Viagem Literária: A maldição do tigre

HOUCK, Colleen. A maldição do tigre. São Paulo: Editora Arqueiro, 2011. 344p. (Saga do tigre, v.1). Título original: Tiger’s Curse.

“Com relutância ele me soltou e eu comecei a murmurar comigo mesma, queixando-me de tigres, homens e besouros. Ele parecia muito satisfeito consigo mesmo por sobreviver a uma experiência de quase morte. Eu praticamente podia ouvi-lo entoando para si mesmo: Eu triunfei. Venci. Sou um homem, etc. etc. Sorri com desdém. Homens! Não importa de que século sejam, são todos iguais.” p. 135

Já tem algum tempo que eu comprei este livro, mas por falta de tempo acabou ficando na fila parado. E olha que todo mundo ficava falando o quanto era bom, que era das séries sobrenaturais preferidas, etc. Mas eis que o escolhem para minha leitura deste mês no Clube das Chocólatras. E hoje eu conto para vocês tudo sobre o primeiro volume de A Saga do tigre em A maldição do tigre da Colleen Houck.

Kelsey Hayes, 18 anos, ficou órfã depois que perdeu os pais em um acidente, e vive com uma família que ficou responsável por ela. O casal é muito legal, mas ela precisa arrumar um emprego e aprender a se virar para custear sua faculdade. A agência a encaminha para uma vaga inusitada, um emprego no circo por duas semanas.

Ela estava curiosa e um pouco assustada, mas logo se integra a equipe e começa a se divertir com o trabalho. O principal número do espetáculo deixa Kelsey estranhamente atraída, um lindo tigre branco, com olhos azuis profundos. Ela se sente próxima ao tigre, e descobre que na verdade ele é um animal muito dócil.

Logo depois um homem misterioso chega ao circo e faz uma proposta irrecusável para o dono, uma alta soma em dinheiro pelo tigre, que será levado para uma reserva florestal na Índia. Para isso ele precisa de ajuda para levá-lo até lá, e Kelsey recebe a proposta de acompanhá-los. Uma viagem à Índia, uma aventura. E embora ela fique um pouco assustada, logo aceita a tarefa.

Mas é na Índia que ela descobre que Ren é na verdade Alagan Dhiren Rajaram, um príncipe indiano que foi amaldiçoado por um feiticeiro há mais de 300 anos, e que ficou todo este tempo aprisionado no corpo de um animal.

E para piorar, ela é a única capaz de ajudá-lo a quebrar esta maldição. Começa então uma aventura perigosa em terras Indianas. Kelsey irá enfrentar vários perigos em nome de Ren; mundos míticos e criaturas fantásticas, animais selvagens e perigosos.

Ao mesmo tempo que tenta quebrar a maldição, Kelsey descobre-se completamente apaixonada por Ren, homem e tigre.

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Tudo começou muito bem, obrigada. Kelsey com um humor bem sarcástico e com tiradas divertidas, Ren tudo de bom, merecedor de Top Piriguetagem Literária. Para completar ainda temos os belos cenários da Índia, florestas, perigos e aventuras. Um toque de romance, muita riqueza e uma aventura deliciosa. Vocês estão esperando eu dizer que amei não é? Pois é, só que não rolou.

Continuo gostando da cultura indiana retratada pela autora, do enredo baseado na maldição dos tigres e na aventura para quebrá-la... mas o resto, foi duro de aguentar.

Kelsey, até então, ganha o Oscar 2013, como a personagem mais chata. A menina é imatura, mimada e não sabe se expressar. Eu deixaria passar batido se ela tivesse 14 anos, mas 18? As atitudes e o comportamento que a autora cria para sua protagonista é tão inacreditável, que eu comecei a questionar toda a trama:

- A historia toda da família adotiva! Seus tutores legais, deixarem ela ir para a Índia com um completo desconhecido é muito inacreditável. Antes ela fosse órfã de vez e independente, a família não mudou em nada o enredo, pelo menos no livro 1.

- Kelsey tem 18 anos mais insiste em agir como uma menina de 12, ela conta a cor de cada fita com que trança seu cabelo e carrega um cobertor que a avó fez quando ela era criança sempre com ela. Desculpem, mas tudo que eu conseguia pensar nesta cena era daquele menino no desenho do Charlie Brown, lembram do Linus arrastando o cobertorzinho? kkk.

- Ren age como todo rapaz apaixonado, encantando por Kelsey e fazendo de tudo para agradá-la. Ela desenvolve uma teoria onde se acha feia e desinteressante, e acha melhor terminar logo tudo, já que mais cedo ou mais tarde ele irá partir seu coração. Só que ela só resolve isso em sua cabeça, e não tem uma conversa com o rapaz, passa apenas a agir como uma “porta”.

- Se não fosse o bastante, ainda faz questão de dizer a todo momento o quanto é uma garota comum, feia e sem graça. Para falar a verdade eu não entendo porque todas as autoras adoram ressaltar como suas protagonistas não usam um pingo de maquiagem, como são totalmente sem vaidade, a não ser quando resolvem se arrumar e pasmem, se maquiar, para deixar o garoto do livro de boca aberta. Humft!

- A trama tem vários erros de continuidade, em uma hora ela viaja com uma mochila praticamente só para acampar, em outra ela está hospedada em um hotel com a mesma bagagem e descreve a maquiagem que usou. Sério que ela levou maquiagem para acampar? Pouco provável.

- Ren tem que conviver com a maldição, que o deixa passar apenas alguns minutos do dia como homem, mas no livro a autora vive se esquecendo disso e comenta coisas como “horas depois” e etc. Tem vários outros que não posso explicar pelos spoilers.

Bom, apesar de tudo, eu vou continuar a série, o ambiente é muito legal e quero ver onde tudo isso vai parar.Para amar este livro você tem que desligar completamente seu senso crítico, porque se você para um minuto para pensar, tudo é muito pouco plausível.

Ren vale a pena, a cultura indiana também. Mas não é esta coca-cola toda não, os fãs que me perdoem. Você leu? Conte para mim o que achou. ^^

Série A saga do tigre da Colleen Houck

In: http://www.tigerscursebook.com