Jardim de inverno - Kristin Hannah
>> quarta-feira, 7 de agosto de 2013
HANNAH, Kristin. Jardim de inverno. São Paulo: Editora Novo Conceito,
2013. 416p. Título original: Winter garden.
“O rosto redondo de
Leo, molhado de suor e lágrimas, já está sujo, apesar de ela não conseguir
imaginar como ele conseguiu fazer isso. Os olhos dele estão marejados com as
lágrimas, mas ele não está chorando dessa vez, e Vera imagina se seu adeus fez
alguma coisa com ele, se agora ele é menos inocente ou não tão jovem.
- Você disse que tínhamos
que ir.
A garganta de Vera
está tão apertada que ela só consegue assentir.
- Eu segurei a mão dele, Mama. – Anya diz
solenemente. – Cada minuto.” p.295
Este é o terceiro
livro que eu leio da autora, os dois anteriores me deixaram encantada e, para
falar a verdade, fiquei com dó de ler logo e fui passando
outros na frente. Acabei não resistindo, então saibam o que eu achei de Jardim
de inverno da Kristin Hannah.
Belye Nochi, 1972
Aos 12 anos, Meredith já compreendia o silêncio que
tomava conta da família, o contraste entre a alegria do pai, e o distanciamento da mãe. Ela e a
irmã mais nova faziam de tudo para agradá-la, para conquistar um sorriso, uma
chance da mãe finalmente amá-las. Com a ajuda de Nina e Jeff, ela
organiza uma peça de teatro para o Natal, contando um dos contos de fadas da
mãe, o único momento em que ela parecia menos fria. Depois daquela noite,
Meredith prometeu a si mesma nunca mais tentar se aproximar.
Belye Nochi, 2000
Meredith Whitson, 40 anos, agora administrava os pomares Belye Nochi, o pai ainda era a alma do
lugar, mas há algum tempo ela vinha conduzindo os negócios. A carga enorme
de trabalho e todas as ouras responsabilidades, acabaram afastando Meredith do
marido, Jeff. Eles são dois
estranhos vivendo na mesma casa, falta a ela energia suficiente para resolver
os problemas. Ainda mais agora, que as duas filhas estavam na Universidade – Jillian com 19 anos na Califórnia
sonhando em ser doutora, e Maddy,
com 18, a caçula. A casa estava sempre vazia, ela sentia que só os cachorros
ansiavam pela sua chegada. Ela sempre ia a casa dos pais, seu pai estava sempre
sorrindo, tinha sempre uma palavra amável para a filha, a mãe ainda era uma
estranha.
Nina Whitson se tornara uma
fotógrafa famosa, com renome mundial. Estava sempre atrás da próxima grande
catástrofe mundial, suas fotos estampavam capas da Times. Nina vivia com uma
mochila, seu cabelo curto e nas condições que seu trabalho permitia. Ela
raramente voltava para casa, sua vida era viajar. Sentia saudade do pai, nunca
se aproximara da mãe.
As duas irmãs são
tão diferentes quanto é possível. Até que uma grave doença e a eminente perda do
pai, faz com que elas se encontrem novamente. A mãe, nem mesmo nesta situação,
consegue oferecer qualquer conforto para as filhas. Anya permanecia distante, uma incógnita.
Só que a mãe nunca conseguiu se comunicar, a não ser quando contava seus lindos contos de fadas. E o pai insiste que as filhas escutem suas
historias. Ele as faz prometer, em seu leito de morte.
Meredith e
Nina precisam se unir, para finalmente, conhecer a mãe. Resta
saber se elas conseguirão cumprir a promessa, e se o que for revelado, irá unir
ou separar o que resta da família.
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Eu conheci o
trabalho da autora lendo o comovente O
caminho para casa e depois de chorar litros – todo mundo chora com este
livro, menos a Luciana Mara – eu
já estava apaixonada pela autora. Já empolgada fui ler Quando
ela voltar e, claro, não me decepcionei. Este livro segue uma linha
diferente dos anteriores, mais romance e menos drama, com um ritmo mais lento e
com menos personagens. Na verdade, este livro foi lançado originalmente antes
dos outros dois, Winter Garden foi
publicado em 2010 nos EUA. Acho válido mencionar, porque se você observar a
ordem de publicação, a autora só melhorou com o tempo.
Voltando a
historia, o início é lento, demorei para me conectar aos personagens e
a mergulhar realmente na historia. Meredith é viciada em trabalho e usa os
afazeres para não lidar com a parte complicada de sua vida, e é assim que ela
ignora o marido e os problemas com a mãe. Nina é cheia de atitude, mas é
daquelas que geralmente nunca está em casa e que já chega criticando as
atitudes da irmã, por defeito sem fazer nada é fácil. O pai é um fofo, mas
com a sua doença, ele quer que as filhas se aproximem da mãe. Tudo que sabemos
de Anya é que ela é uma mulher fria e nunca se importou com as filhas. Eu já
estava fula de raiva com ela, com preguiça da Meredith e com birra da Nina, até que Anya começa a contar o tal conto de fadas Russo.
Quando a historia
volta novamente ao passado, com Anya narrando como se fosse um conto de fadas, eu cai de amores pelo livro. Aqui a historia muda e
é impossível não se emocionar com o passado trágico de Anya, não começar a
entender o porquê de suas atitudes. As filhas, começam também a refletir sobre tudo, como construíram suas vidas e o que poderiam ter feito
diferente. É uma lição de vida linda, uma historia familiar emocionante.
Este não
tem toda a carga dramática dos outros; mas se você pensar em tudo aquilo que
Anya conta e que casos parecidos realmente aconteceram com inúmeras famílias, é muito
mais triste. Ao contrário de O caminho par casa e Quando ela voltar, ele também não tem aquela reviravolta surpreendente, a evolução da historia é bem linear. E apesar de uma grande surpresa
no final, eu já esperava boa parte dos desdobramentos.
Uma historia
linda, emocionante, bonita e gostosa de se ler. Kristin Hannah coloca em suas
palavras uma grande carga emocional, o que destaca seus livros de outros autores. A capa é maravilhosa, tem tudo haver com a historia e eu me emocionei mais uma vez. Não é o meu preferido da autora, mas mesmo assim supera muitos romances que tenho lido. Leiam!!
Avaliação (1 a
5):