O espadachim de carvão - Affonso Solano

>>  quarta-feira, 5 de junho de 2013

SOLANO, Affonso. O espadachim de carvão. Rio de Janeiro: Editora Casa da Palavra, 2013. 256p. (O espadachim de carvão, v.1).

“Os Quatro Dingiri viveram em Suas Casas por 6 mil ciclos, mas começaram a se sentir sozinhos e tristes, pois, apesar de serem Irmãos, o mundo de Kurgala era muito, mas muuuito grande... E então Enki’Nar uma noite olhou para o céu e pensou: As estrelas nunca se sentem sozinhas, pois tem muitos amigos. E pensado nisso, colheu o pó dessas estrelas e o plantou na terra de Kurgala como sementes. E dessas sementes nasceram as espécies do mundo: os mortais, como eu.” p.68

O brasileiro Affonso Solano trabalha como ilustrador e storyboarder para a Globo, é colunista do site TechTudo e criador do site e podcast Matando Robôs Gigantes que hoje faz parte do Jovem Nerd. E começo o texto dizendo isso, pois acredito que este livro é uma fantasia imperdível para quem curte este universo, não vejo o público em geral tendo o mesmo insight. A forma como o protagonista luta, as descrições... lembrei do universo de Star Wars – eu particularmente não sou fã- e de alguns jogos de vídeo game. Bom, hoje vou falar de O espadachim de carvão uma aventura em um mundo totalmente fantástico.

Kurgala era uma terra coberta pelo mar, onde os espíritos de Abzuku e Tiamatu viviam. Até que um dia "Os quatro que são um" chegaram e trouxeram presentes para os espíritos. Eles ficaram tão felizes que permitiram que Os Quatro fizessem Suas Casas em Kurgala, para que lá pudessem morar. As casas eram Larsuria, Eriduria, Badibiria e Sipparu. Depois de algum tempo, eles se sentiram sozinhos e resolveram povoar a terra de Kurgala, do pó das estrelas nasceram todas as espécies do mundo. Os espíritos não gostaram da decisão e decidiram destruir todo o mundo de Kurgala.

Os Quatro se reuniram e decidiram impedir que isso acontecesse e enviaram Enki’Nar até eles, pois dos Quatro ele era a Voz, o mais sábio de todos. Mas Enki’Nar não conseguiu convencê-los e resolveu trancá-los na própria casa, transformando-a em um deserto de cristal. Os outros Dingiri não ficaram satisfeitos com esta decisão e não concordaram com a prisão dos espíritos. Enki’Nar amava os mortais e não concordou em libertá-los, então Os Quatro discutiram por um logo tempo, e por fim, cada um se trancou em sua própria casa, prometendo nunca mais sair.

Depois disso as espécies mortais seguiram em frente, mas sem a sabedoria dos Deuses Dingiri, foram incapazes de prosperar. Vieram as guerras, povos se separaram e tornaram-se inimigos. Eles fizeram de Kurgala um mundo povoado pelo caos. Os que ainda acreditavam na volta dos Dingiri construíram templos em sua homenagem, enviando presentes e torcendo em suas orações que eles olhem novamente para seu povo.

Desenho por Pedro Rocha
Adapak viveu grande parte de sua infância em uma ilha, junto com seu pai, Enki’Nar. Como filho de um Deus ele é de uma espécie única, com sua pele negra como carvão e seu rosto tão diferente, é visto com desconfiança pelas outras espécies que povoam Kurgala. Adapak é um guerreiro, e quando começa a ser perseguido implacavelmente por um grupo de assassinos, precisa fugir para longe da ilha em que foi criado, desbravando sozinho o mundo pela primeira vez.

Ele é um rapaz inocente, mas agora terá que lidar com a maldade do mundo lá fora. Adapak precisa descobrir quem são seus inimigos e o motivo de estar sendo implacavelmente caçado. Terá que lutar por sua vida, sozinho, e sem ninguém para aconselhá-lo.

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O livro é narrado em terceira pessoa e alterna momentos do presente e do passado de Adapak, que aos poucos vai explicando ao leitor como chegou à situação em que se encontra hoje, sozinho, sendo caçado por assassinos desconhecidos, que parecem encontrá-lo em todos os lugares.  Ele busca por aliados, usa os círculos para lutar e sobreviver, e precisa se acostumar com o mundo real, tão diferente daquele que conhecia apenas nos livros.

Fiquei surpresa com a edição, muito bonita, cheia de detalhes e com uma boa revisão, não perfeita, mas com poucos erros. Pessoalmente eu não esperava muito – vocês sabem que este tipo de fantasia não é um estilo que costumo ler muito –, mas o autor escreve muito bem e acabei me surpreendendo.

Solano cria um mundo totalmente novo, cria povos e raças diferentes, e um método de luta diferente. Não estou costumada com o universo, e acabei me sentindo perdida com o tanto de raças e informações. 

O que achei mais confuso é que o autor cita raças e novos personagens, sem falar muito sobre eles, tudo é muito focado em Adapak. Eu gostei do jovem inocente e confuso, mas me perdi no meio de todas as outras raças que ele vai citando e que eu  não consegui visualizar. São Guandianos, Gisbanianos, Innarianos, Usharianis, Mellats, Maskirrianos, Nekelmuliano, Sadunmunianos e sei lá mais o quê. Isso junto com os Círculos Tibaul, que Adapak usa para lutar, deixa tudo muito com cara de jogo de vídeo-game. Não curti, mas como eu disse antes, acho que tem muito mais haver com meu estilo de leitura, do que com a trama em si.

Para mim o melhor do livro foi o jeito inocente e confuso do personagem, sua ingenuidade é palpável e ele está totalmente perdido e sozinho. A trama vem com algum suspense, o leitor é apresentando aos poucos ao motivo daquela fuga e do que está acontecendo com o mundo. Achei o final muito no ar, só pesquisando depois descobri que o livro é o primeiro de uma série, mas achei que mesmo assim poderia ter um final melhor elaborado, ou que explicasse melhor algumas coisas que acabam ficando no ar. Eu não me senti curiosa pelo próximo volume, achei o livro legal e diferente, mas não fiquei tão ansiosa por ler mais sobre Kurgala.

Para mim o livro tem uma historia interessante, um mundo que impressiona, mas não tem um apelo emocional que faça com o que o leitor se envolva com o protagonista e se prenda a historia. É um livro de aventura.  E, por isso, não é um livro que eu indico para todos os leitores, mas se este é seu estilo de leitura, vale a pena investir. 


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