Entrevista - G. Brasman & G. Norris
>> sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
G. Norris e G. Brasman |
Em uma experiência inédita, o Viagem Literária realiza uma entrevista dupla, ao conversar simultaneamente com G. Brasman e G. Norris, autores de Crônicas dos Senhores de Castelo, obra que traz aos leitores o Multiverso, mundo completamente novo, com seres mágicos e aventuras fora do comum.
A sintonia de ambos, ao responderem a cada pergunta com bom humor e criatividade, dá aos leitores uma ideia de como se realiza esse processo criativo incomum, em que personagens, ambientes e aventuras são “materializados” a quatro mãos.
Nessa entrevista, o Viagem Literária também inova ao incorporar uma pergunta enviada pelo leitor Ítalo Correa.
Boa leitura!
Em primeiro lugar agradeço imensamente pela entrevista, pela disponibilidade de vocês no e-mail e, claro, a participação no Viagem Literária. Vamos à entrevista, pena que é pela Internet ^^
Primeiro eu gostaria de conhecer um pouco mais sobre vocês, sua formação e o que vocês fazem além do trabalho como escritores...
Norris: Bem, eu sou formado em Economia, na UFPR. Tenho 34 anos, sou casado e vivo em Curitiba há uns bons 16 anos. Gamer assíduo desde o Atari 2600, já joguei de tudo, hoje tenho um PS3 - PSN ID: KHROMMER (não preciso explicar, preciso?J) e jogo muito FPS (First Person Shooter) online. Também sou muito ligado a musica e sou fã incondicional da Dave Matthews Band. Tenho também um playlist próprio para quando escrevo, com música celta, Enya, Blackmore’s night e baladas acústicas.
Brasman: Sou um canceriano de 34 anos, casado há 11 anos e pai de duas lindas meninas. Curitibano “da gema”, por formação sou bacharel em informática, pós-graduado em qualidade e produtividade. Por vocação, sou autor. Como hobby, além de escrever, adoro ler e assistir a filmes e séries de ficção.
Todo mundo deve perguntar isso, mas como foi escrever um livro em dupla? Como vocês dividiram as partes que seriam escritas por cada um e definiram o texto final? E quanto tempo o livro levou para ficar pronto?
Norris: Há, há! Tem razão, todo mundo pergunta mesmo, rs. Um livro escrito por duas pessoas parece estranho, mas no nosso caso funciona muito bem. Tudo se resume ao alinhamento que fazemos ANTES de escrever. Por trabalharmos no mesmo lugar, almoçamos todos os dias juntos e conversamos como iremos fazer os próximos capítulos e/ou histórias. Outra coisa que ajuda são os “tempos de escrita”: eu escrevo de manhã e o Brasman escreve à noite. Assim, eu reviso o que ele escreveu antes de começar a minha parte e ele faz o mesmo.
Se não estou enganado, o livro demorou nove meses para ser concluído.
Brasman: Pôxa! Fiquei sem nada para falar! rsrsrs.
Eu amei o trabalho do Marcos Vinicius Mello nas ilustrações. Como foi trabalhar com ele e o processo de criação das ilustrações? Há alguma ilustração em especial que tenha superado suas expectativas, que vocês viram e pensaram: "Uau, ficou melhor do que eu imaginei"? ou "Era assim mesmo que eu visualizava"? (Pergunta enviada pelo leitor Ítalo Correa)
Norris: Abraço ao grande Ítalo. Conhecemos o Marcos Vinicius Mello (Markito) pela editora anterior, pois desde o começo pensamos em pôr ilustrações no livro. Uma imagem que ficou muito boa e que eu pensei “Uau, isso ficou demais” foi a capa do livro (tão boa que a Verus decidiu manter sem alterações) e os Mellogs – simplesmente achei fantástico o desenho.
Brasman: O Markito é nota 11 e o trabalho dele nota 12! É um talento nato e entendeu exatamente o Multiverso. Eu adorei o palácio da mãe de todas as fadas, ficou sensacional. Mas eu disse “UAU” foi quando eu vi o primeiro esboço do Azio, ficou ainda melhor do que eu imaginava.
