Viva para contar - Lisa Gardner
>> sexta-feira, 22 de junho de 2012
GARDNER, Lisa. Viva para contar. São Paulo: Editora
Novo Conceito, 2012. 480p. (Detetive
D. D. Warren, v.4). Título original: Live to tell.
“Eu sei o que você está pensando. Você acha que escolhi
essa carreira para salvar crianças perdidas, assim como eu. Ou, talvez, de
maneira mais heróica, você acha que escolhi essa profissão para evitar tragédias
como aquelas que aconteceram à minha família.
Entendo o que você está pensando.
Mas você ainda não me conhece.” p.10
Vocês precisam saber dois fatos
importantes antes de começar a ler esta resenha: o primeiro é que este é o
quarto livro de uma série, embora seja o primeiro a ser lançado no Brasil; o
segundo é que este não é um livro para qualquer leitor, não mesmo. Eu que estou
acostumada, e gosto, de livros com seriais killers malvados e cenas
sanguinolentas me choquei com a historia. Agora se você está psicologicamente
preparado para a leitura, enjoy. O
livro é muito bom! Hoje vou falar de Viva
para contar da Lisa Gardner.
É uma noite quente de verão
em Boston, a investigadora D. D. Warren
desfruta um jantar em mais um encontro arranjado por um amigo, aos 40 anos, e
solteira, está decidindo se terá ou não uma intensa noite de sexo. Como todo
bom policial, seus planos mudam ao toque de um bipe. O código requer todos os
investigadores na cena do crime. Pelo jeito algo horrível acaba de acontecer.
A cena é brutal, uma família
inteira assassinada, os pais e os três filhos. A mãe com uma facada pelas
costas, o pai com um tiro na cabeça, as crianças, todas mortas, a mais velha
tinha 14 anos. O pai, único sobrevivente e principal suspeito, é levado as
pressas para o hospital. A suspeita é de assassinato, seguido de suicídio. Para
a investigadora, existe mais elementos a se considerar. Junto com ela está Alex Wilson, novo na equipe e especialista no estudo das cenas de
crimes.
Na ala psiquiátrica de um
hospital trabalha Danielle Burton, uma
sobrevivente. Há vinte e cinco anos uma tragédia desestruturou sua vida, sua
família toda foi assassinada e ela, é a única que foi deixada com vida. O pai foi acusado
do crime, assassinato seguido de suicídio. Hoje ela é uma enfermeira e trabalha
com as crianças internadas na ala psiquiátrica, seu propósito de vida é ajudar
aquelas crianças. Quando a investigadora D. D. Warren aparece no hospital, ela
sabe que algo horrível está para começar. Talvez ela devesse ter aceitado um
dos vários convites de Greg para
jantar, agora parecia ser tarde, o dia estava chegando. O aniversário de 25
anos da morte de sua família, ela sempre quis saber o porquê de ter sido poupada. Será
que seu pai a amava mais? Ou será que ele queria que ela sofresse pelo resto da
vida?
Victoria Oliver é uma mãe dedicada, ama seu filho com todas as suas forças, embora há
muito tempo tenha deixado de viver uma vida normal. Tudo o que ela quer é
cuidar de seu filho, nem sempre consegue. Ela o ama, independente do que ele
faça. Mesmo quando tentou matá-la, ela o amou, mesmo quando foi esfaqueada. Evan tem 8 anos.
“- Ele tentou me salvar.
- Talvez. Ou talvez não. A telefonista perguntou a ele o
que aconteceu. Sabe o que ele disse?
Eu balanço a cabeça, chocada.
- Ele disse que foi o diabo que o mandou matá-la. E
disse que era melhor que a ambulância viesse depressa, porque ele ainda não
havia terminado.” p.339
Passado e presente se misturam,
a vida destas três mulheres estão ligadas. Segredos assustadores são revelados.
As vezes, os crimes mais devastadores são causados por quem a gente menos
espera.
