A filha da minha mãe e eu - Maria Fernanda Guerreiro
>> quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
GUERREIRO, Maria Fernanda. A filha da minha mãe e eu. São Paulo: Editora Novo Conceito, 2012.
272p.
“Lendo o resultado do exame,
enquanto meu sorriso ganhava vida própria, o primeiro pensamento que tomou
conta de mim foi ‘com meu filho vai ser diferente’. Esses eram, no mínimo,
sentimentos conflitantes e eu não podia mais ignorar isso. Eu tinha que faz as
pazes com a minha historia.” p.7
A filha da
minha mãe e eu
da Maria Fernanda Guerreiro foi o livro escolhido para mim no Clube
das Chocólatras deste mês. Um romance com cara de drama, conta a historia
complicada de uma família e tenta refletir e
reviver o relacionamento da filha com sua mãe. Narrado em primeira pessoa por Mariana
que nos conta sua vida desde quando tinha cinco anos de idade, seus traumas,
sofrimentos e alegrias.
Mariana acaba de descobrir que
está grávida, e ao contar para o marido, Davi,
enxerga em seus olhos e em seu sorriso toda a emoção que deveria sentir. Seus olhos não refletem a
mesma alegria, Mariana não sabe como ser mãe, só pensa que será diferente...
diferente de dona Helena. E é ai que
ela volta ao passado, e conta sua historia desde que era ainda uma garotinha.
Quando tinha 5 anos sua mãe a chamou de cínica,
ela não sabia o que a palavra significava na época, mas nunca esqueceu a frieza
no olhar da mãe. Ela e seu irmão mais velho, Guga, faziam sempre tudo juntos, brincadeiras e brigas. Mas ela
sabia, ela era muito mais próxima do pai, Tito,
que era sempre paciente. Já sua mãe, sempre amou mais seu irmão.
Não sabe se é porque ele era mais frágil, sofreu
muito bullying na escola quando era criança por ser gordinho, e vivia
chorando grudado na saia da mãe, implorando para ela buscá-lo na escola.
Ela defendia o irmão, mas não entendia porque tudo que fazia era errado, sempre.
Quando foi ficando maior Mariana percebeu o
ciúme da mãe, da atenção que seu pai dava para ela. Ela sempre disputou a
atenção de Tito, primeiro com sua família que sempre metia o bedelho no
casamento dos dois, depois com a filha.
E é assim, lembrando pouco a pouco do passado de
cada familiar que Mariana vai reconstruindo a sua historia, e tentando
reconciliar sua historia com sua mãe.
~~~~~~
Eu não consegui me conectar com a historia, mas
vou falar primeiro do que eu gostei. Gostei da narrativa da autora, ela escreve
bem, a leitura flui rapidamente e o livro foi bem revisado além de contar com
um bonito trabalho visual. O enredo é interessante, o leitor fica curioso para
saber o que aconteceu com Mariana afinal, e o que aconteceu com Helena para ser
tão dura com a filha. Dito isso, o restante, não me convenceu.
Veja bem, a historia começa bem, mas os
personagens são pouco carismáticos. Mariana é uma sonsa, tudo bem que a mãe
dela era realmente muito chata e muito dura na mesma medida, mas a menina agia
como um papel toalha, que absorvia tudo que atiravam para ela sem ter opinião própria. E dona Helena apesar de muito rígida e cheia dos chiliques, era uma leoa em defender os filhos e cuidou bem deles apesar de tudo, é uma mulher que viveu para a família.
Como a narrativa é em primeira pessoa e em
formato de pensamentos - Mariana narra o que aconteceu no passado, pequenos
pedaços aqui e ali; o leitor não acompanha realmente a evolução da historia- os
outros personagens ficam a margem. Mas não perdemos muito, Helena é
chata e muito radical com suas atitudes, Tito é o marido bonzinho e bobo, Guga é
frágil e bobo... Ai temos a avó materna lunática e a família grudenta dos avós
paternos.
Mas teve algo que me incomodou ainda mais, quem
acompanha o blog já deve ter lido a frase “salada sobrenatural” quando falo de
um livro onde misturam muito tipos de seres e a trama se perde... aqui temos
uma “salada dramática”. É tanta coisa, mas tanta coisa... e tudo é abordado
superficialmente, se resolve magicamente e eu até achei graça. Era muita
desgraça para pouca família.
Acompanhe comigo: Helena passou FOME junto com
seus irmãos depois de uma TRAIÇÃO e um ASSASSINATO. As crianças foram então
ABANDONADAS, entregues para ADOÇÃO. O livro fala de BULLYING, ABUSO SEXUAL,
ABORTO de uma forma tão fácil que parece ter uma clínica em cada esquina, vicio
em DROGAS com uso de cocaína e correlatos (leve SPOILER, eu tive que rir quando
o filho manda uma carta da Austrália dizendo “o mãe eu sou usuário de cocaína
por isso não vou voltar para casa), HOMOSEXUALISMO, MISÉRIA, DOENÇA NA
INFÂNCIA, SUICÍDIO/DEPRESSÃO, ESPÍRITOS OPRESSORES/ESPIRITISMO, e por ai vai...
É muita coisa para pouco livro, você vai ficando
meio abobada e no final acha graça. Até porque é meio assim, “estou
em depressão profunda, vou pular da janela”. Depois não se fala mais nisso,
nunca mais!
Deixando isso de lado, que foi o que mais me
desgostou, ainda temos um final insosso e sem nenhuma revelação. Eu esperava um
romance quando chegasse na parte que Mariana conhece Davi, que ela já apresenta como seu marido na primeira página. Mas
nada... Eu esperava um futuro, algo melhor do que 6 páginas de conclusão e fim.
Bom é isso, eu não indico, tem muito romance
melhor por aí, mas se você leu me diga aqui se gostou. =]
Avaliação (1 a 5):