Eu Mato - Giorgio Faletti

>>  sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011


FALETTI, Giorgio. Eu mato. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2010. 536p. Título original: Io uccido.

“O DJ fez a pergunta com a voz trêmula.
- O que você tem para fazer essa noite?
- Você sabe o que eu faço de noite, meu caro. Sabe muito bem...
- Não, não sei. Por favor, diga.
Silêncio.
- Não foi a minha mão que escreveu, mas todos já sabem o que faço de noite...
Ainda uma pausa que soou para todos como a suspensão de um rufar de tambores.
- Eu mato...

Ele se esconde nas sombras, escolhe suas vítimas e as anuncia através de enigmas em um programa ao vivo na rádio. O homem é um e nenhum. Ele é Ninguém. Tudo que eles têm é sua voz modificada, nenhuma pista, ele não deixa rastros. Em um dos melhores thrillers policiais que eu já li conheça Eu mato do italiano Giorgio Faletti.

O Principado de Mônaco é o segundo menor Estado do mundo e é famoso por sua sofisticação, por seus cassinos e claro pelo Grande Prêmio de Mônaco de Fórmula 1. É também onde vivem algumas das pessoas mais ricas e mais famosas do mundo. O paraíso dos ricos é também um lugar seguro, onde o índice de violência é quase nulo e tem o maior número de policiais por habitante. Mas este índice está perto de mudar. E muito.

Para o delegado Nicolas Hulot, aquela era mais uma manhã de sol quando uma chamada prioritária exige sua presença. Ele não sabia o que o esperava, nenhum deles estava preparado para isso. A cena era macabra, o sangue parecia ter se multiplicado, tudo era um mar de vermelho... e aquela terrível inscrição em sangue gravada na mesa... “Eu mato”.

“Havia sangue para todo lado. Nas paredes, nos travesseiros, no chão. Parecia impossível que naqueles dois pobres corpos sem vida pudesse haver tanto sangue.
O delegado obrigou-se a olhar para o rosto dos dois cadáveres. Dois rostos que não existiam mais. O assassino tinha arrancado completamente a pele da cabeça, inclusive os cabelos, exatamente como se tira o couro de um coelho.”

O agente do FBI Frank Ottobre estava em Monte Carlo fugindo de seus próprios problemas; para não afundar cada vez mais nas lembranças de seu trágico passado aceitara o convite de seu amigo Hulot e estava de licença. Mas agora seu amigo precisava de ajuda, e Frank decidiu deixar seus problemas de lado e mergulhar naquele caso sinistro. Ele ajudaria a colocar aquele psicopata atrás das grades.

Ele era Ninguém. Ele acredita que a história não muda, apenas os protagonistas que se alternam. Mudam-se os atores, mas os papeis permanecem os mesmos. O homem que mata, o homem que morre, o homem que não sabe, o homem que entende e que está disposto a pagar com a vida. E ali no programa Voices da Radio Monte Carlo ele seria ouvido, uma voz sem rosto que anunciaria um crime.

O radialista Jean-Loup Verdier estava apresentando seu programa quando atendeu um ouvinte e aquela voz apareceu. Era o começo de tudo, o anúncio de um crime. Ele prometeu e cumpriu sua palavra, sangue e morte. Ele deixa sua mensagem na rádio e a escreve com sangue. Eu mato.

A escrita de Faletti me conquistou nas primeiras páginas do livro, o autor escreve de uma maneira que prende a sua atenção e a cada palavra e te faz visualizar cada cena do livro. E seus personagens são construídos de forma primorosa, o que foi uma das coisas que mais me encantou no livro. Os personagens principais, secundários e as vítimas do serial killer tem um rosto, uma história e uma personalidade muito bem construída. Durante o livro você consegue se aproximar dos policiais, sentir pena ou asco pelas vítimas e até se solidarizar com a dor do assassino.  

As narrações se alternam e os sentimentos são expostos de maneira substancial. Ao mesmo tempo que você consegue sentir a loucura do assassino, você entra na cabeça amargurada de Frank e acompanha todo seu sofrimento. Este é um livro policial para ser degustado, ele aborda sentimentos profundos, a dor de forma muito palpável.

Além dos policiais, das vítimas e do assassino nos ficamos conhecendo todo o pessoal da rádio. Impossível não se encantar com o doce Pierrot - um rapaz com problemas mentais e que sabia todas as músicas da rádio -, não sentir pena do radialista, raiva do diretor da rádio e de alguns chefões da polícia. Temos também o drama da família do delegado Hulot, o passado de Frank e até a ira de um pai querendo fazer justiça pela filha assassinada.

O assassino é de uma inteligência assustadora e não deixa nenhum vestígio de seus crimes, você pode até tentar um palpite, mas a trama não deixa brecha para que você acerte. Cada detalhe que a pericia tenta descobrir ele consegue burlar, é uma caçada as cegas e Ninguém brinca com a polícia.

O livro e seus mistérios prendem o leitor até o final e é aquele livro que não deixa nada solto, tudo se encaixa e você termina de olho arregalado ao ler a última página. Tem também um breve romance, que tem seu lado singelo, mas não tira o foco da trama.

Bom eu me empolguei de novo não foi? Escrevi horrores? Ah vocês sabem que quando isso acontece é porque eu amei o livro e preciso que vocês leiam sim, quem não leu coloque logo na lista porque é imperdível! Entrou para os meus favoritos do skoob e logo vou ler o novo livro do autor que foi lançado este mês pela Intrínseca: Eu Sou Deus. Ainda não leu? Então corra porque Ninguém está esperando por você! xD

Avaliação (1 a 5):

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