Sob a redoma - Stephen King

>>  segunda-feira, 26 de agosto de 2013

KING, Stephen. Sob a redoma. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2012. 954p. Título original: Under the  dome.

“A verdade é que ele gostava da Redoma...
Até que a culpa pelo que fora feito durante a crise pudesse ser repartida pelo máximo número de pessoas, e o crédito atribuído a uma só, ou seja, ele?
Até então, a Redoma era uma boa.
Big Jim decidiu que se ajoelharia para orar por isso antes de dormir.” p. 572

Respire fundo, é muito livro para pouca resenha. Obviamente eu já sabia que o autor escreve muito bem, mas fujo dos livros dele que são de terror porque sou absolutamente cagona para livros assim. Pórém, duas coisas me convenceram a pedir este calhamaço e começar a ler: me juraram que não era de terror e eu estava louca para assistir a série baseada no livro. Ele realmente não é de terror, mas a capacidade do ser humano de se corromper e fazer as maiores atrocidades é assustadora... Mas estou empolgada e me adiantando, hoje vou falar do magnífico Sob a redoma do Stephen King.

É uma manhã qualquer na pequena cidade de Chester’s Mill, Maine.  Nos observamos de longe dois acontecimentos estranhos, um homem vinha de um lado da estrada e uma marmota seguia do outro. No céu um avião passava lentamente. Eles viram o avião, a marmota foi partida exatamente ao meio, o avião caiu, o homem ficou parado em choque. O homem é Dale Barbara, mais conhecido como Barbie, o cozinheiro do restaurante local e um soldado aposentado do exército. Barbie estava prestes a ir embora da cidade, depois de um confronto com alguns jovens que, aparentemente, acham que mandam na cidade. Ele automaticamente entra no modo ação, e vai investigar o que pode ter acontecido.

Logo descobre que a cidade está envolta por um misterioso campo de força invisível, uma barreira que circula todo o perímetro, isolando-os do mundo. Com a Redoma pessoas são separadas de suas famílias, quem estava trabalhando ou fazendo compras nas cidades vizinhas ficou preso do lado de fora. Muito pior foi para quem ficou preso do lado de dentro.  Era o dia 21 de outubro.

Claudete estava com seu instrutor, Chuck Thompson, quando o avião bateu na barreira e explodiu. Ela era a amada esposa de Andy Sanders, primeiro vereador da cidade, e ele o filho do dono da loja de carros. Andy é tão inteligente quanto a nossa falecida Marmota, e quem manda realmente na cidade é o segundo vereador, Jim Rennie.

Homem viúvo e temente a Deus, que enriqueceu a custa de seu cargo público e acha que a Redoma foi a melhor coisa que lhe aconteceu na vida, um presente divino, uma provação enviada por Deus para seus fiéis. Como um bom filho, Junior, segue os passos do pai. Também não vale um tostão furado. O garoto voltou a cidade depois de abandonar a faculdade e vive com enxaquecas terríveis. Foi no meio de uma destas enxaquecas que ele foi a casa de Angie McCain, a vadia que ousou denunciá-lo para a polícia depois da briga com Barbie. Se a redoma não tivesse caído naquele momento, talvez tivessem descoberto o que ele fez.

Iremos conhecer também Andrea Grinnell, terceira vereadora, que poderia se opor a Rennie se não fosse uma completa viciada. Howard ‘Duke’ Perkins é o chefe de polícia da cidade, mas mal sabe ele que não vai ocupar o cargo por muito tempo. Peter Randolph, é o chefe assistente, péssimo em pensar, mas ótimo em obedecer. Rusty Everett é auxiliar médico, casado com a policial Linda Everett e pai de duas crianças. Julia Shumway é a proprietária do único jornal da cidade, e irá clamar por justiça com todas as suas forças. Ah... mal sabiam eles...

A situação da barreira fica mais grave em poucas horas, Big Jim Rennie quer usar a barreira para dominar a cidade. Do lado de fora, o exército dos EUA reincorpora Barbie ao serviço militar e o promove a posição de coronel. Ah... se eles soubessem...