~~~~~
Como eu disse no início, este é
o quarto livro de uma série que tem como personagem central a investigadora D. D.
Warren. Como na maioria das ficções policiais, os livros são independentes.
Como todos que eu já resenhei, senti falta de ler na ordem certa. Acontece
que D. D. Warren já é uma personagem conhecida, eu sentia que deveria saber
mais sobre seu passado, que a tornou quem é hoje, mas isto é um ponto obscuro para
mim. Acredito que eu teria gostado ainda mais do livro lendo os anteriores, e
espero que a Editora lance os outros no Brasil.
Agora preciso confessar que esta
trama me chocou, me deixou arrepiada e em alguns momentos com medo do que viria
a seguir. Entendam, eu não ligo para crimes hediondos, gosto de livros policiais e não ligo para sangue, mutilação ou o que mais os seriais killers consigam inventar. Mas você
imaginar uma criança de menos de 10 anos, com uma doença psicológica e uma
grande disposição para matar, é assustador. Evan por exemplo é uma criança
linda, 8 anos e lindos olhos azuis, cabelos encaracolados e rosto de anjo. Este
menino, mantém a mãe aterrorizada todos os dias, dizendo que quer “matá-la, matá-la,
matá-la”.
O livro é mais voltado para a
psicologia das doenças mentais infantis do que para a ação em si. Temos um assassino a
solta, temos assassinatos não resolvidos e as pistas se voltam para o hospital
infantil psiquiátrico. Mas o que vemos são descrições de sintomas, doenças e
tratamentos. Acompanhamos como o tratamento é complicado para os pais, para a
criança, como tudo aquilo é assustador. Elas não tem culpa, não sabem o que estão
fazendo, mas algumas podem matar, sem nenhum remorso; outras não são tão agressivas, mas sofrem de vários distúrbios. Muitas foram abusadas de
todas as maneiras possíveis, outras já nasceram assim.
Danielle foi uma personagem que
me intrigou, seu passado sombrio moldou quem ela é hoje, foi uma criança
mentalmente perturbada e hoje é uma adulta com sequelas do passado. Eu nunca
sabia o que pensar dela, desconfiei de sua inocência em alguns momentos e torci
por sua felicidade em outros.
Victoria me assusta, seu amor
pelo filho e sua abnegação são surpreendentes. Por outro lado ela está cega
para qualquer opinião ou pensamento, o filho é dela e ela sabe o que é melhor
para ele. Acho que muitas mães no lugar dela teria trancado aquele garoto em
algum lugar e sofrido as consequências. Já
D. D. Warren é forte e não se choca mais com muitas coisas, não tem medo da
verdade e está disposta a tudo para descobrir a verdade. Sua língua é ferina,
ela não se preocupa se vai magoar alguém, está pouco se lixando. Pessoas
morreram e alguém irá pagar por isto.
Viva para contar me surpreendeu de
muitas maneiras, apesar do tema pesado eu li rapidamente ansiosa para saber o
final. Matei algumas charadas, acho que o foco não era o assassino e sim a
psicologia do crime. O livro para mim só não recebeu a nota máxima porque achei
o final muito corrido, principalmente para um livro tão extenso. Os mistérios são
todos revelados, mas u queria saber sobre o futuro dos personagens e o epílogo
não foi suficiente; a detetive pelo menos volta no próximo livro, mas os outros
personagens não (até onde eu sei). Com certeza não é um livro que indico para qualquer leitor,
certamente não indico para o público muito jovem. Mas para quem gosta do estilo certamente vale
a pena. Leiam!
Série Detetive D. D. Warren de Lisa Gardner
- Alone
- Esconda-se (Hide)
- The neighbor
- Viva para contar (Live to tell)
- Sangue na neve (Love you more)
- Catch me
- Fear nothing
- A garota desaparecida (Find her)
- Look for me
- Never tell
- When you see me.
Avaliação (1
a 5):