Quando você voltar - Kristin Hannah
>> terça-feira, 25 de junho de 2013
HANNAH, Kristin. Quando você voltar. São Paulo:
Editora Arqueiro, 2013. 352p. Título original: Home front.
“Como era possível
conviver com a certeza de que, a qualquer instante, poderia ser morta,
mutilada, despedaçada? Pior que seu medo era a preocupação com as filhas. Pela
primeira vez, ela realmente pensou. E se eu não voltar para casa? Como as
minhas filhas vão sobreviver sem mim?” p.126
Quando eu li O
caminho para casa eu não sabia o que esperar, mas me
surpreendi muito com a linda narrativa da autora e quase desidratei de tanto
chorar. Ao ver outro lançamento da Kristin, não vi a hora de ter o livro em
mãos, tinha altas expectativas e isso nem sempre é bom. Mas para meu alívio, o
novo livro da Kristin Hannah é tão bom ou melhor que o anterior, conheçam Quando você voltar.
Jolene Zarkades, 41 anos, sempre
foi uma rocha. Desde que perdeu os pais em um acidente – o pai alcoólatra e
agressivo, a mãe apática e doente de amor – ela decidiu ser forte, se
virar sozinha e sempre ver as coisas pelo lado bom. Ela abraçou a carreira
militar, construiu uma família e defendia todos como uma leoa.
Hoje, Jolene
tem uma família ao lado do marido, Michael, e das duas filhas, Betsy
e Lucy, de 12 e 4 anos. Mas não
era fácil conciliar sua vida com a carreira de piloto de helicópteros da Guarda
Nacional do Exército Americano. O marido
está sempre ocupado com sua carreira de advogado, não tem tempo para as filhas e
nunca viu com bons olhos ou apoiou o trabalho de Jolene. Agora as coisas
estavam piores, eles estavam sempre distantes, Michael a cada dia chegava mais
tarde do trabalho.
Ao seu lado
Jolene tem a sogra Mila, que é como
uma mãe que ela nunca teve, e a melhor amiga e companheira de carreira, Tami Flynn. Ao contrário dela, Tami
tinha todo apoio do marido Carl e do
filho, Seth. Mas Jolene nunca
reclamava, as coisas são como são e é melhor vê-las pelo lado positivo.
E é em meio a
crise de seu casamento que o pior acontece, Jolene é convocada para a guerra.
Ela tem um dever a cumprir, é um soldado e agora precisa deixar as filhas e
seguir para o Iraque. Michael não entende a decisão da esposa, e em seu egoísmo
só enxerga as dificuldades por que terá de passar, não entende como a esposa
pode trocar a família por uma guerra. Jolene é uma mulher de honra, jamais
faltaria ao dever com o seu país, com os colegas que eram como família.
“Se Dante vivesse nos dias de hoje, Michael não tinha dúvida
de que ir ao Shopping com as filhas seria classificado com um dos círculos do
inferno. Sobretudo quando o objetivo fosse encontrar um presente de aniversário
para a melhor amiga da filha de 12 anos. Ele estava tão farto de olhar para
tiaras cintilantes, camisetas rasgadas e pôsteres de boy bands que tinha
vontade de gritar.” p. 145
Jô agora precisa se acostumar com sua nova e
triste realidade, vendo a morte tão de perto e tendo tão pouco para se segurar
emocionalmente. Em suas cartas para casa, ela minimiza a guerra, e passa um
cenário tranquilo para as filhas e o marido. Michael enxerga só o que quer, e
quando começa a perceber a verdade, pode ser tarde demais. A família será
protagonista de uma tragédia, que mudará para sempre a vida de todos os
envolvidos.
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Engraçado que
acho o enredo de O
caminho para casa mais dramático e surpreendente do que esse, mas enquanto
no anterior eu peguei birra com um dos personagens, aqui eu consegui entender a
motivação de todos os envolvidos – ta, menos da filha chata chata de 12 anos,
mas isso já é esperado rs. Hannah criou personagens muito humanos e falhos, ela consegue mostrar os dois
lados de toda a situação e isso é tão “vida real” que é impossível não se
sentir tocado. E difícil não se emocionar, não chorei tanto neste como no primeiro, mas cada capítulo me tocou de formas diferentes.
Eu me apaixonei
por Jolene, torci por ela, adorei suas filhas e queria matar o Michael. Eu
adorei o Michael, senti pena de sua incapacidade de se expressar, odiei a filha
mais velha em vários momentos e achei Jô dura demais. Para o bem ou para o mal,
eu me apaixonei pelos personagens e torci por eles, chorei com eles, como se
fossem velhos conhecidos.
Poucos autores
conseguem escrever um romance/drama que mexa tanto comigo, seus dramas não são
forçados, ela introduz muito bem todas as situações e o único problema é que me
deixa com um gostinho de quero mais ao chegar ao final.
O drama deste
livro é mais real, mas é muito diferente do que imaginamos aqui de longe. Nós
só ouvimos falar da guerra do Iraque, olhamos para a TV e criticamos tudo
aquilo, torcemos a cara para a política dos EUA. Mas o pais é feito de “gente
como a gente”, de famílias que perderam milhares de entes queridos nesta
guerra. Este livro me fez ver o país com outros olhos, mais solitários e menos
críticos.
Jolene é uma
rocha, e as vezes eu queria estender a mão e ajudá-la. Michael achava que lidar
com a casa e com as filhas era fácil, até que conseguiu visualizar a monstruosidade
de tudo que a esposa sempre fez sozinha. Acho que ir a guerra era quase mais
fácil que lidar com duas meninas geniosas rsrs.
Falando sério, eu
não tinha ideia do que era uma guerra no mundo atual. Estudamos tanto sobre as
duas Guerras Mundiais, mas o Iraque foi tão mortal
quanto. A autora não polpa os leitores, descreve mortes e mais mortes, rapazes
morrendo por ajudar uma criancinha, que tinha uma bomba no corpo. Outros
soldados recolhendo do chão pedaços dos corpos dos amigos. É tudo muito
triste, e é para lá que Jô vai, em meio a todo o caos.
Uma historia que fala de amor, amizade, perdão, coragem e superação. Que mostra como precisamos lutar e valorizar o que temos, quando desistir seria muito mais fácil. Vale a pena se emocionar com os personagens
e se aventurar nesta linda historia de vida. Sem dúvida eu indico, e estou
ficando definitivamente fã da autora. Leiam sem demora! =]
Avaliação ( 1 a
5):