Crônicas dos Senhores de Castelo cria um mundo completamente novo... Como foi esse processo? Em que vocês se inspiraram para criar os seres mágicos e as criaturas desconhecidas?
Norris: Acho que a inspiração veio (e ainda vem) dos livros que lemos, filmes que vemos, musica que ouvimos e jogos que eu jogo, rs. Criar seres mágicos e criaturas é legal, um exercício de criatividade. Tenho um caderno cheio de idéias e conceitos, figuras que recorto de revistas, imagens ou letras de músicas que me ativam a imaginação. Até mesmo um dia de trabalho pode virar uma história de monstros e seres estranhos ;).
Brasman: Para mim é um processo natural e extremamente recompensador. Como adoro histórias fora do comum, procuro sempre inovar e criar situações que nos transportem para longe do cotidiano. E me inspiro em tudo, até mesmo situações do dia a dia, para criar meus textos.
Para quem ainda não leu a obra, expliquem aos leitores um pouco mais sobre o Multiverso e seus personagens.
Brasman: Nossa! Acho que esta entrevista pode acabar virando um livro! rsrsrs. Quando criamos nossa mitologia, ela ficou tão abrangente que não caberia em apenas um planeta, ou mesmo em um universo apenas. Imaginamos então que precisaríamos de vários universos para poder contar as nossas histórias. Como não sou fã de “realidades alternativas” nem de “dimensões paralelas”, tivemos que criar algo novo e único. Foi aí que surgiu o Multiverso. E neste conceito é possível existir todo e qualquer tipo de personagem. Por isso um autômato vivo e gerado naturalmente pode conviver com magos e com pessoas normais.
Durante a leitura e lendo algumas resenhas do livro em outros blogs vi que alguns leitores estranharam a origem de Azio e sua capacidade de escolha no final e até mesmo a presença de um andróide em um épico. Vocês podem contar um pouco mais sobre o personagem para os leitores?
Brasman: O que as pessoas talvez não estejam acostumadas é com conceitos diferentes. Azio é um autômato e não um robô. E por ter sido “gerado naturalmente” (isto será um pouco mais explorado no livro II), possui livre arbítrio. Sim, ele foi programado, mas foi mais como uma “lavagem cerebral” do que simplesmente um código computacional. Além disso, não escrevemos uma história medieval estilo Arthur (há outros autores que fizeram isto), mas criamos um novo conceito e que, a primeira história, se passa em um planeta pouco desenvolvido. Mas há infinitos mundos e diferentes níveis de desenvolvimento e de magia. Muita coisa ainda vai ser contada, mas um livro só é pouco para “descarregar” tanta informação.
Norris: Bem, Azio é uma referencia clara a C3PO, de Guerra nas Estrelas. Ponha uma pitada de Pinóquio e o resultado é um binaliano (rs).
Falar sobre Azio é difícil, porque ele veio de uma raça de autômatos supostamente extinta durante uma guerra interna que destruiu Binal, seu planeta natal. Porém, há poucos registros sobre Binal no Multiverso, por isso, fica difícil um estudo sobre a cultura e costumes daquele povo. A própria língua binaliana, aquele 0101%%%1101 – que soa para mim como som de estática de rádio (rs) seria um código trinário, capaz de escolher entre sim, não e talvez, essência da escolha humana.
Como escritor, gosto de Azio, me parece ser um amigo fiel (rs).
Agora sobre o próximo volume da série – tem previsão de lançamento? Podem contar um pouco da trama do próximo livro?
Norris: Ahá, querendo spoiler, hein?
Acreditamos que os demais volumes da série serão publicados em intervalos de um ano e meio cada. Mas, fiquem tranquilos, todo o roteiro da série já foi escrito e estruturado.
Não posso falar ainda da trama (spoiler puro, rs) mas no livro II será apresentado um pouco mais sobre Volgo, o mestre de Kendal e também aparecerá um antigo inimigo de Kullat, com poderes que rivalizam os do encapuzado. Imaginem as batalhas entre os dois. Teremos também um monstro (ou melhor, um ninho cheio de monstros e criaturas horripilantes) que guardam um segredo. Diversão garantida ou um cuspe de dragão por minha conta (rs).
