Mentiras Genuínas - Nora Roberts

>>  terça-feira, 3 de dezembro de 2013

ROBERTS, Nora. Mentiras genuínas. Rio de Janeiro: Editora Bertrand, 2013.630p. Título original: Genuine lies.

“Não disse nada quando seu companheiro lhe serviu um drinque. Dois dedos de conhaque. Após vê-la tomar o primeiro gole, ele falou, de um jeito calmo, quase descontraído, naquela voz que ela aprendera a amar:
- E então Julia, você a matou?” p.8

Nora Roberts normalmente escreve o que chamamos de “romanção”. São aquelas historias de amor fofas, com muito desentendimento no início, muita pegação no meio e muito amor no final. Aqui a autora muda seu estilo – falando dos livros dela que já li -, e cria um suspense romântico que me lembrou muito dos livros do Sidney Sheldon, tem até um quê de “quem matou” digno da Agatha Christie. Hoje vou contar para vocês o que achei de Mentiras genuínas.

Eve Benedict, 67 anos, é uma das mais famosas estrelas de Hollywood da atualidade. Com uma carreira de mais de cinquenta anos nas telas de cinema ela ainda atua, e escolhe religiosamente os papeis que deseja aceitar. Eve é uma lenda, uma mulher cheia de mistérios e com uma beleza exuberante, que começou do nada e usou de todas as armas para chegar até o topo. São muitas historias para contar, quatro casamentos, muitas paixões e muita sujeira embaixo do tapete.

Mas agora Eve quer colocar o passado a limpo e contar todos os segredos que guardou no decorrer da vida. Eve então decide publicar sua biografia, e contar ao mundo toda a sua historia, sem meias palavras, sem esconder nada. O problema é que muitas pessoas poderosas de Hollywood querem que estes segredos permaneçam como estão, bem guardados.

A biógrafa Julia Summers, 28 anos, recebe a proposta de sua vida, escrever a historia desta famosa estrela de cinema. Mãe solteira, ela deixa sua cidade para trás e se muda com o filho Brandon, 10 anos, para a mansão de Eve em Beverly Hills. Ela logo se vê envolvida em uma teia de acontecimentos dignos dos melhores filmes de intriga; começa também a receber bilhetes anônimos ameaçadores.

Eve está solteira e não teve filhos, com exceção de Paul Winthrop, seu enteado e filho de seu segundo marido. Paul sempre foi como um filho para Eve e ela tem todo o seu amor. Paul é filho de um dos atores mais bonitos do cinema, e claro, puxou a beleza do pai. Famoso escritor de ficção, Paul não vê com bons olhos toda esta historia, sabe que Eve corre perigo se falar demais. Com um olhar assassino ele logo se coloca como o maior antagonista de Julia, que sabe lidar muito bem com uma boa briga.

Próximo a Eve também estão a dura governanta Travers, que trata Julia de modo frio e reservado; a alegre Ceecee, que trabalha na casa e ajudará Julia a cuidar de Brandon; Drake Morrison, único sobrinho de Eve e que também trabalha para a tia e Nina Soloman, assistente de Eve.

Julia sempre se virou muito bem sozinha e nunca se envolveu em relacionamentos, é só ela e seu amado filho. Mas agora ela precisará lidar com o glamour que gira em torno de Eve, com o atraente Paul e com todo o perigo que cerca esta historia. Pena que estas duas mulheres, não sabiam que o perigo era muito maior do que imaginavam.

“Minha vida tem sido uma colcha de retalhos de eventos e personalidades. Todas aquelas espertas meias-verdades, mentiras genuínas, alinhavando-se para formar uma interessante colcha, cruzando-se, interligando-se. O interessante é que quando você puxa uma linha, a estampa inteira se altera. Até mesmo o bem que você faz tem consequências... Estou mais do que pronta para encará-las.”  p.156-157

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TOP! Não havia lido ainda um suspense romântico da Nora, dos que li, acho que o que mais se aproxima no estilo é Belíssima, mas este é muito mais interessante neste aspecto. Logo no prólogo o leitor fica em choque com a pergunta na segunda página do livro, “ – E então Julia, você a matou?”. E mesmo sabendo que em algum momento teria um assassinato, eu não queria que ele acontecesse, eu queria mais e mais páginas sobre a fantástica vida de Eve. E durante o livro todo ficamos com aquela pergunta na mente, “Quem matou?”. A pergunta permeia toda a historia e a rede de suspeitos é enorme. Desde o começo ele foi um favorito, ele era um cinco estrelas quase até o final, vou contar o que aconteceu rs.

Falando sobre os personagens e a narrativa, adorei ambos. A narrativa em terceira pessoa alterna entre vários personagens, centrando-se em Eve, Julia e Paul. Além disso, há vários flashbacks do passado de Eve. Eve é uma das melhores personagens da autora, ela rouba todas as cenas e eu fiquei extasiada com os diálogos e a construção da personagem. Julia é uma mulher jovem, sozinha e bem forte, impossível não torcer por ela e pelo projeto do livro. Engraçado que enquanto Eve é totalmente aberta em relação ao sexo e conta várias de suas estripulias, Julia é o extremo oposto, quase uma puritana. Gostei muito das diferenças entre as protagonistas, principalmente considerando a diferença de idade entre elas. Paul é muito insistente, de uma maneira boa, e é um homem que sabe o que quer. Tem muita gente escrota no livro, vários personagens que eu queria esganar com as próprias mãos.

Deixando de lado o clima perfeito de suspense e ameaças e tal, Brandon rouba todas as cenas. Nora sabe como ninguém construir personagens infantis, mas este é dos mais fofos do mundo, adorei o garoto. Quem sabe um livro dele adulto hein? Gostaria de rever alguns personagens. ^^

Ok, porque ele perdeu um ponto comigo. Depois das longas descrições do passado de Eve e da construção do livro, eu fiquei frustrada com algumas coisas no final. Primeiro porque a sinopse diz que “No fim, por meio de muitas reviravoltas, o leitor terminará o livro sem acreditar no desfecho.”, o que cá entre nós, é uma grande balela. Odeio frases de efeito de sinopses, o final é totalmente previsível, quem não adivinhou quem matou e até o porquê, não leu muitos livros de suspense na vida, #sodigoisso. Enfim, também achei a última parte muito corrida, não só o desvendar do crime, mas o depois disso que praticamente não existe.  O livro merecia um epílogo, depois de tanta loucura para se escrever um livro eu queria saber o que aconteceu! Ta, sei que sempre digo isso rsrs.

Enfim, tirando a reclamação acima o livro é perfeito! Há muito tempo um suspense romântico não me envolvia tanto, é um livro que eu seria capaz de reler na semana que vem se eu pudesse. Leiam!

Avaliação (1 a 5):

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