Entrevista - Raphael Draccon
Enviar por e-mail
Postar no blog!
Compartilhar no X
Compartilhar no Facebook
Compartilhar com o Pinterest
>> quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Sonhar é, ao mesmo tempo, seu ofício e seu maior prazer. Talvez por isso, suas obras falam tão de perto aos leitores, que se identificam profundamente com os personagens. Embora viva profissionalmente entre o mundo da literatura e do cinema – além de escritor é roteirista, avaliador de roteiros e script doctor de diversas produtoras –, Raphael Draccon difunde, em seus livros, conceitos nos quais de fato acredita. "Esse é um dos motivos de a obra ter funcionado: ela possui um ethos, e o leitor sente isso", diz ele nesta entrevista exclusiva ao Viagem Literária.
Nesta conversa, ele também conta que a saga do personagem João Hanson é uma metáfora da sua própria jornada. "Talvez por isso a saga dele seja tão visceral. Tem muita verdade ali", completa.
Oi, Raphael, em primeiro lugar, agradeço imensamente pela entrevista, pela sua disponibilidade no e-mail e no twitter e por me responder sempre com carinho e, claro, pelo prazer de ler Dragões de Etér. Vamos à entrevista, pena que é pela Internet ^^
Li que você é formado em cinema e trabalha com roteiros cinematográficos. Qual a função de um roteirista? Existe uma grande diferença entre escrever um roteiro e um romance?
Raphael Draccon - O roteirista em um filme tem a mesma função do autor na novela de televisão. É ele quem cria a trama da história; a personalidade dos personagens; que elabora todo o enredo que vai ser filmado posteriormente por uma equipe liderada por um diretor.
Um roteiro é todo visual, logo, é movido por ação e conflito.
Um romance é mais introspectivo, logo, é movido por sentimentos e profundidades de tramas e personagens.
Sua família o incentivou quando você resolveu iniciar sua carreira literária? Atualmente, o que você faz além de escrever?
Raphael Draccon - Não conheci uma única família que tenha apoiado algo desse tipo de forma unânime até hoje.
Eu tive dois apoios de fato na verdade: minha mãe e um dos meus tios, leitor compulsivo, a quem dedico o primeiro livro de “Dragões de Éter”.
E seja escrevendo romances ou roteiros, o que eu faço hoje é escrever mesmo.
Como foi o início de sua carreira literária e de onde surgiu a idéia para escrever Dragões de Éter?
Raphael Draccon - Era a idéia de resgatar o que eu sentia ao assistir ao Caverna do Dragão. Além disso, havia um certo fascínio na junção com que a série Final Fantasy unia poesia com fantasia. Uma junção que eu gostaria de encontrar em uma série literária.
Para resgatar esses sentimentos de infância, fui buscar os contos de fadas; os primeiros livros que li na vida, mas na origem sombria deles. Foi assim que comecei a rabiscar uma visão bem própria daquele universo.
A visão se tornou um caderno inteiro.
E tudo começou.
Dragões de Éter cria um mundo completamente novo, mas ao mesmo tempo cita várias histórias e personagens conhecidos. Quais foram suas influências literárias para iniciar este projeto?
Raphael Draccon - Meu livro preferido é “Capitães da Areia”, do Jorge Amado. Foi muito importante para mim essa história e o fato de tê-la escolhido na pré-adolescência por prazer e não por imposição escolar.
Na fantasia, a influência na infância foi Monteiro Lobato. A partir da adolescência vieram Robert E. Howard, Neil Gaiman, Alan Moore, Stephen King e Eiji Yoshikawa.
Também adoro os poetas clássicos, como Castro Alves, William Blake, Fernando Pessoa e Cecília Meirelles.
Para quem ainda não leu a obra, explique aos leitores o porquê do título do livro.
Raphael Draccon - “Dragões” são o símbolo máximo da fantasia. “Éter” é a quinta-essência, o elemento presente em todo universo, o que nos liga ao sonho.
Logo, o nome é uma metáfora referente a “uma fantasia que você alcança através dos seus sonhos” - “Dragões de Éter”.
Considero os personagens da Trilogia muito bem construídos, quase como se eu conseguisse visualizá-los durante a leitura, e o meu preferido é sem dúvida João Hanson, com toda sua fibra e caráter inabalável. Eles foram surgindo junto com Nova Ether ou alguns foram inspirados em pessoas reais?
Raphael Draccon - Algumas personalidades foram. A saga de João Hanson, contudo, é uma metáfora da minha própria jornada, embora eu só tenha compreendido isso na hora de escrever a última cena de “Dragões de Éter – Corações de Neve”. Talvez por isso a saga dele seja tão visceral. Tem muita verdade ali.
Quando terminei o livro, a primeira coisa que pensei foi “vou morrer se ele não escrever um quarto livro”, então... a história continua? Um livro da “Rapunzel”? Caso tenha continuação o que você pode adiantar da história? Perceba que a minha vida está em sua mãos ^^
Raphael Draccon - Essa pergunta me fez rir de verdade. Adorei.
Ok, funciona assim: pense que é como um seriado de televisão. Os 3 livros fechavam uma temporada completa.
