Perdida - Carina Rissi
>> quarta-feira, 21 de novembro de 2012
RISSI, Carina. Perdida. São Paulo:
Editora Baraúna, 2011. 472p.
“- Hã... Será que você poderia me ajudar? Estou meio... Perdida. – um riso
nervoso escapou de meus lábios.
- Perdida? – sua voz não pareceu nada surpresa.
- É. Eu estou num
lugar muito estranho onde... onde... – era difícil dizer em voz alta. Tomei
fôlego. – Onde algumas pessoas pensam ser
o século dezenove. – ri nervosa outra vez. – Dá pra acreditar?” p.52
Todo mundo falou
tanto, elogiou tanto, que eu me rendi por este livro e o adquiri na Bienal SP,
depois da Márcia falar que
eu ia amar. E, confesso, estar perdidamente apaixonada por Perdida. Trocadilhos bobos a parte, confiram este romance que para
mim é um conto de fadas adaptado e não perde em nada para os sucessos
internacionais do estilo. Este é o meu livro de novembro do Clube das Chocólatras
BH, Perdida da brasileira Carina
Rissi.
Sofia Alonzo, 24 anos, é uma
moça como muitas outras dos tempos atuais. Bom, deste século. Solteira, mora
sozinha, terminou a faculdade e trabalha muito para conseguir pagar suas
contas. Sofia não tem família, ficou órfã após os pais morrerem em um acidente,
mas é muito próxima de sua melhor amiga, Nina.
E esta historia começa quando as duas estão em um bar e Nina conta que decidiu
morar junto com Rafa, o namorado que
Sofia não tolera muito. Bastante bêbada a moça vai ao banheiro e seu celular
cai no vaso sanitário.
É a tragédia da
noite, já não bastava Nina ficar pentelhando dizendo que ela nunca se apaixonou
e por isso não entendia o que a amiga estava fazendo. Ela não queria se
apaixonar, fez isso uma vez no passado e não foi nada legal, estava muito bem assim,
obrigada.
No dia seguinte
Sofia tenta ignorar sua ressaca e sai para uma missão urgente, comprar um
celular. E eis que a moça entra em uma loja deserta e muito estranha, fala com
uma vendedora idosa e mais estranha ainda... e acaba saindo de lá com um
celular hiper moderno e bem pequenininho que só tem dois botões. Feliz com sua
super aquisição ela liga o celular e uma luz branca quase a deixa cega.
O resultado é que
ela cai no meio da praça e se sente meio atordoada. Mais atordoada ainda quando
consegue focar a vista e ver que a praça não existe mais, ela parece estar em
um lugar... no meio do nada. E de repente aparece um rapaz em um enorme cavalo,
você leu bem, cavalo.... e se oferece para ajudá-la.
O moço em questão é
Ian Clarke, um cavaleiro saído diretamente
do século XIX. Sim, você não leu errado, ela caiu em sua grande cidade e
levantou... em 1830. Desnorteada ela acaba aceitando a ajuda do rapaz, que
parecia extremamente perturbado com sua saia jeans e camiseta, e fica hospedada
em sua casa.
Enquanto Sofia
tenta desesperadamente descobrir se ficou maluca ou achar uma forma de voltar
para sua casa, e para seu tempo, Ian parece ansioso em conhecê-la melhor. E ela
logo fica encantada com o rapaz lindo e educado, com sua família atenciosa e
com aquela vida cheia de longos vestidos e paetês. Ela odeia as formalidades da
época, a falta de modernidade... mas seu coração não parece se preocupar nem um
pouco com isso, ele dispara toda vez que ela chega perto de Ian. E agora, Sofia
está realmente Perdida.
“E por que não é bom? – perguntou com a voz intensa, fazendo
os pelos de meus braços se arrepiarem.
- Porque eu vou embora
logo, Ian. Não tem sentido me afeiçoar a ninguém aqui.
- Mas você está aqui
agora! – ele sussurrou e, gentilmente, levantou a mão livre para colocá-la
em meu ombro. – Por ora, este é seu
lugar.” p.173
~~~~~~~
Eu caí de amores por este livro logo de início,
é um romance leve e que flui muito bem, você lê suas quase 500 páginas sem nem
ver o tempo passar. Os personagens são fofos, divertidos e é uma típica
historia de amor de conto de fadas.
A menina moderna volta ao tempo para encontrar o
homem ideal, um homem gentil, atencioso, cavalheiro, do tipo que parece não existir mais hoje em dia. Os costumes da época, as gentilezas e troca de elogios
balançam o coração de Sofia, mas ela sabe que não deve se apaixonar, já que a
qualquer momento pode voltar para o futuro.
Sofia é cabeça dura e muito engraçada, ela odeia
a falta de modernidade da casa de Ian e algumas cenas são hilárias, como ela no
banheiro com um tal folha de alface. Se é que posso chamar a “casinha” de
banheiro. Ver os criados carregarem baldes e baldes de água para o seu banho
também não a animava muito. Isso sem falar na falta de um shampoo decente e da
inexistência de um condicionador. Ela não aguentava usar aqueles vestidos
enormes, ou ser chamada de Senhorita para todo lado.
Visto como um conto de fadas adaptado o livro é
perfeitinho, e eu amei a leitura e me diverti muito com ele. Tanto que minha
nota não pode ser menor, apesar de ter algumas ressalvas, a leitura foi ótima. A
qualidade da escrita da Carina não deixa nada a desejar para outros livros bem
mais famosos do estilo, prova disso é que o novo livro da autora “Procura-se um marido” foi lançado pela
Record. Então se você gosta de um romance fofo, de um chick-lit divertido e de
uma historia com um toque de fantasia, este não pode ficar de fora de sua
estante.
Sobre as minhas ressalvas, eu acho que a autora
quando cria uma obra de ficção tem todo direito de criar o cenário que quiser,
sem seguir fielmente a historia do país. No final do livro na “Nota da autora”
ela explica que simplesmente decidiu que a escravidão não havia existido no
país e excluiu este triste episódio do livro; Ian tem criados e governanta,
mordomo, não escravos. Dito isso, em minha opinião ela perdeu muito em excluir
este fato e outras características importantes do século XIX, como a linguagem
mais formal e o linguajar da época. Tirando as gírias, os diálogos de Sofia e
Ian pouco se diferiam, ele só é um rapaz muito educado.
Acho que abordar estes assuntos teria dado um
peso maior à obra, um choque cultural mais forte, já que Sofia se adapta até
muito bem a vida de Senhora e deixa para trás muito fácil sua vida anterior.
Ian é muito pouco machista para a época, é o mocinho ideal para uma boa “piriguetagem literária”. E eu esperava
que ele fosse mais exigente, mais crítico, até porque ele tinha muitas moças a
disposição para escolher.
Por estes fatores eu decidi ver o livro como um
conto de fadas adaptado, um conto de fadas envolve o romance dos dois com um
toque de fantasia, e como tem até fada madrinha no livro... não tem muito
porque eu me preocupar com a História do Brasil Colonial rsrs.
Bom, eu AMEI e indico para quem gosta do estilo!
Leiam esperando um romance leve, fofo e divertido e ele irá superar suas
expectativas.
Série Perdida da Carina Rissi
In: http://www.carinarissi.com.br
Série Perdida da Carina Rissi
In: http://www.carinarissi.com.br
Avaliação (1 a 5):