Flavia de Luce e o enigma da cigana - Alan Bradley

>>  quarta-feira, 10 de abril de 2013

BRADLEY, Alan. Flavia de Luce e o enigma da cigana. São Paulo: Editora Saraiva, 2012. 360p. Título original: A red herring without mustard. (The Buckshaw Chronicles, V.3).


“Vá sentar no carro, dissera o Inspetor Hewitt, e agora – como percebi com sensação deprimente que a lei não conhece o significado da palavra ‘gratidão’ – eu sentia meus dedos se contraindo lentamente em punhos involuntários.

Muito embora ele estivesse na cena há não mais do que poucos minutos, eu sabia que uma parede se erguera entre o inspetor e eu. Se o homem estava esperando cooperação de Flavia de Luce, haveria de trabalhar muito por isso.” p.75


Inteligente, curiosa, apaixonada por desvendar mistérios, uma cientista que vive fazendo experiências em seu laboratório de química. Ela é Flavia de Luce, e tem apenas 11 anos. Uma das melhores séries juvenis que eu acompanho! As histórias são bem independentes, mas se você ainda não conhece a série confira as resenhas anteriores AQUI. E com vocês, o terceiro volume da série em Flavia de Luce e o enigma da cigana do Alan Bradley.


Flavia de Luce é brilhante, aos 11 anos de idade a nossa heroína é apaixonada por química e tem como hobby pesquisar venenos e atormentar suas duas irmãs mais velhas. Flavia possui um laboratório muito bem equipado. Talvez por tudo isso, ou talvez devido a uma curiosidade acima do normal ela também adore solucionar crimes. Ela mora com o pai e as irmãs na antiga mansão Buckshaw, sua mãe morreu quando ela era ainda bebê e a menina é bem solitária, sua única amiga é sua bicicleta, Glayds.


Na quermesse da Igreja, Flavia muito curiosa, resolve saber sua sorte na barraca da cigana, porém, durante a consulta ela acaba derrubando uma vela acesa e, sem querer, causa um enorme incêndio. Querendo ajudar, Flavia permite que ela estacione sua carroça nas terras de sua família. Claro que ela faz isso escondido, e nem se lembra de consultar seu pai antes.


Quando Flavia volta para ver como a senhora está, encontra muito sangue por todos os lados e a cigana desmaiada.


O inspetor Hewitt assume o caso, mas Flavia não irá deixar todo o trabalho para a polícia, e mais uma vez usa seu instinto investigativo e começa a descobrir, antes de todos, quem está por trás do mistério. Sua busca por pistas acaba de uma forma traumatizante – para os outros, Flavia não liga muito para os mortos -, e Flavia se depara com um corpo pendurado em cima de uma das fontes abandonadas do jardim Buckshaw.


“Não tenho medo dos mortos. De fato, em minha experiência, descobri que provocavam em mim um sentimento que era o oposto do medo. Um corpo morto é muito mais fascinante que um corpo vivo, e aprendi que a maioria dos cadáveres tem histórias muito melhores para contar. Tive a sorte de ver vários deles na minha vida...” p.108


Ao lado da sua inseparável bicicleta, Flavia percorre a vizinhança e as cidades vizinhas em busca de pistas, ela tem uma teoria e segue com a investigação. Tentando se manter longe da policia, não chamar a atenção do pai, e não despertar a irá de suas irmãs mais velhas, a menina só pensa no novo quebra-cabeça.


Nada é fácil para Flávia, mas com elementos químicos ou não, ela e seu velho caderno de anotações irão atrás de outro assassino. A policia gostando disso ou não, no final eles saberão que ela estava certa.


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Flavia de Luce é uma personagem apaixonante, a menina é inteligente, tem ótimas tiradas e apesar de sua personalidade forte e solitária, é no fundo, uma criança sozinha que nunca se conformou com a morte da mãe que ela mal conheceu, e que não consegue se interessar pelas mesmas coisas que as irmãs – que só querem saber de roupas, maquiagens e namorados. O pai é um viúvo que ainda sofre pela perda da esposa, e que se isola no escritório com sua coleção de selos, sem se importar muito com o que acontece ao seu redor. Da vontade de colocar Flavia no colo, se bem que ela daria um pontapé em quem tentasse. ^^


Esta é uma série tão bem escrita e com um vocabulário tão avançado, que não acho que seja indicada só para o público juvenil, quem gosta de historias juvenis e de aventura/mistério vai amar.

Neste volume temos personagens mais misteriosos, pois os ciganos eram vistos com muita desconfiança naquela época. Uma nova personagem pode ser uma amiga para Flávia, mas as duas ficam se estranhando todo o livro. Tem também um antigo caso que nunca foi visto como um crime, até Flávia ligar os pontos. Ah eu adoro a forma como ela juntando as pistas. 


O autor canadense usa os cenários do século XIX, com as ferramentas limitadas da policia local – ainda mais em um pequeno vilarejo - para construir uma investigação “a la Sherlock Holmes”.  Bradley usa também um vocabulário abrangente e lições de química complicadas (para mim que não entende nada do assunto), e claro, temos ótimos personagens. A série vale o investimento e sem dúvidas eu indico, leiam!! Quem já leu não deixe de compartilhar aqui sua opinião. =]

Série The Buckshaw Chronicles:
  1. Flavia de Luce e o mistério da torta (The Sweetness at the Bottom of the Pie)
  2. Flavia de Luce e  o Teatro das Marionetes (The Weed that Strings the Hangman’s Bag) 
  3. Flavia de Luce e o enigma da cigana (A Red Herring Without Mustard)
  4. Flavia de Luce e o segredo das sombras (I am half-sick of shadows)
  5. Flavia de Luce e a descoberta dos ossos (Speaking from Among the Bones)
  6. The Dead in Their Vaulted Arches (Os demais ainda sem previsão de lançamento)
  7. As Chimney Sweepers Come to Dust
  8. Thrice the brinded cat hath Mew'd
  9. The grave's a fine and private place
  10. The golden tresses of the dead.
Avaliação (1 a 5): 

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