A síndrome E - Franck Thilliez
>> terça-feira, 18 de junho de 2013
THILLIEZ, Franck. A síndrome E. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2013. 368p.
(Franck Sharko, v.3). Título original: Le syndrome E.
“Lucie sentiu um alívio infinito.
Que mente deturpada era capaz de filmar delírios daquele tipo? Ainda via aquela
neblina esverdeada espalhar-se na tela, aqueles planos dos olhos, a cena de
abertura e o final, de uma violência inaudita. Havia algo naquele
curta-metragem que os filmes de terror clássicos não transmitiam: realismo. A
menina, sete ou oito anos, nada tinha de atriz. Ou então, ao contrário, era uma
atriz excepcional.” p. 33
O autor francês Franck Thilliez criou um
policial fenomenal, envolvente e assustador. Na série Frank
Sharko, o autor une dois protagonistas de livros anteriores em uma busca aterrorizante, um mistério violento e inacreditável.
Para quem gosta de ficção policial, o livro de hoje é A síndrome E.
Tudo começou quando Ludovic Sénéchal adquiriu um curta metragem anônimo, apaixonado por filmes antigos e esperando algo
inédito, depara-se com um filme bizarro, repleto de imagens perturbadoras. O
impacto causado pelo filme, ou algo ainda mais assustador, deixa o homem
completamente cego e muito assustado. Desesperado, Ludovic liga para qualquer
número de seu celular para pedir ajuda, e quem atende é sua ex-namorada, a
policial Lucie Henebelle.
Lucie assiste ao filme, e se sente nauseada com
tamanha barbárie. Existe realmente algo de muito estranho naquele filme, e ela
precisa descobrir mais a repeito. Lucie deixa suas férias de verão de lado, sua
filhinha internada no hospital, e começa uma pesquisa sobre o passado do filme.
Procura o vendedor, filho de um colecionador falecido, que parece não saber
nada sobre aquilo. O filme oriundo do Canadá é repleto de imagens subliminares,
que passam despercebidas aos olhos do telespectador, enquanto o cérebro
processa todo aquele horror.
Enquanto isso, o comissário Frank Sharko - analista comportamental na Divisão de Repressão à
violência-, é chamado para uma cena criminal brutal. Cinco homens mortos a
tiros, enterrados em uma vala qualquer e sem nenhuma pista. Mãos cortadas,
dentes e olhos arrancados, caixa craniana cerrada e cérebro desaparecido.
Quem cometeria um crime tão macabro? Em busca de
pistas, Sharko descobre um crime semelhante no Egito, e parte para o
Cairo. Lidando com sua esquizofrenia, o
policial tentará de tudo para descobrir quem está por trás destes assassinatos.
O filme causa calafrios, deixando Lucie obcecada
pelo caso. Ela descobre uma ligação entre o curta-metragem e o caso dos
cinco homens assassinados. Depois desta descoberta, Lucie e Frank começam a
trabalhar juntos, numa busca contra um mal desconhecido, a síndrome E.
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Este livro é chocante, inteligente e cruel. É
impossível não se envolver com a narrativa, não ficar horrorizado com as
descrições minuciosas do autor. Um vídeo assustador, dois policiais que começam
do nada uma investigação que toma rumos grandiosos. Frank e Luce são muito bem
construídos, ambos humanos e cheios de falhas. Acompanhar o crescimento dos
dois na trama foi incrível.
A historia é envolvente, e eu me descabelei,
curiosa para saber o que vinha a seguir. O livro para mim só teve um grande
porém, a historia de ambos os protagonistas está muito ligada aos livros
anteriores. É um daqueles policiais onde realmente sentimos falta dos livros
serem lançados na ordem da série, e fico triste porque a Editora decidiu
começar pelo terceiro livro. Aqui vou abrir um parênteses, no site americano Goodreads ele é mostrado como o terceiro de uma série de 5 livros, já no site do autor se considera que esta é uma trilogia a parte, dentro de uma outra série. Para mim é série, eu senti realmente falta dos livros anteriores.
Sharko é esquizofrênico, e cheio de traumas
depois de uma grande perda no passado. Vamos juntando migalhas para
descobrir o que aconteceu com ele para
deixá-lo desta maneira, é angustiante não ter acesso ao resto da historia.
Lucie vai pelo mesmo caminho, mãe solteira de gêmeas e obcecada pelo trabalho, não
sabemos exatamente o porquê de seu comportamento. Uma pena, queria muito ler os
outros livros.
A vantagem é que este livro é tão bom, que vale
a pena ser lido mesmo fora de ordem, não me arrependo.
Mas não fiquem assustados, eu disse as cenas são
fortes e macabras, mas não é nada tão sanguinolento assim, o lado psicológico
da trama é bem mais forte. A trama envolve o comportamento humano, crianças em uma cena sinistra, experiências
científicas e neurologia. O livro é muito bem detalhado, a sinopse revela muito
pouco do que a trama promete.
O livro cita várias referências, uma que me
chamou atenção é quando o autor cita o filme Minority Report – A nova lei do Steven
Spielberg. O filme está muito ligado com o desenvolvimento tecnológico
do livro, onde mostra-se a capacidade de gerar imagens a partir de
lembranças e pensamentos. Ou ainda a capacidade assustadora de influenciar a
mente através das imagens subliminares.
Denso, perturbador e emocionante. Um policial
que mistura cinema e neurologia, e mexe com o psicológico do leiltor. Vale demais a pena se aventurar por estas
páginas incríveis, leiam!
Série Frank Sharko do Franck Thilliez
- Train d’enfer pour Ange rouge (os demais não lançados no Brasil)
- Sundentod
- A síndrome E (Le Syndrome E)
- Gataca
- Atomka.
Avaliação (1 a 5):