É melhor não saber - Chevy Stevens
>> sexta-feira, 3 de maio de 2013
STEVENS, Chevy. É melhor não saber. São Paulo: Editora Arqueiro, 2013. 320p. Título
original: Never Kwowing.
“Então chegamos ao fim. E acho que também terminarei a
consulta de hoje. Já falei o bastante por um dia. Sei que isso não é algo de
que costume me queixar. Lembra-se do tempo em que minha maior preocupação era o
meu temperamento genioso? Nunca imaginei que pensaria neles como “os bons
velhos tempos”...” p.245
A narrativa de
Chevy Stevens me conquistou com o lançamento de seu primeiro livro no Brasil, Identidade
roubada – um drama triste e cruel, muito emocionante e bem escrito. Quando
vi que seria lançado outro livro dela por aqui, não podia deixar de conhecer a
trama de É melhor não saber.
Sara Gallagher cresceu se
sentindo uma pária em sua família adotiva, soube desde nova de sua condição,
mas só quando sua mãe adotiva deu a luz as suas duas irmãs biológicas, foi que
o pai começou a tratá-la sempre diferente. Ele não deixou que ela carregasse as
irmãzinhas recém-nascidas no colo, começou a culpá-la por tudo que acontecia de errado
na casa, até pelo fato de sua mãe estar sempre doente.
Sara cresceu
assim, uma estranha no ninho, sempre querendo a aprovação do pai, nunca
conseguindo. Sua mãe era ótima, mas tinha uma saúde frágil e não estava sempre
lá por ela. Ela teve uma adolescência complicada, fez muita coisa errada, mas
agora, anos depois e com a ajuda de muita terapia, sua vida tinha chegado aos
eixos. Ela se dá muito bem com sua irmã Lauren,
mas ainda tem problemas com o pai e a irmã caçula, Melanie.
Apesar
de nunca aprovar suas escolhas, seu pai adora seu noivo, Evan. Depois de uma série de relacionamentos destrutivos Sara
conheceu Evan, um cara companheiro e doce, que aturava todas as suas manias e
aguentava seu jeito imprudente e compulsivo. Eles estavam para se casar, e
iriam formar uma família ao lado de sua filha de 6 anos, Ally. Os relacionamentos passados podiam ter sido um fracasso, mas
sua filha amada fazia até aquilo valer a pena.
Perto de se
casar, Sara começa a pensar em seu passado, ela sempre desejou conhecer seus
pais biológicos, mas adiou a tarefa temendo pela saúde da mãe e a reação de sua
família adotiva. Talvez por querer uma pai melhor, um que a amasse, ela toma
coragem e pede seu registro de certidão de nascimento original.
Sara descobre sua
mãe biológica, mas ao procurá-la encontra uma mulher hostil, que a trata com
desprezo, carrega no olhar um pouco de medo e até mesmo um vestígio de nojo ao
olhar para a "filha". Sara fica arrasada, e mesmo assim, pretende descobrir pelo
menos quem é seu pai, já que a mãe pelo jeito não quer saber dela. Evan
aconselha que ela deixe aquilo para lá, afinal ela já tem uma família e sua mãe
biológica tem o direito de não querer contato.
Mas Sara e sua
teimosia continuam a busca, ela contrata um detetive para descobrir quem era
seu pai. E descobre que, as vezes, é melhor deixar o passado morrer, e que
muitas vezes, É melhor não saber!
~~~~~~
Eu demorei a me
decidir como fazer a sinopse acima, o livro tem uma revelação bombástica logo
no início (página 28), que norteia todo o conteúdo da obra. A sinopse oficial -
tanto do original americano quando da edição brasileira – contaram o X da
questão, mas eu preferia ter descoberto durante a leitura. Eu sem saber li
a sinopse, mas vocês têm a escolha de saber ou não o segredo, eu não vou
contar. ^^
Tenham mais cuidado com
a sinopse e com as resenhas que leem do livro caso não gostem de spoilers, quem estiver super curioso é só olhar no SKOOB
hehe.
Como em Identidade
roubada, este livro também é narrado pela protagonista em uma espécie de
sessão de terapia, como se ela estivesse conversando com sua terapeuta. Eu
espero que a autora pare por aqui com este estilo de narrativa, dois livros no
mesmo formato já são o suficiente.
Bom, a historia
toda se baseia na descoberta de Sara sobre seu passado, e como ela irá agir a
seguir. As coisas só vão se complicando. Ela segue seus ideais, desconsidera a opinião de Evan e coloca sua profissão, sua família e seu futuro casamento em
risco.
Evan é um santo! A autora constrói muito bem seus personagens e todos eles, até mesmo os
secundários, têm um passado bem delineado, uma personalidade muito humana e,
claro, estão sujeitos a falhas. A forma como
ela une tão bem dramas psicológicos, suspense, romance e investigação policial
me deixam encantada.
Agora, a Sara é um
porre só! Sua historia não anda em alguns momentos porque ela repete os mesmos
erros. Ela tem as mesmas dúvidas e briga com o noivo pelos mesmos motivos. Alguns
podem achar tudo muito repetitivo, mas eu achei que foi mais um artifício da
autora para caracterizar a cabeça problemática da protagonista.
Mas, porre mesmo
é Ally, a filha de 6 anos de Sara. Normalmente os personagens infantis dão um quê de fofura na historia, mas eu tive foi vontade de dar umas palmadas. ´Pensem em uma menina manhosa e
exigente? #preguiça. Isso é muito pessoal, não tenho muita paciência mesmo
com crianças chatas rs.
Bom, já que eu
não posso contar mais nada – triste – vou me contentar em dizer que o FBI aqui
é devagar quase parando. Fiquei irritada de como eles ficam de mãos atadas
quase o tempo todo, embora o final compense muito disso.
É melhor não
saber é uma busca de uma mulher por suas origens, uma historia cheia de
reviravoltas onde vários segredos são revelados no decorrer da trama. Não
deixando tudo para o final, a autora ganha uma historia emocionante que mantém
os leitores grudados em suas páginas.
Eu sofri com esta
leitura, vocês não fazem ideia de como a narrativa da autora mexe comigo. Eu
fiquei com raiva de Sara, fiquei irritada com suas escolhas, fiquei besta com
algumas reviravoltas... Eu falava sozinha com Sara, fechava o livro de raiva,
abria logo em seguida porque a curiosidade era maior.
O meu preferido
ainda é Identidade roubada. Mas se vocês gostam de um thriller psicológico com
muito suspense, LEIAM!!
Avaliação (1
a 5):