Sangue no verão - Mons Kallentoft
>> quarta-feira, 22 de maio de 2013
KALLENTOFT, Mons. Sangue no verão. São Paulo: Editora Saraiva, 2012. 488p. (Malin
Fors, v.2). Título original: Sommardoden.
“A terra e a areia, tudo molhado, frio, um plástico úmido e
também frio, os grãos de areia estão próximos, mas ainda não me atingiram.
Isto é um túmulo?
Estou enterrada viva?
Afinal, tenho só 14 anos. Digam-me, por favor, afinal, o que
eu estou fazendo aqui, dentro de um túmulo.” p. 166
Comparando-se com outros autores de ficção policial, não posso negar
que a escrita do sueco Kallentoft é original e elegante, sua narrativa tem um
toque poético e muito reflexivo. Apesar do diferencial, nem sempre estas características garantem o sucesso de trama policial, onde a adrenalina é um fator importante a se considerar. A resenha de
hoje é sobre o segundo volume da série Malin
Fors, com Sangue no verão do
Mons Kallentoft.
Não contém
spoilers sobre o livro anterior da série. Não deixe de conferir a resenha de Sangue
no inverno.
Linköping, no sul
da Suécia, vive agora o verão mais quente dos últimos anos, a onda de
calor trás consigo diversos incêndios florestais. A cidade arde, as ruas estão
vazias. Quem tem algum juízo e dinheiro, viajou para fora da cidade para fugir do
calor. Mas o clima não é o maior problema da detetive Malin Fors, não quando alguém resolve atacar garotinhas pela
cidade.
Malin pedala rumo a piscina da Academia de Polícia, para ela é melhor pedalar
enfrentando o calor matinal e dar um bom mergulho, do que ficar assando na academia.
Seu mergulho relaxante, acaba rapidamente com uma ligação urgente de seu
parceiro, Zacharias “Zeke” Martinsson.
Uma adolescente
de apenas 14 anos é encontrada nua e ferida em um parque da cidade. Seu corpo
parece ter sido lavado, desinfetado, e Josefin
Davidsson não se lembra de nada do que aconteceu.
Sem que a perícia
consiga descobrir quase nada do corpo limpo da garota, Malin começa uma difícil
investigação. Como sempre ela está obcecada pelo caso, diariamente luta para
não ceder aos apelos da tequila, para não desmaiar de calor, e procura
alguma pista. Malin tem um motivo maior para se preocupar, sua
filha Tove também é uma adolescente,
poderia estar correndo perigo se não tivesse viajado para outro país com o pai. A saudade que sente dos dois também não ajuda, ela ama a filha, mas também
nunca esqueceu completamente Janne,
seu ex marido. Janne é bombeiro, e sempre esteve mais interessado em salvar o
mundo do que a própria família.
O caso se
complica quando o corpo de uma garota da mesma idade é encontrado, com os
mesmos ferimentos e também totalmente limpo. Agora o caso toma outras
proporções, eles procuram um assassino, que provavelmente irá matar novamente.
Todas as meninas da cidade correm perigo, o assassino parece um fantasma e
Malin está determinada a encontrá-lo.
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Já vou começar
reclamando. ^^ Tem uma coisa que me irrita muito na edição de alguns livros! Sabe quando não colocam a sinopse oficial no verso da capa? Bom, neste caso a contra capa tem apenas um trecho do livro e alguns comentários da imprensa, e o leitor conta
apenas com a orelha do livro para saber sobre a historia. Até ai tudo bem, a sinopse está na orelha. Ai você lê a bendita
orelha, e tem uma informação que só vai acontecer na página 425! Vocês
acreditam nisso? Então, fica o aviso, leiam apenas à sinopse do skoob ou a da
resenha, a orelha tem um mega spoiler!
Bom, falando
agora sobre o enredo, eu continuo gostando da narrativa diferente do autor, ele alterna a narrativa entre todos os personagens, todos mesmo! É bem estranho você ouvir as meninas assassinadas narrando a historia, chega a
ser assustador a busca delas por justiça, a forma como tentam se comunicar com
a detetive, sem conseguir, é claro. O
autor também escreve de uma forma diferente que acho muito interessante, uma
narrativa que explora muito o psicológico de todos os personagens.
Malin continua
obcecada por trabalho e neurótica com a investigação em curso. Ela abre mão de
sua vida pessoal, e com a filha viajando se concentra apenas no
trabalho. Seu jeito arredio e agressivo se destaca entre os outros
investigadores da policia, todos sabem a força e a determinação da policial.
O caso em si é
muito interessante, a falta de pistas faz com que a polícia levante diversas teorias e interrogue muitos suspeitos; nesta parte da historia o autor explora bastante a discriminação - a forma como a policia pega pesado com ex presidiários e pessoas de cor, homossexuais etc. O leitor mais curioso também tece suas próprias teorias. Malin não deixa nada passar, investiga o passado dos suspeitos, qualquer relação que
leve a um motivo para um crime sexual desta natureza.
Me incomodou o fato do final ser muito previsível, você mata a charada um pouco antes
e acompanha o desenrolar da trama; o grande spoiler da orelha do livro
também tirou muito do suspense. E final foi bem clichê, eu esperava algo surpreendente.
Este volume não
me ganhou, mas pretendo continuar a série. Gosto muito da detetive e da construção
dos livros, isso dos mortos terem voz é realmente assustador. Se você gosta de
ficção policial, te convido a conhecer a série. Leiam!!
Série Malin
Fors de Mons Kallentoft
- Sangue no inverno (Midvinterblod)
- Sangue no verão (Sommardöden)
- Sangue no outono (Höstoffer)
- Sangue na primavera (Vårlik)
- Den femte årstiden (Os demais ainda não lançados no Brasil).
- Vattenänglar
- Vindsjälar
- Jordstorm.
Avaliação (1
a 5):