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O livro é uma injeção de adrenalina que dura do início ao fim! Acontece muita coisa, tudo muito rápido. Para vocês terem uma pequena noção, o livro todo se passa em pouquíssimo tempo, acontecem tantas coisas e quando você vê o dia nem acabou ainda. Eu fiquei agoniada com a força da maldade humana, em como as pessoas podem reagir uma situação de crise. O caos que se tornou a pequena cidade me lembrou de O senhor das moscas, a situação toda e até a redoma lembra muito a série juvenil Gone (que tem a redoma, a situação caótica, só que ai só temos crianças e temos super poderes rs). Outro livro que me veio a cabeça, foi Morte súbita, mas neste caso só pela analogia do comportamento humano, de como as pessoas podem se tornar mesquinhas e egoístas.

A narrativa é em terceira pessoa e se alterna entre inúmeros personagens, são muitas pessoas, tanto que não citei um décimo delas no início da resenha. O autor é tão ‘fodástico’ neste quesito, que até a marmota e um dos cachorros tem voz na historia. Você já imaginou uma marmota narrando um acontecimento? E de uma forma em que o leitor mal pisca durante a mudança da narrativa? E é impossível não se colocar na pele daquelas pessoas, não torcer por alguns e odiar profundamente outros. Eu imaginei inúmeras formas para o vereador Big Jim morrer. Sério, acontecia uma cena e eu pensava, ele podia morrer... queimado, atropelado, torturado. Há muito tempo não tomo tanto ódio por um personagem, se eu pudesse eu estrangulava o cara com as próprias mãos rs. Eu sofri junto com os ‘bonzinhos’ da historia, quando a situação estava péssima, acontecia algo e ainda piorava tudo.

O livro mexeu tanto comigo que até sonhei com isso, e grudei nele até terminar. Engraçado que tem autor ai com pouca historia e faz uma série de vários livros. Ai vem o King com uma trama que renderia livros e mais livros e faz tudo em uma sentada só! O grande mistério é a Redoma. Ninguém sabe como aquilo surgiu, o que é a barreira e como isso tudo irá terminar. Como apareceu a redoma? Será que eles vão conseguir sair de lá?

A grande jogada do autor, é que o grande problema do livro não é redoma X pessoas e sim pessoas X pessoas. Gente, eu mal acreditava nos desdobramentos. Eram pessoas de uma cidade do interior, alguns se conheciam a vida toda. E cai uma maldita redoma que prende todo mundo lá, e a maioria resolve “seguir com a vida até tudo terminar”. Outros querem o poder total. Pessoas desesperadas, poderosas, crianças muito inteligentes que me cativaram. Muitas mortes, algumas totalmente chocantes e que partiram meu pobre coração iludido. Não disse que o autor era bonzinho, disse que o livro era foda!

Será que tem alguma coisa que não gostei? Não sei ao certo. Eu me irritei com alguns personagens inteligentes que tomavam atitudes completamente burras e eu não acreditava. Eles davam tudo de mão beijada para o vilão – um deles, King é generoso neste sentido-, e eu quase gritava de frustração. Achei estranho não ter nenhum romance aparente, não que eu sentisse falta, mas era de se esperar um casal apaixonado e tal na cidade. O final não foi o que eu esperava, o ápice do livro está nos desdobramentos e não na conclusão. Não que eu não tenha gostado, mas eu esperava algo mais emocionante.

Para quem ainda não sabe, o livro inspirou a série de TV Under the dome pela CBS. A Kellen já falou sobre a série aqui no blog, confiram. Hoje antes de escrever a resenha assisti ao piloto para comentar com vocês. E, realmente, muda muita coisa, algumas me incomodaram, outras acho que podem render bons desdobramentos na série. O início de Barbie, o casamento de Julia, Rusty de fora da Redoma, tudo muito estranho. Enfim, não pensem que podem ver a série e deixar este livro excelente de lado, são muito diferentes.


Desculpem a resenha gigante, mas atire a primeira pedra quem conseguir descrever 954 páginas de pura adrenalina em poucas palavras. =] Indico com certeza, um  dos melhores do ano até agora. Leiam!

Avaliação (1 a 5):

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