É uma trilogia que fala por si só e, caso terminasse ali, encerraria uma Era e não seria uma deslealdade com o leitor.
Se a história comercialmente funcionasse, a segunda temporada seria contada cinco anos após o término da primeira, com um ocidente tecnologicamente já mais evoluído e personagens mais velhos, em um outro nível de evolução espiritual. E seriam necessários dois volumes.
A magia vermelha, que aos poucos foi sendo inserida no cenário, traz uma revolução, aproximando o ocidente de Nova Ether do que vemos em cenários como Etérnia ou Pandora ou da série Final Fantasy, em que magia e tecnologia convivem bem lado a lado.
A questão foi que, contudo, a história de fato comercialmente funcionou graças à respostas dos milhares de leitores que a abraçaram. E é bem provável que essa nova etapa aconteça. Ainda não conversei com a editora sobre isso, mas a possibilidade de a história ter seu sinal verde é grande.
Os livros têm uma abordagem inovadora e abrangem muito mais do que fantasia e aventura - percebi também lições de vida, mensagens de esperança... Como você se sente em relação ao sucesso de Dragões de Éter e como foi o retorno dos leitores nesse sentido?
Raphael Draccon - Tudo o que se encontra nessa obra nesse sentido são conceitos em que acredito, e é um dos motivos de a obra ter funcionado. Ela possui um ethos e o leitor sente isso. E se conecta com isso.
Nós recebemos mensagens lindas nesse sentido. Mensagens sobre sonhos, superação; as mensagens adolescentes costumam vir dotadas da mesma espontaneidade da personagem Ariane Narin. Às vezes as mães pegam os livros da filha e são elas próprias quem nos escrevem.
Leitores escrevem dizendo que gritaram, choraram, jogaram o livro pra cima, terminaram a história em 48 horas. Até em um dia.
Não há nada mais incrível em Nova Ether do que eles.
Você tem outros projetos literários em andamento? Fale um pouco sobre eles.
Raphael Draccon - Ano que vem a própria Leya publica o início de um universo contemporâneo de fantasia urbana, tendo como pano de fundo lendas sul-americanas.
É todo um trabalho e um universo completamente diferentes do universo de “Dragões de Éter”, embora com tanta intensidade quanto e que espero há muito tempo. Logo entrego melhores informações sobre isso.
A previsão é ser lançado após o carnaval.
As fãs querem saber, o narrador de Dragões de Éter é solteiro ou comprometido?
Raphael Draccon - Essa foi a primeira vez que uma entrevista me fez rir de verdade duas vezes. Mas o narrador de Dragões de Éter é comprometido com a sua obra.
Um breve bate-papo:
Quando escrevo, vivo.
O que me inspira é o que me une a você.
No meu tempo livre penso que deveria estar escrevendo.
Não saio de casa sem iPod.
Estou lendo O Caçador de Apóstolos, de Leonel Caldela.
Meu livro de cabeceira é A Guerra da Arte, Steven Pressfield.
Sou fã de seres humanos dedicados.
Não gosto de agulhas.
Meu maior sonho é continuar a viver o sonho.
Não viveria sem livros.
Estou à procura de evolução.
Meu personagem preferido é Derfel Cadarn (As Crônicas de Arthur).
Dragões de Éter é para mim um círculo que se desfaz, mas nunca se rompe.
Uma frase: “Ninguém vai bater tão forte quanto a vida. Mas não se trata de quão forte você pode bater, se trata de quanto você aguenta apanhar e seguir em frente. O quanto é capaz de receber e continuar seguindo em frente. É assim que a vitória é conquistada.” (Rocky Balboa)
Raphael, quero agradecer novamente pela entrevista e pela oportunidade de conhecer você e a obra Dragões de Éter. Quer deixar alguma mensagem aos leitores do blog?
Raphael Draccon - O que os leitores fizeram e fazem por Nova Ether é muito mais fantástico do que qualquer magia que corra por lá.
Nós recebemos diversas e diversas mensagens de leitores agradecendo pela obra e em todas elas o pensamento é o mesmo: na verdade somos nós quem deveríamos agradecer por tudo. Logo, aproveito esse espaço hoje então para fazer justiça a isso. E apresentar minhas reverências.
Em nome de Nova Ether, obrigado por sonharem conosco.
Sempre.
Raphael Draccon é o autor nacional do mês de setembro no blog, espero que vocês tenham gostado das resenhas e da entrevista tanto quanto eu.
Aproveite que ainda da tempo de participar da promoção e concorrer a uma trilogia completa de Dragões de Éter. A promoção termina sábado dia 02 de outubro e semana que vem vocês vão conhecer o autor nacional de outubro no blog ^.^
Obs: "Um breve bate-papo" foi inspirado na seção "Proseando" das entrevistas do blog Guria que lê, obrigada Rê.
Obs: "Um breve bate-papo" foi inspirado na seção "Proseando" das entrevistas do blog Guria que lê, obrigada Rê.
Marcadores:
Entrevistas
,
Projeto Autor Nacional
,
Raphael Draccon