Brasman: só queria complementar uma coisa. Os Senhores de Castelo não são apenas um livro ou uma série de livros. São uma experiência a ser vivida e compartilhada. Adoramos conversar sobre o Multiverso, e quem quiser saber mais ou quiser falar sobre isto conosco, é só entrar em contato (email, twitter, orkut, sinal de fumaça, morcego correio ou globo voyence – spoiler do livro II ... desculpe rsrsrs).
Como foi o processo de publicação e depois de reedição pela Editora Verus? E como está sendo o retorno dos leitores e fãs da saga?
Norris: Processo difícil e demorado. Foram quase dois anos procurando uma editora. Um editora didática resolveu apostar no livro e conseguimos a primeira edição, que, mesmo limitada apenas a Curitiba, teve boa recepção pelo público. Durante a Bienal de São Paulo, acabamos em contato com a Verus, que trouxe mais profissionalismo à obra.
Olha, sobre o retorno dos leitores e fãs, sinto que todos gostaram e se divertiram muito com o livro. Meu email – gnorris@srcastelo.com – vive cheio de elogios e de ideias legais que compartilham comigo. Os leitores acreditam muito no Multiverso, e é para eles que escrevemos.
Brasman: Complementando, meu email é gbrasman@srcastelo.com
Um breve bate-papo:
Quando escrevo, deixo a imaginação fluir, depois penso sobre o que escrevi. Quero fugir da nossa realidade, e se conseguir levar alguém comigo, ainda melhor!
O que me inspira: uma frase, uma foto, um momento. Uma idéia, algo novo.
No meu tempo livre, eu jogo PS3 e vou ao cinema. Filmes e livros!
Não saio de casa sem meus óculos, senão não vejo nada (RS) se puder escolher. Sou muuuito caseiro.
Estou lendo Fadas de Dreamdark, de Laini Taylor. Jogos Vorazes. Muito bom!
Meu livro de cabeceira é O mundo é mágico, coletânea Calvin & Hobbies, de Bill Watterson. Além das Crônicas dos Senhores de Castelo? O Senhor dos Aneis (the best!).
Sou fã de tanta coisa, que teria que fazer um mega resumo (RS). Tudo que seja fora do comum!
Não gosto de falsidade Auto-ajuda. Não consigo ler de jeito nenhum...
Meu maior sonho é ver o filme dos Senhores de Castelo no cinema. Poder viver da minha arte.
Não viveria sem família. Minhas mulheres (esposa e duas filhas).
Estou à procura daquela terceira estrela à direita, rumo ao amanhecer. De pessoas tão loucas como eu e que acreditem no Multiverso!
Meu personagem preferido é (são tantos, mas fico com dois) Calvin & Hobbies Thagir. O cara é bom! (nem puxei sardinha né?).
Crônicas dos Senhores de Castelo é para mim algo novo, envolvente. Uma ótima maneira de se divertir. Praticamente um Lost Experience Brasileiro!
Uma frase (tenho várias, mas escolho)
“O futuro é onde você coloca os seus melhores dias” – Dave Matthews
Cada dia uso uma diferente (rsrsrs). A de hoje é: “Sempre temos escolhas. Faça a sua!”
Quero agradecer novamente aos dois pela entrevista. Querem deixar alguma mensagem aos leitores do blog?
Norris: Sou eu quem agradece! Gostei muito dessa entrevista. Obrigado mesmo.
Um recado aos leitores do blog é: acreditem no Multiverso! Temos muitas histórias para contar e queremos muito a participação de vocês. Por isso, opinem, falem, critiquem... meu email está à disposição de todos. Escrevemos para vocês se divertirem e terem uma ótima experiência com seres estranhos, pistoleiros e criaturas mágicas. Tudo isso em uma taverna qualquer, com aquele cuspe de dragão na mão.
Wapuma!
Brasman: Ser autor no Brasil não é nada fácil. Então, se gostarem do livro, por favor indiquem. Falem dele, emprestem, compartilhem o book trailer, mostrem o site. Se gostarem (rsrsrs). Agora, se não gostarem, mandem seus feed backs para nós. Procuramos sempre melhorar e recebemos com prazer as opiniões construtivas. Deixo um abraço para todos!