Segunda sombria - Nicci French
>> terça-feira, 3 de junho de 2014
FRENCH, Nicci. Segunda sombria. Rio de Janeiro: Editora Record, 2014. 334p.
(Frieda Klein, v.1) Título original: Blue Monday.
“Há um garotinho sentado em uma
pequena gangorra de madeira, esperando que alguém suba do outro lado. Mas
ninguém vem, e ele continua ali sentado. No início, está sorrindo, está
otimista, depois – pouco a pouco – o sorriso congela em seu rosto. Ele olha em
volta. Vê as outras crianças olhando em sua direção e decidindo não brincar com
ele. Tenta chamar outro menino, mas ele o ignora.
Ele é uma possibilidade. É
preciso saber o que se procura, mas também é preciso ter cuidado. Não importa o
quanto demore. Tempo não é problema.” p.68
Eu não conhecia o autor, ou melhor, os autores.
Nicci French é o pseudônimo do casal de jornalistas Sean French e Nicci
Gerrard, que escrevem a série a quatro mãos. Meu interesse inicial foi pelo
sobrenome, lembrei da Tana French
que eu adoro, não sei se os sobrenomes têm alguma relação familiar. Mas enfim,
voltando ao livro, hoje vou falar do primeiro volume da série investigativa Frieda Klein com Segunda sombria.
O frio Londrino deixa as ruas desertas e mantém
a maioria das pessoas em casa durante a noite. A psicoterapeuta Frieda Klein não abandona suas longas
caminhadas noturnas ou sua vida solitária. Ela gosta de sua casa vazia e bem
organizada, não pensa muito em sua família e tem poucos amigos. Até Sandy, com quem divide a cama há algum
tempo, não tem acesso a sua vida pessoal. Quando Reuben, um amigo e mentor, apresenta problemas de instabilidade no
trabalho, ela não pode negar atender um de seus pacientes.
Alan
Dekker é
um homem atormentado. Sonhos perturbadores, apagões, a razão parece escapar
entre seus dedos. Sua esposa não sabe como ajudar, ele acaba sendo afastado
do trabalho e procura tratamento. A dificuldade do casal para conceber e o sonho de ter um
filho contribuem para todo o estresse.
Quando Frieda garante que tudo o que ele disse
em seu consultório é confidencial, ele começa a se abrir. Alan tem fantasias com
um garotinho, uma criança ruiva que brinca com ele, seu filho. Ele já teve a mesma fantasia uma vez, há mais
de vinte anos atrás, mas não sabe a causa do devaneio.
Paralelamente, uma criança de 5 anos é
sequestrada próximo a sua escola, e a polícia começa uma caçada implacável. A
foto de Matthew Faraday logo está
estampada na primeira página de todos os jornais, um lindo menino ruivo e
sorridente, os pais estão desesperados.
Quando vê a foto da criança no jornal, Frieda se
assusta, o garoto é muito parecido com aquele descrito pelo seu paciente.
Ela fica em dúvida sobre o que fazer, afinal estaria quebrando a
confidencialidade de seu cliente, mas acaba por procurar a polícia e relatar o
acontecido. Inicialmente a polícia não a leva a sério, até que uma revelação
muda toda a investigação, e Frieda irá fazer de tudo para encontrar o pequeno
Matthew.
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O primeiro volume da série policial Frieda Klein
foca no lado psicológico da investigação, em um livro denso e com personagens
imperfeitos e bem construídos. A narrativa em terceira pessoa se alterna entre
vários personagens e acontecimentos, e aos poucos, vamos conhecendo suas personalidades.
Acompanhamos uma Frieda angustiada por suas desconfianças, mas recebendo pouca
credibilidade da polícia. O investigador principal, perdido e sem pistas, que
no fundo acredita que a criança já esteja morta. A construção da trama é tensa,
somos inseridos em uma teia de informações, um quebra-cabeça que vai se
montando no decorrer da investigação.
Eu gostei muito da narrativa dos dois autores,
tudo é muito focado, muito bem amarrado. A leitura é rápida, não temos
descrições excessivas ou longos devaneios, é tudo muito ágil e o estilo prende
o leitor até o fim.
Por um lado eu amei a
conclusão da trama, a forma como tudo foi se amarrando e a história de
Alan em si. Um desdobramento semelhante aconteceu em dois livros que li há algum tempo e esta correlação já não é
novidade. É, frase totalmente no ar, mas não posso contar sem entregar o maior mistério da história aff.
Agora quanto a forma como as coisas foram
solucionadas, eu gostei como leitora, mas meu lado crítico apitava a todo
momento. As conclusões de Frieda são totalmente baseadas nas conversas com seu
paciente e outras testemunhas, mas dali ela tirava pistas enormes e no final,
duas coisas bem inacreditáveis. A psicanálise apoiando a investigação ok, mas
na verdade ela descobria tudo enquanto os policiais ficaram parados meio sem
saber o que fazer. A polícia fraca demais e ela totalmente fodona foi um pouco exagerado.
No geral eu adorei e indico para os fãs de suspense, inclusive por não ser um livro muito descritivo, acho ideal para quem
não está muito acostumado ao estilo. Estou curiosa para saber se o segundo segue
a mesma premissa ou se conseguiram inovar. Leiam!!
Série Frieda Klein do Nicci French
- Segunda sombria (Blue Monday)
- Tuesday’s gone (os demais ainda não lançados no Brasil)
- Waiting for Wednesday
- Thursday’s children.
Avaliação (1 a 5):