Solitária - Alexander Gordon Smith
>> sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
SMITH, Alexander
Gordon. Solitária. São Paulo:
Editora Benvirá, 2012. 264p. (Fuga de Furnace, v.2). Título original: Solitary.
“Aquele espaço era um tipo totalmente diferente de tortura,
infinitamente mais lenta e mais aterrorizante. O buraco não precisava de
monstros para realizar seu trabalho sujo; ali não havia utilidade para a
brutalidade dos ternos-pretos e de seus cães de olhos prateados, ou Ofegantes
com seringas imundas.
Não, tudo o que era necessário ali era eu – e meu
incomparável pânico. Porque sozinho, no silêncio da escuridão impenetrável,
sabia que meus pensamentos me enlouqueceriam. Minha própria mente me mataria.”
p.63
Diferente da
maioria das séries juvenis que conheço, a trama de Fuga de Furnace é pesada, assustadora e repleta de aventuras e
surpresa. O autor não polpa leitores e personagens, é muita morte, muita
tortura psicológica e seres aterrorizantes para todo lado. O Alex tiraria os Jogos
Vorazes de letra, aqui o bicho pega realmente - o protagonista suja as mãos de verdade ^^! Hoje vou falar do segundo
volume da série com Solitária do
Alexander Gordon Smith.
Alex Sawyer aos
12 anos foi acusado e condenado por matar seu melhor amigo, Toby; mesmo inocente
o menino foi condenado a prisão perpétua na Penitenciária de Furnace, o inferno
na terra. Bom, não que Alex se considere inocente, ele roubou, traiu e enganou, sabe bem que merece castigo. Mas ninguém merece Furnace. Guardas sádicos, cães infernais, monstros que invadem as celas a
noite e levam crianças que nunca mais voltam. Os detentos se matam, brigam e
acabam morrendo, são assassinados, é um caos total. A única escapatória é
fugir.
A partir daqui contém spoilers do livro
anterior, então se ainda não conhece a série confira a resenha de Encarcerados.
Alex junto com seus amigos e um
inimigo que forçou sua entrada no grupo no último minuto, tentou escapar do terror de Furnace. Um plano
elaborado aos poucos, com todas as chances no mundo de dar errado. Mas ele, Zé, Gary e Toby acreditaram
que tudo dariam certo, e seguiram rumo a um sonho de liberdade. Mas tudo deu
errado, e o pesadelo ficou pior.
A explosão jogou
os garotos nas profundezas de Furnace, em um rio longo e perigoso, cada vez mais seguindo para dentro da montanha. Sem comida, apenas escuridão, pedras afiadas e os guardas
os perseguindo. Junto com eles vieram os cães, eles não sabem o que é pior,
morrer enterrado naquela montanha, ou ser capturado e voltar a Furnace.
Alex tinha esperança, de ESCAPAR,
de encontrar a LIBERDADE junto com Zé, e de viver livre daqueles monstros. Ele
queria encontrar a luz do dia, queria gritar aos quatro cantos o que faziam com
as crianças naquele lugar, ele queria apenas SOBREVIVER. Por um momento, ele
queria ser recapturado, na cela pelo menos ele tinha a gororoba, nas
profundezas ele iria morrer de fome.
~~~~~
É complicado
descrever esta série sem contar spoilers, a sinopse oficial do livro já está
repleta deles, até os títulos dos próximos volumes entregam muito sobre a
série. Mas independente disso a adrenalina corre solta. O livro prende o
leitor a cada página, impossível
desgrudar antes de chegar ao final.
E raramente um
protagonista sofre tanto, é muita coisa ruim que acontece com o pobre Alex e
seus amigos; não que ele se considere um injustiçado, o garoto carrega com ele
os erros do passado. Mas nada do que ele fez, era ruim o suficiente para
merecer apodrecer em Furnace.
“Como já afirmei tantas vezes, não sou uma boa pessoa,
tampouco um herói. Sou um criminoso, um mentiroso, um trapaceiro, um assassino.
Eram eles ou eu, e eu desejava viver.” p.137
Neste segundo
volume muitos dos mistérios da penitenciária vão sendo revelados, entendemos um
pouco do que acontece com os guardas, os cães, os meninos que são levados e
nunca mais voltam. A ambientação, o diretor e muitos dos monstros de Furnace
são realmente aterrorizantes, o que eu mais gosto na série é o quanto tudo isso
é assustador, e o autor não tem nem um pouquinho de pena dos seus pobres
personagens.
O ambiente do
segundo livro é mais opressivo, agoniante. O livro não é todo cheio de ação,
mas mesmo assim o leitor fica refém de cada uma das páginas, desesperado para
saber o que acontece a seguir. Os dramas de Alex marcam o leitor, você sente
junto com ele todo o terror da penitenciária. E aqui o autor leva a trama para
o lado psicológico, abusa da mente perturbada dos garotos, que vão passando por
situações cada vez mais debilitantes, capaz de acabar com a alma de qualquer
um.
Eu sou fã da
série, Alex é mais um anti-herói, um garoto complicado que não tem nada de
bonzinho, mas que também não merece o
que está acontecendo com ele, ninguém merece aquilo tudo lá. Não vejo a hora de
ter o próximo volume em mãos, a historia é viciante.
A série não é
indicada para qualquer leitor, primeiro por ser mais pesada, pelo seu aspecto
assustador e pelas cenas fortes. Mas se você gosta de um livro mais forte - como Gone, por exemplo -, se
gosta de uma aventura com características distópicas que sai da mesmice, esta
série é imperdível. Ah, você também tem que ter estômago forte... leia!!
Série
Fuga de Furnace do Alexander Gordon Smith
- Encarcerados (Lockdown)
- Solitária (Solitary)
- Sentença de morte (Death sentence)
- Fugitivos (Fugitives)
- Execução (Execution).
Avaliação (1 a 5):