O clã dos magos - Trudi Canavan

>>  sexta-feira, 6 de julho de 2012


CANAVAN, Trudi. O clã dos magos. São Paulo: Editora Novo Conceito, 2012. (A trilogia do mago negro, v.1). Titulo original: The magician’s Guild.

“Uma ondulação de luz azul relampejou a saída da pedra, que em seguida atingiu a têmpora do mago com um baque surdo. O mago permaneceu imóvel, fitando o nada, até que seus joelhos se dobraram.
Sonea observou atentamente, boquiaberta, quando o mago mais velho conduziu o parceiro até o chão...
Sonea baixou a cabeça e olhou para as mãos. Funcionou. Quebrei a barreira, mas não é possível. A menos que... A menos que eu tenha usado mágica.” p. 24

Este foi um dos livros de literatura fantástica que mais me atraíram entre os últimos lançamentos do gênero. Eu adoro bruxos e adoro uma historia construída em um mundo totalmente novo, um cenário da idade media cheio de magia, uma combinação que eu não resisto. Então senta que lá vem história... conheçam O clã dos magos da australiana Trudi Canavan.

É dia do ritual de purificação na cidade de Imardin, uma tradição que vem acontecendo anualmente a bastante tempo. É quando os magos deixam sua fortaleza e chegam a cidade,  andam em pares, protegidos por uma barreira de proteção, eles seguem as ordens do Rei.  O ritual consiste em expulsar da cidade todos os ladrões, pedintes, desabrigados, enfim, toda a classe pobre que infesta a rua com sua presença.

Os magos juntos se posicionam no centro da praça, protegidos pela barreira e prontos para o ritual de magia. Do lado de fora os meninos das favelas e a população mais pobre pragueja, joga pedra e reclama. Nada disso é percebido por eles, as pedras apenas batem na barreira e caem ao chão. Todas menos uma.

Sonea é uma jovem garota de rua, vive com os tios em um pequeno quarto na cidade, mas acabaram de ser expulsos e agora retornariam as favelas. Ela está furiosa com a pobreza, com o tratamento do rei e dos magos com as classes menos favorecidas. Sonea reúne toda sua raiva em uma pedra, toda sua frustração e seu desprezo por aqueles magos. Mas, ela quase desmaia quando vê sua pedra passando pela barreira e atingindo um mago na testa. O caos toma conta da praça, pessoas gritam, correm, comemoram. Os magos procuram no meio da multidão o responsável por tamanha afronta. Um deles a vê. Ela foge.

Uma maga não treinada está solta nas favelas, um perigo para ela mesmo e para todos à sua volta. Ela precisa aprender, precisa de orientação para controlar seus poderes antes que acabe machucando alguém. Os magos são enviados para encontrá-la.

Sonea sabe que eles irão matá-la, e conta com a ajuda dos seus dois amigos favelados para fugir, Harrin e Cery. Tem inicio uma caçada desesperada pelos becos e passagens da favela. Um lugar sem esgoto, sem nenhum serviço público, sem água potável. Os magos se assustam com os cheiros, com a magreza das pessoas, com a pobreza. Sonea desesperada foge, sem saber que seus poderes estão aumentando e podem ser perigosos.

Os magos Rothen e Dannyl se unem para encontrá-la, eles planejam aceitar Sonea no clã e oferecer uma vaga como aprendiz. Mas nem todos os magos estão favoráveis a entrada de um plebeu para o clã. Alguns só querem se livrar dela, como Lorde Fergun, aquele que acabou com uma pedrada no meio da testa.  Poderes estão em jogo, Sonea conta uma ajuda inesperada para continuar sua fuga. Magia, política, desigualdade social... uma disputa de interesses se aproxima, será que só o mais forte pode vencer?

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Me empolguei um pouco, eu amei o enredo e os personagens desta historia fantástica. O livro é o primeiro de uma trilogia e eu terminei louca para ter o segundo em mãos.  Os eventos deste livro são desvendados, mas eu não vejo a hora de continuar a historia.

A autora descreve muito bem a diferença entre as classes sociais, a forma como a aristocracia enxergava os moradores das favelas. A vida de Sonea e de seus amigos é triste e miserável. Eu torci pela personagem, para que ela conseguisse de alguma forma melhorar de vida. O elitismo me assustou em algumas partes, assim como a descrição das favelas e de seus moradores.

O livro seria perfeito se não fosse a narrativa repetitiva, e ainda assim, um livro grande e com falhas na descrição dos locais e ambientes. Quando o autor cria um mundo completamente novo, para mim ele precisa ser melhor explicado. Outra coisa que eu não gostei é que se perde quase meio livro na caçada atrás de Sonea, nada acontece. Ela foge, eles perseguem, ela foge. Para mim isto podia ter se desenrolado com mais agilidade, enriquecendo o enredo do livro.  Me incomodou também um pouco as gírias e a linguagem coloquial para diferenciar os plebeus; aquele monte de cê (você) e palavras do estilo, acho isto desnecessário, não sei se no original em inglês também está assim.

No mais o livro é uma aventura deliciosa de se acompanhar, a luta do mais fraco quase sempre favorece o protagonista, ficamos apaixonados por Sonea e torcemos muito por ela. Para aqueles que gostam de magia, não leiam comparando este livro com outro do estilo, é bem diferente. O destaque é para a o suspense e a caçada pela menina desaparecida, ganha-se na aventura, perde-se na magia.

Não esperem salas de aulas e ensinamentos sobre magia, não esperem aulas de poção e varinhas mágicas. A magia é mostrada de maneira mais contemplativa, um exercício mental e de controle, é quase uma aula de yoga. 

De qualquer forma o livro prende a atenção do leitor até o fim, o meu maior sentimento durante a leitura foi de angustia. Eu sofri muito pela Sonea, pelas maldades que poderiam acontecer com ela e em como ela estava caindo em algumas armadilhas.  Os personagens são ótimos, não vejo a hora de rever Sonea, Rothen, Cery e Dannyl. Leiam!!

A trilogia do mago negro de Trudi Canavan
  1. O clã dos magos (The magicians’ Guild)
  2. A aprendiz (The novice)
  3. O lorde supremo (The high lord).
Avaliação (1 a 5):

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