câmeras, seu último serviço à comunidade, até que os trajes de proteção não aguentem o ar tóxico e eles se juntem aos mortos.  E incrivelmente, todos eles fazem a limpeza, mesmo sabendo que aqueles são seus últimos minutos de vida.

O xerife do Silo, Holston, escolhe este fim, ele pede para fazer a limpeza. Ele decide limpar os sensores e morrer, as pessoas imaginam que seja tristeza pela morte da esposa há três anos atrás. Eles estavam na loteria, se sorteados poderiam ter um bebê. A prefeita Jahns não tem outra escolha a não ser procurar um substituto, e por sugestão do delegado, Marnes, faz uma difícil viagem até as profundezas do Silo para conhecer Juliette, uma funcionária da mecânica. A prefeita se impressiona com a moça, e ela só aceita o cargo pela chance de corrigir algumas injustiças, principalmente a supremacia do pessoal da tecnologia.

Jules é curiosa e inteligente, ela não deixa nada de lado, e suas investigações batem de frente com os interesses dos homens poderosos do lugar. Como consequência, ela é condenada por um crime que não cometeu, e enviada para a limpeza. Mas as coisas não saem como o esperado, e em seguida, o caos toma conta do Silo.

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Perfeito! Depois da resenha da Hérida e dos comentários empolgados da Laila, eu já sabia que iria gostar, mesmo assim ainda me surpreendi com cada parte da complicada trama de Silo. As distopias viraram moda e ficaram bem conhecidas, mas neste caso, esqueçam tudo que já viram no estilo distópico dos YAs – proibição + romance + triângulo amoros -, Silo é uma distopia adulta e com grande foco no mundo distópico.

O Silo todo é muito interessante, imaginem quase 150 andares no subsolo. Todos os moradores divididos por setores, por andares. A estrutura se divide em setores superior, intermediário e inferior. Cada setor possui tarefas indispensáveis para a sobrevivência. Tecnologia, mecânica, alimentação, abatedouro, etc. As moradias funcionam da mesma maneira, quanto mais perto do nível superior, melhor o nível social do morador. E claro que temos os dominantes, aqueles por trás de todas as regras e controle.

A premissa básica é pós-apocalíptica, o ar foi contaminado, é impossível respirar no nível terrestre e os sobreviventes estão confinados ao Silo  gerações. Eles não sabem como tudo começou ou como o mundo era antes, aquilo é tudo que eles conhecem como vida. E eles seguem as regras sem contestar, a maioria não sabe de nada além daquilo que veem no dia a dia.

Juliette é fantástica, seu início é tranquilo, a personagem não sabe muito como funciona o setor superior e fica perdida tentando assumir sua nova função. Mas Juliette é inteligente e principalmente persistente, ela vai fazer de tudo para realizar bem sua função. É assim que ela se mete em uma grande confusão, e por isso, tudo irá mudar. Das pessoas acostumadas a obedecer surgem os primeiros questionamentos, os primeiros sinais de revolta.

A cada andar que desciam eu me sentia agoniada, parecia que o ar estava se fechando em torno de mim, é inimaginável passar a vida inteira em um lugar assim. O início da narrativa é um pouco lento, para ambientar o leitor ao mundo criado. Mas logo a trama ganha gás e quando Juliette vira protagonista o enredo me ganhou de vez.

O próximo livro da trilogia tem previsão de lançamento ainda em 2014, e Shift parece ser uma história que antecede Silo, que será concluído com o terceiro livro Dust, este sim uma continuação direta.

Eu amei, indico para os fãs de distopias e de ficção científica que amam uma trama adulta, misteriosa, repleta de aventuras e desdobramentos surpreendentes. Leiam!

Trilogia Silo do Hugh Howey
  1. Silo (Wool Omnibus)
  2. Ordem (Shift)
  3. Legado (Dust)
Avaliação (1 a 5):

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