Tempest - Julie Cross
>> terça-feira, 21 de agosto de 2012
CROSS,
Julie. Tempest. São Paulo: Editora
Jangada, 2012. 368p. (Tempest, v.1). Título original: Tempest.
“Por alguns segundos, toda a questão da minha vida
maluca e confusa se dissipou e era só eu, Jackson Meyer. Um cara normal,
orgulhoso porque a garota de que ele gostava talvez estivesse de fato
interessada nele. Embora eu quisesse ter cuidado com Holly, sem me aproximar
demais, ainda assim era bom ouvir aquilo. Me deixou feliz... e no momento
aquilo não era tarefa fácil.” p.’175
O
tema viagem no tempo me fascina desde os tempos do filme “De volta para o futuro".
A literatura ainda não explorou este tema ao extremo, como tem acontecido com
outros gêneros, então tem aquela cara de novidade para os leitores. Eu já li
dois romances que falam sobre, mas ambos são adultos e não têm a
fantasia como foco principal e sim os relacionamentos, o ambiente histórico. A
mulher do viajante no tempo fez sucesso na literatura e no cinema, o livro
é lindo. Mas o meu queridinho é A
viajante do tempo da famosa série Outlander. Não estou me lembrando de
outras séries juvenis neste estilo, então para mim Tempest da Julie Cross teve um gosto especial de novidade. Confiram
a resenha.
Jackson Meyer, 19 anos, seria o que
chamamos de um garoto privilegiado. O pai é podre de rico, estuda em uma
ótima escola e aparentemente tem tudo o que um garoto pode sonhar; daqueles com fama de
rico e pegador. Mas a vida de Jackson não é assim tão fácil, o rapaz perdeu a
mãe no parto e a irmã gêmea na adolescência, vítima do câncer. E depois, bom,
depois começaram as viagens.
No
início para ele foi algo estranho e inacreditável, em um momento estava na sala
de aula, no outro estava na porta do seu dormitório. Descobriu que seu
verdadeiro “eu” apenas cochilava por poucos segundos durante estes saltos, sempre
para o passado. Descobriu também que ele não conseguia alterar nada no passado,
quando voltava ao presente tudo estava igual, ninguém se lembrava dele no
passado. Ele era como uma sombra, apenas um observador. Só em sua memória
ficavam aquelas viagens. Era bom e doloroso, rever Courtney, falar com ela.
Seu "eu" presente está em 2009 e a única pessoa que sabe de seu “dom” é seu melhor
amigo Adam, que tenta ajudá-lo a
descobrir mais sobre seu poder. Adam tem teorias, pesquisas e estratégias. Holly, sua namorada, também está sempre
com eles, cansada de suas desculpas e escapulidas. Ele leva a vida mais normal possível,
trabalhando no acampamento, frequentando a faculdade e testando teorias com
Adam. Até que um dia algo surpreendente acontece.
Dois
homens armados invadem o dormitório de Holly e tentam levar Adam. Na confusão
algo desesperador acontece. E quando ela mais precisa dele, ele salta no tempo,
sem ter qualquer controle sobre isso. Volta para 2007, mas agora algo está
diferente, é como se ele estivesse realmente lá, agora ele não é mais uma
sombra. E também não consegue voltar. Para 2009, para Holly.
“Holly caiu no chão e eu quis gritar, me atirar ao lado
dela, mas no segundo em que o sangue vermelho começou a aparecer através do
tecido do roupão, saltei no tempo. Desta vez parecia que eu não estava no
controle.” p.32
Agora
ele precisa aprender mais sobre seus poderes, sobre a origem de seu dom. Em
2007 busca informações, aproxima-se dos “eus passados” de Holly e Adam, que
ainda nem o conhecem. Seu pai, sempre ausente no trabalho, parece saber muito
mais do que ele imagina e aparenta esconder um grande segredo. Jackson
precisa voltar para Holly desesperadamente, mas enquanto está preso no passado
faz descobertas que podem mudar seu futuro.
~~~~~
Tempest
foi uma leitura deliciosa, a narrativa da autora me deixou grudada até a última
página do livro e terminei já louca para ler a continuação. O conceito de “viagem
no tempo” foi muito bem desenvolvido pela autora, para mim é uma das fantasias
mais difíceis de escrever, porque tudo muda o tempo todo e é muito provável que
a historia tenha pontas soltas e fatos mal explicados. O fato das viagens do
tempo não alterarem o passado facilitou muito, mas por outro lado, as viagens
ficam um pouco sem objetivo. É como se Jackson ficasse passeando pelo passado,
e ele faz isso o tempo todo, mas quando ele volta tudo fica a mesma coisa. Qual
seria o ponto então?
Para
mim a palavra-chave do livro é conhecimento. Por mais que Jackson não consiga alterar
sua vida nem a de ninguém, ele carrega as lembranças desta viagem. Ele aprende
mais, descobre segredos, aprimora seu dom. Até que ele descobre que nem toda
viagem pode ser assim, que algum tipo de viagem pode realmente mudar o passado.
Não tem como explicar tudo sem spoilers, falar dos saltos, meio-saltos, base
original e mudanças de base. Só posso dizer que gostei muito dos conceitos, a
fantasia da Julie é inovadora, diferente, bem escrita.
Agora
sobre os personagens, o foco principal é o relacionamento de Jackson com Holly.
Eles eram apenas um casal adolescente namorando, sem aquela coisa de amor
eterno, de duas pessoas que não se desgrudam, sem aquela melação toda rsrs. E,
claro, este relacionamento se aprofunda durante a narrativa, saber que a moça
pode estar morrendo no futuro e que ele está preso no passado sem fazer nada,
muda tudo. Agora, como mocinho, Jackson não me conquistou. Jamais seria um
daqueles personagens que me encantam, tem uma cena em que ele nem se lembra se “Holly
era a primeira menina que ele dormiu que fosse virgem”, quem quer um cara
destes?
O
que me leva a falar do principal ponto fraco do livro, os personagens. A autora
foca tanto na aventura e nas viagens, que se esquece de seus protagonistas.
Infelizmente os personagens são rasos, ela tinha muita coisa para trabalhar e
não explorou isso. Um pai cheio de segredos, uma irmã que
morreu de câncer, um adolescente meio revoltado etc. A narrativa não desenvolve
bem nenhum deles, eu me apaguei a historia, mas não tenho nenhum apego por
Holly, Jackson, Adam, etc.
A
historia é cheia de reviravoltas, e aconselho vocês a ficarem longe da orelha
do livro, para mim ali tem bem mais informações do que uma sinopse deveria ter.
Outro destaque é para a narrativa feita por um garoto, é mais ágil, tem menos
choro e mais ação. ^^ Ele decide algo e faz, ele tem dúvidas e se arrisca. Não
dá certo e ele tenta outra coisa. O ritmo é diferente, a leitura flui bem
melhor. Se gostou da resenha, Tempest vale a pena ser lido! Aventure-se!
Série Tempest de Julie
Cross
- Tempest (Tempest)
- Vortex (Vortex)
- Timestorm (Timestorm)
Interligado:
Tomorrow is today (a tempest serie bonus short story).
Avaliação
(1 a 5):